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“Enquanto a China tiver essa voracidade de comer carne bovina, o preço aqui não vai baixar”, afirma executivo da indústria

“Enquanto a China tiver essa voracidade de comer carne bovina, o preço da carne aqui não vai baixar. Infelizmente, é uma notícia ruim para todo mundo, mas a carne barata acabou. Temos que aproveitar quando há alguma promoção de algum frigorífico para comprar, porque, no geral, a carne não vai baixar de preço. E se anuncia para 2023 que a China vai importar quase a mesma quantidade deste ano.” A explicação é do diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Zilmar Moussalle. Em entrevista ao Redação no Ar desta terça-feira (16), o executivo detalha o “fator China”.

Os chineses, em função da peste suína, deixaram de comer esse tipo de proteína. Em contrapartida, aumentaram a presença da carne bovina em seus pratos. Segundo o diretor do Sicadergs, enquanto a inflação, a estiagem e a entressafra são momentâneas e sazonais, a pressão da China sobre os preços veio para ficar.

“Com a população que tem a China, qualquer 100 gramas por habitante, a elevação do consumo é grandiosa. Eles vêm aqui no Brasil, onde tem a carne mais barata do mundo pelo nosso rebanho comercial – 230 milhões – e pelo nosso custo de produção. Então os chineses estão comprando carne demais e estão pagando muito caro, e isso nivela.”

Conforme o executivo da indústria, há três frigoríficos gaúchos autorizados a exportar para a China. E como a demanda do país asiático é alta, essas plantas industriais têm comprado grande volume de animais para abate, de 2 mil a 2,5 mil por dia. “Isso forma preço”, destaca Moussalle. “Os produtores acham que esse é o preço normal”, diz ele. Dessa forma, os frigoríficos também são obrigados a pagar mais para entregar ao mercado interno, e o custo é repassado para os supermercados e às redes varejistas.

O Rio Grande do Sul, que já tinha a carne mais cara do Brasil, sente bastante. O estado tem cerca de 11 milhões de cabeças de gado, contando as vacas leiteiras. Somente rebanho de corte são 9 milhões de cabeças. O rebanho tem diminuído por causa da alta rentabilidade do plantio de soja e trigo, o que diminui a quantidade de pasto para a criação de gado. “As notícias não são boas, cada vez nós temos menos gado e mais caro”, lamenta Moussalle.

Esse cenário reflete na queda de consumo de carne no Brasil. O gaúcho, que consumia em média 45 kg de carne bovina por ano, reduziu entre 20 e 25%. Hoje o consumo médio está entre 30 e 35 kg mensais. “Todo mundo quer e gosta de comer carne bovina diariamente, mas nem todos conseguem”, reconhece.

Fonte: Grupo Independente.

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