O BeefPoint lançou no dia 28 de setembro uma enquete perguntando a opinião dos leitores sobre a entrada da Sadia e da Perdigão na cadeia da carne. A grande maioria dos leitores acredita que a entrada dessas duas grandes empresas será positiva para a cadeia da carne.
Abaixo o resultado parcial da enquete, que já conta com quase 100 votos. A votação está aberta até dia 10/10, próxima segunda-feira.
Dentre os leitores que defendem que a entrada da Sadia e da Perdigão será benéfica para a cadeia da carne, os principais argumentos são com relação ao aumento da concorrência entre os frigoríficos, redução da informalidade do setor pela idoneidade das empresas, ganhos de qualidade, maior integração com os produtores e maior disseminação do produto nos mercado interno e externo – uma vez que as duas empresas já atuam fortemente nos mercados de suínos e aves.
Nesse sentido, Carlos Arthur Ortenblad, economista do Rio de Janeiro/RJ, enumera algumas razões para acreditar que a entrada da Sadia e Perdigão será positiva para a cadeia da carne:
1- Aumento de participantes do lado ‘comprador’
2- Companhias “profissionais” e com mentalidade mais aberta às práticas do livre mercado.
3- Grandes exportadoras, o que, de certa forma, pode modificar a máxima perversa de que: ‘quem quer exportar, precisa pertencer à ABIEC. E só pode pertencer à ABIEC quem já é exportador’.
Para Ortenblad as condições, acredita, são favoráveis, mas “só o tempo poderá dizer qual a relevância que terão em um mercado que, a cada dia, se concentra mais”.
Complementando, Luiz Alberto Fries, professor da Unesp Jaboticabal (SP), cita benefícios como:
1- A competição forte e sã deve acabar com oligopólios e conchavos
2- Estas empresas, por serem integradoras em duas outras espécies, sabem que os outros elos também precisam ganhar para fidelizá-los e para que todos sobrevivam e possam prosperar.
3- Sabem que para garantir mercados e conquistar espaços nas gôndolas precisam ter produtos com qualidade consistente e preço justo.
Analisando o lado comercial, Fábio Reis (Proprietário da Fazenda Cascalho Rico, em Monte Alegre de Minas – MG) acredita que o aumento de compradores será benéfico, pois o pecuarista terá um maior escoamento de sua produção.
Marcelo Gregory de Sousa, da Prodap Ltda, Belo Horizonte (MG), argumenta que o mercado está concentrado na mão de poucos compradores de grande porte e acredita que o ingresso de novas opções para os pecuaristas que agreguem solidez, confiabilidade e tradição é uma notável contribuição à cadeia. Contudo, diz que será preciso que a Sadia e a Perdigão ocupem uma fatia de mercado compatível com o seu porte para que se produzam efeitos significativos.
Alfredo Teixeira Louzeiro Filho, engenheiro agrônomo do INCRA e produtor de gado de corte de Pimenta Bueno (RO), também acredita que a cadeia da carne precisa de maior competitividade na compra do boi em pé e da carne in natura para elevar ganhos reais para o produtor e que isso pode ser conseguido por mais unidade de abates de grupos diferentes.
Além disso, “quanto mais concorrente, maior o poder de barganha para a colocação do boi”, salienta Clovis de Cerqueira Cesar Junior, proprietário da Fazenda São José em Campo Grande (MS).
Nelbe Rezende Murtinho, de Cuiabá (MT) complementa que a concorrência é algo saudável ao bolso do consumidor e à qualidade que essas empresas têm em seus locais de trabalho.
Antonio Carlos de Oliveira, gerente financeiro do Frigorífico Tatuí, Tatuí (SP), acredita que existe mercados para todos. Defende que essas empresas, como líderes de mercado nos segmentos de suínos e aves, têm muito a ensinar e diz: “a entrada delas vai dar um novo ânimo aos pecuaristas”.
Louis Pascal de Geer, de Barretos (SP) compartilha dessa opinião e diz: “vai trazer um injeção de competência e criatividade para o setor”.
Jair Jacinto Cardoso Júnior de Goiânia (GO) acredita que a entrada da Sadia e da Perdigão irá aumentar a luta dos grandes frigoríficos pela qualidade, combater a clandestinidade e sonegação, melhorando o padrão de qualidade do mercado interno e dando mais força ao mercado externo.
Carlos Magno Frederico, trader em São Paulo (SP) também destaca a reputação das duas empresas, haja vista a força e a representatividade de suas marcas no mercado brasileiro e respeito adquirido internacionalmente nos mercados de frango e suínos.
Jucival Pereira de Sá, zootecnista de Maringá (PR) e Milton Minoru Ogsuko Chui, supervisor do Ministério da Agricultura de Colorado do Oeste (RO) também acreditam na idoneidade das empresas. A entrada delas, segundo Jucival de Sá, trará mais informações e conseqüente aumento do consumo da carne bovina e diz: “Nós precisamos que mais empresas deste calibre atuem no mercado de carne bovina, para diminuir os aventureiros e que não dão segurança aos produtores”.
Para Marcos Francisco Simões de Almeida, consultor da Fazenda da Gratidão, Rio de Janeiro (RJ), a entrada destas empresas agregará valor a cadeia produtiva da carne em função da penetração que têm no mercado interno e externo e com a identidade corporativa com o nosso país (governo, povo e em especial com seus fornecedores).
Rogério Ernesto da Silva, médico veterinário da Coamo, Campo Mourão (PR) espera que estas grandes empresas comecem a fazer parcerias ou integração como é no caso de suínos.
Moisés Prado dos Santos de MT acredita que, como já atuam no ramo, terão facilidades para colocar os a carne no mercado interno e externo. Antonio R. Chagas Lima, de São Paulo Estado (SP), compartilha dessa opinião e ressalta que, devido à larga experiência destas empresas no comércio de carne de aves e suínos, a entrada será importante para a profissionalização e união do setor.
Luiz Miguel Saavedra de Oliveira, de Santo Ângelo (RS), também acredita que só o fato de serem firmas com mercados interno e externo em expansão, trará maiores oportunidades para o mercado das carnes bovinas.
Roque Andreola, supervisor do frigorífico da Cooperativa Tritícola Panambi LTDA de Condor (RS) salienta também que as grandes empresas, na sua maioria, utilizam tecnologias de ponta e investem em pesquisas e novos produtos.
Jose Augusto de Camargo, sócio-gerente da Fazenda Ipuã em Curitiba (PR) defende que para obter melhor qualidade e preços é necessária organização dos produtores. Angelo Ronaldo Médico Veterinário de Curitiba (PR), ressalva que a entrada só será positiva se houver uma parceria ganha-ganha, em que se produza carne de qualidade, tenha mercado garantido e que seja competitiva.
Será negativa ou não terá grandes mudanças
Para Rubens Laboissiere Loyola, de Goiânia (GO), a entrada das duas grandes empresas no mercado significa, a princípio, maior concorrência. No entanto, a participação das mesmas inicialmente será pequena (uma planta frigorífica cada) e nada garante que haverá diferenças na atuação dessas empresas.
Para superar na pecuária de corte, José Carlos Teixeira dos Reis, produtor de gado de corte de Rondônia, acredita que é necessária maior organização no dia a dia da atividade, levando em consideração:
1- Custo/benefício de tecnologias na produção.
2- Compra conjunta de insumos de interesse comum
3- Cooperativas para abate regionais com escritórios estaduais e federal organizando a área comercial, marketing e política nacional e internacional.
José Carlos Teixeira dos Reis acredita que muitas opções podem e devem ser aproveitadas, mas sem organização, profissionalismo e planejamento de médio e longo prazo não haverá condições de viabilizar a atividade do produtor de gado de corte.
O objetivo da enquete é conhecer a opinião dos leitores do BeefPoint em relação ao tema, estimulando não somente a resposta mas também comentários. Vale ressaltar que a avaliação é qualitativa, não sendo feita análise estatística nessa enquete.
Deseja participar? Ainda é possível dar sua opinião (clique aqui para participar até 10/10, segunda-feira).
Fonte: Equipe BeefPoint