O BeefPoint lançou no dia 06/09 uma enquete sobre a opinião de seus leitores a respeito da compra do frigorífico argentino Swift pelo grupo brasileiro Friboi, detentor da maior capacidade de abate no Brasil. Abaixo os resultados finais da enquete, que contou com mais de 190 votos, com inúmeras opiniões.
Boa para toda a cadeia da carne
Alguns leitores apresentaram argumentos que apresentam a compra como vantajosa para a cadeia como um todo.
A expansão das empresas brasileiras, mesmo fora do país, é um investimento estratégico considerando que vivemos num mundo global, argumenta Mauricio Augusto Leite, diretor comercial da Brazservice, de Rondonópolis, MT.
Tadeu Ubiratan Pedrosa Negrão, Representante Comercial de Curitiba (PR) acredita que “quanto maior a participação de uma grande empresa brasileira no mercado mundial, melhor para todos no ramo da carne no Brasil”.
“O fortalecimento global de empresas brasileiras fortalece a cadeia da carne, pois abre novos canais de distribuição e amplia a influência de produtos brasileiros nos mercados mundiais”, diz Donario Lopes de Almeida, diretor de negócios da Planejar Informática e Certificação, São Paulo (SP).
Antonio Guedes, do Rabobank International Brasil, São Paulo, defende que o movimento de internacionalização da Friboi contribui para que o Brasil consolide definitivamente sua posição de liderança no mercado mundial de carne. “Este posicionamento ajuda a empresa a mitigar o risco sanitário país e proporciona acesso a um nicho de mercado de produtos de maior valor agregado com exportações para empresas lideres no mercado global”, diz. Além disso, argumenta que a Swift é a maior exportadora de carnes da Argentina nos últimos 20 anos e que, com a combinação das duas empresas, as exportações trarão maior diversificação e sinergia de distribuição e vendas.
Luiz Alberto Pitta Pinheiro, de Porto Alegre (RS), defende que a Argentina possui histórico em comercialização de carne bovina superior ao Brasil e que a compra pode trazer benefícios como esclarecimento de algumas dificuldades brasileiras em exportar carne.
Daniel de Stéfani, da Agropecuária Stéfani, Jaboticabal (SP) também acredita no fortalecimento da cadeia da carne bovina, especialmente nas negociações a respeito do mercado internacional. “Indústrias fortes podem fazer um Lobby eficiente junto aos organismos internacionais”, diz.
José Marques Cardoso Filho, proprietário da Fazenda Inajá, de Brasília (DF) argumenta que “as empresas brasileiras têm que ganhar musculatura para enfrentar as multinacionais ou até mesmo as gigantes brasileiras como Sadia e Perdigão”.
Boa para frigoríficos, mas indiferente para o produtor
Dentre os que acreditam que a compra do Swift pelo Friboi será boa para os frigoríficos, mas indiferente para o produtor, Edson Souza de Almeida, proprietário da Fazenda Quibaca em São Sebastião do Passe (BA) acredita que, apesar do potencial de ganho da integração, existe pouca preocupação em desenvolver todos os elos da cadeia da carne no Brasil.
Carlos Henrique Ribeiro do Prado, proprietário da Fazenda Pontal em Goiânia (GO) argumenta que o fortalecimento do frigorífico pode levar a um distanciamento maior do produtor, reduzindo seu poder de barganha e dificultando as negociações entre eles.
Boa para frigoríficos, mas ruim para o produtor
Dentre os que acreditam que a compra da Swift pelo Friboi é boa para os frigoríficos, mas ruim para o produtor, o principal argumento é que com maior poder de mercado, frigorífico pode exercer maior pressão de preços sobre os produtores.
“O produtor já esta na mão de poucos, isso só tende a piorar para o pecuarista”, diz Rafael Palma Lima e Silva, médico veterinário e proprietário da Fazenda Ronda em Campo Grande (MS).
Alguns leitores, como Renato Lotfi, de São Paulo, criticaram também o apoio governamental via BNDES ao frigorífico, especialmente no momento de dificuldade que a pecuária brasileira atravessa.
Arlindo Vilela, de Rondonópolis (MT) questiona: “porque o BNDES não apóia a construção de unidades frigoríficas menores, bem aparelhadas e facilitar a comercialização, tanto interna como as exportações, onde pecuaristas em grupos possam buscar mercados para seus produtos?”
Sóstenes Henrique Corrêa Mendonça, Estudante de Andradina (SP) sugere que o dinheiro do BNDES usado para financiar a compra do Swift pelo Friboi poderia ser aplicado de outras maneiras mais vantajosas para a cadeia como um todo, como para se fazer campanhas para aumentar o consumo interno, por exemplo.
Para Luiz Antonio Guido Rios, proprietário da Agropecuária Furna Rica de Uberaba (MG), isso não ocorre porque os produtores não têm lideranças no setor nem capacidade de organização para brigar por financiamentos do governo, como fazem os frigoríficos.
Boa apenas para o Friboi
O principal argumento de que a compra do Swift pelo Friboi é vantajosa apenas para este último diz respeito à concentração, que favorece a formação de um mercado oligopolizado e prejudica as negociações.
José Luiz Martins Costa Kessler, sócio gerente da Cabanha Santa Judith em Pelotas (RS) defende que a incorporação possibilitará melhor posicionamento do Friboi sobre seus concorrentes e acredita que seria temerário avaliar a compra como boa para o produtor, pois sempre que ocorrer aumento da capacidade de abastecimento da indústria, maiores serão suas condições para enfrentar problemas na relação com seus fornecedores. Quanto aos frigoríficos, a compra representa o fortalecimento de um concorrente.
Sergio Regis de Oliveira, sócio da empresa 2S agropecuária em Londrina (PR) também argumenta que “com o poder que os frigoríficos exportadores adquiriram nos últimos 5 anos, hoje eles ditam os preços do mercado do boi gordo, conseguindo com sucesso trazê-los para baixo”. Acredita ainda que com a compra do Swift, o Friboi poderá especular quando o preço for mais atrativo no país vizinho, diminuindo suas ofertas em nosso território.
Carlos Arthur Ortenblad, economista, do Rio de Janeiro/RJ, acredita que a compra do Swift pelo Friboi poderia ser boa para toda a cadeia se o setor não fosse oligopolizado e argumenta que “além dos motivos acima, o Friboi está fazendo também, e de forma sábia, um belo ‘hedge’ zôo-sanitário”.
Segundo alguns leitores, como Leonidas Teodoro Campos, proprietário da Fazenda Serragem em Pedro Gomes (MS) e Modesto Jose Moreira, de São Paulo, o lucro obtido não será repassado para o restante da cadeia. Uma solução, de acordo com Modesto Jose Moreira, seria o cooperativismo dos produtores, criando marcas próprias.
O objetivo da enquete é conhecer a opinião dos leitores do BeefPoint em relação ao tema, estimulando não somente a resposta mas também comentários. Vale ressaltar que a avaliação é qualitativa, não sendo feita análise estatística nessa enquete.
Fonte: Equipe BeefPoint
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Senhores,
Por que meter o bedelho nos negócios de terceiros? Afinal, acreditamos ou não na propriedade privada com liberdade de iniciativa? Temos orgulho dos investimentos de nossos patrícios em suco de laranja, em aço e em cimento, nos EUA e no Canadá. Porque não em carne na Argentina?
Melhor assim do que os argentinos virem adquirir abatedouros por aqui. Cumpre objetar quando houver infração da lei. Se não, é melhor aguardar e ter admiração pelos que tomam iniciativas e assumem riscos, desejando a eles que tenham sucesso.
Melhor que o BNDES apóie um negócio destes do que destinar verbas para agradar Chaves ou Fidel.
Saudações.
Acredito que o pecuarista tem muito a ganhar, pois eles vão vender seus produtos para uma empresa idônea, e que tem credibilidade internacional.
Também acho bom que o BNDES esteja financiando essas compras, pois está valorizando e incentivando as empresas genuinamente brasileiras a crescer!
Nós precisamos acreditar em nossas empresas acima de tudo.
Antonio Ricardo R. Silva
Zootecnista
Rondonópolis – MT