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Enquete BeefPoint: porque a arroba caiu na entressafra?

O BeefPoint propôs a seguinte enquete opinativa para que seus leitores: Qual a causa da queda da cotação da arroba do boi na entressafra? Participaram da enquete 84 leitores, que através de suas opiniões nos levam a um melhor entendimento do mercado.

Leia algumas opiniões.

Giovanni Gimenes Gobin, de Piracicaba, SP, credita a causa da queda das cotações aos frigoríficos “Tudo indica que mais um vez o que vem acontecendo é a manobra dos grandes frigoríficos, que possuem plantas em vários estados e derrubam os preços. Ou seja, quando o preço está com perspectiva de alta em São Paulo, eles saem comprando em outros estados e assim conseguem pregar baixas. Outro motivo é a grande especulação que ocorre com fatos como o embargo da Rússia em cima do foco de aftosa na Amazônia”.

Para alguns, o aumento da oferta, seja pelo número de animais confinados ou pelo aumento do abate de matrizes, colaborou para a queda da arroba do boi na entressafra. “Houve um grande investimento em confinamentos este ano” diz Alessandro Gonçalves Correa, de Gurupi, TO.”Isto levou a uma oferta mais abundante”, completa. Bruno de Melo Pereira, de Brasília, DF, concorda. “Houve muito gado confinado e semi-confinado este ano, e o abate de matrizes está muito elevado”.

O avanço da agricultura sobre áreas de pecuária, resultando em aumento de oferta explica a desvalorização da arroba para alguns. “Acredito que boa parte desta queda é resultado da expansão das fronteiras agrícolas. Esta pressão da agricultura sobre a pecuária obriga o pecuarista não tecnificado a ceder suas áreas a atividades que vão lhe render mais, obrigando-o a vender os animais. Muitos animais têm como destino final o abate. Isto faz com que os frigoríficos mantenham suas escalas cheias”, considera Caio Augusto Arroyo, gerente da Praterra Agropecuária.

Fábio Jacobs Dias, do Paraná, compartilha com outros leitores a mesma opinião. A seca teria sido um dos fatores de maior influência. “Acredito que seja em virtude da seca. No norte do Paraná a estiagem durou 52 dias, prejudicando as pastagens, impedindo que os animais ganhassem peso e conseqüentemente obrigando os pecuaristas a vendê-los”, argumenta Jacobs.

Luiz Eduardo Pizzo, de Andradina, SP, alerta para a falta de estratégia. “O que está causando a queda na cotação do boi gordo na entressafra é o fato da grande maioria dos produtores não se planejarem durante o ano para armazenar comida para os bovinos, para terem mais tranqüilidade, e decidir qual o melhor momento para vender seus animais para o frigorífico”, comenta.

Lauro Klas Junior, de Pilarzinho, PR, equaciona o problema: “Baixo poder aquisitivo de grande parte da população brasileira. Descarte de rebanhos devido à pressão da agricultura. Estiagens sucessivas reduzindo a capacidade de suporte das pastagens. Problemas sanitários do rebanho, trazendo dificuldades de maiores avanços no mercado externo. E, migração do consumidor para outras fontes de proteína”.

As opiniões sugerem que uma gama de fatores, atuando conjuntamente, levaram à queda da cotação da arroba em plena entressafra. Seriam eles: o modo de atuação dos frigoríficos no mercado (citado por 23 dos respondentes), aumento do número de animais confinados este ano, crescente abate de fêmeas, seca prolongada. E ainda, avanço da agricultura sobre áreas de pastagens, falta de estratégia por parte dos pecuaristas, baixo consumo de carne causado pelo baixo poder aquisitivo do consumidor e a boa relação de troca que os invernistas têm conseguido, perdendo na venda, mas ganhando na compra.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Marcos Francisco Simões de Almeida disse:

    E a queda só não foi maior por causa das incrementadas vendas para o exterior!

    Digo isto, pois acredito que este fato novo, ou seja, o volume exportado, mascarou a real situação do setor, caracterizada, por um lado, pela super produção e por outro, pela baixa renda do consumidor.

    Acredito que este quadro perdure por mais um tempo, até estes fatores se ajustarem.

    Uma das saídas é investir na melhoria da qualidade da carne, inclusive para poder melhor concorrer no mercado externo.