Existem muitas opiniões sobre os EUA importarem carne bovina. Com as discussões atuais sobre tarifas, especialmente a tarifa recentemente anunciada sobre produtos do Brasil, é hora de revisar esse tema das importações de carne bovina dos EUA.
Um rápido panorama mostra que, até maio (dados comerciais mais recentes disponíveis), os EUA importaram cerca de 1,13 milhão de toneladas de carne bovina, um aumento de 34% em relação ao ano anterior.
Os embarques do Brasil para os EUA foram de aproximadamente 302 mil toneladas, um aumento de 109% em relação ao ano anterior, representando 27% do total das importações de carne bovina dos EUA. No mesmo período de 2024, o Brasil foi responsável por 17% do total.
As exportações de carne bovina da Austrália para os EUA até maio aumentaram 35% em relação ao ano anterior e representaram 20% do total. A queda da participação de mercado da Austrália é digna de nota. Exceto quando reduziram rebanhos devido à seca, a Austrália historicamente foi a principal fonte de importação de carne bovina dos EUA.
Em 2024, a Austrália enviou cerca de 499 mil toneladas de carne bovina para os EUA, representando 24% do total importado, seguida pelos embarques do Canadá, com 22%, e pelo Brasil, com 15% do total.
Eu estou projetando a produção de carne bovina dos EUA para 2025 em pouco mais de 11,8 milhões de toneladas. O recorde de produção de carne bovina nos EUA foi em 2022, quando produzimos pouco mais de 12,7 milhões de toneladas, resultado da liquidação de rebanhos naquele ano devido à seca e aos baixos preços.
O rebanho bovino dos EUA foi reduzido em 6 milhões de cabeças, caindo para o menor total desde 1952, e o rebanho de vacas de corte é o menor desde 1961. Juntos, o número total de vacas de corte e de leite é o menor desde 1941.
As vacas são a principal fonte de carne magra para moagem. A carne magra moída é usada na produção de carne moída, e a carne moída é uma parte importante tanto da produção total de carne quanto da demanda do consumidor. A liquidação dos rebanhos resultou não apenas em um rebanho de vacas muito menor, mas também em um rebanho muito mais jovem e produtivo.
Consequentemente, o abate de vacas foi drasticamente reduzido durante 2024 e 2025 (queda de 15% em 2024 e mais 8% em 2025 — segundo a Sterling Marketing), já que os pecuaristas agora mantêm seus rebanhos diante de preços recordes. Essa queda acentuada no abate de vacas provavelmente continuará até 2026. As consequências dessa forte redução no abate de vacas são uma oferta drasticamente menor de carne magra para moagem — 90% e 85% de teor magro.
Em 2024, a carne moída produzida nos EUA respondeu por 69% da oferta total estimada, o nível mais baixo desde 2005. A carne de vaca dos EUA respondeu por 12,9% do total de carne moída, o nível mais baixo em meus cálculos desde 1980.
Subsequentemente, 38,3% da oferta total virá de carne bovina importada, o nível mais alto desde 2004.
Não deveria ser surpresa o motivo pelo qual o preço da carne de vaca magra nacional (90% magra) está em nível recorde, nem por que a carne bovina importada com 90% de teor magro está em tanta demanda pelos processadores — oferta e demanda.
Por John Nalivka.
Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.