A lista de frigoríficos brasileiros que pleiteiam a tão sonhada habilitação para exportar para China é grande, mas seis empresas gaúchas ganharam o reforço do governo estadual para fazer coro pelo aval de Pequim neste fim de semana.
Uma equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) do governador Eduardo Leite (PSDB) chegou à China para acompanhar as negociações lideradas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O governo gaúcho vai solicitar a habilitação de cinco frigoríficos de aves – Languiru, de Teutônia, Carrer de Farroupilha, Mais Frango, de Miraguaí, Dália, de Encantado, e Nova Araçá, do município de mesmo nome – e uma de bovinos – o Frigorífico Silva (Santa Maria).
As plantas estão entre os mais de 80 estabelecimentos aptos a requerer a autorização para exportar para a China, cujas informações foram repassadas pela equipe de Fávaro aos chineses nas vésperas da viagem para lá.
A agenda dos gaúchos inclui ainda conversas para avanços no mercado de suínos. A ideia é obter o reconhecimento chinês do status sanitário do Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação, o que pode permitir a entrada de carne suína com osso e miúdos. Atualmente, o Estado só exporta carne desossada.
“Essa restrição à venda de carne de suínos com ossos e miúdos, segundo estudos, representa em torno de R$ 100 a menos na precificação por suíno se comparado a Santa Catarina [que já tem o reconhecimento]. Para citar um exemplo, os chineses pagam, em média, US$ 4 mil por tonelada dos pés dos suínos, um mercado ao qual ainda não temos acesso, e esse produto está sendo destinado para graxaria”, explica o secretário Ernani Polo. Ele não viajou para a China por incompatibilidade de agenda.
Outro mercado que o Rio Grande do Sul pretende abrir é o de noz pecan. Segundo o governo gaúcho, o Brasil produz sete mil toneladas por ano (70% da produção ocorre no Estado) e tem capacidade de exportar três mil toneladas. “A China participa de um terço nas importações mundiais de pecan, e o Brasil não tem acesso a essa possibilidade comercial”, ressalta Polo.
Na última quinta-feira, quando a Administração-Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) anunciou a habilitação de quatro frigoríficos de carne bovina brasileiros, pecuaristas gaúchos lamentaram a “exclusão” do Frigorífico Silva da lista dos contemplados.
A empresa foi auditada em 2019 pelos chineses e desde lá aguarda habilitação. Ela está no primeiro lote de empresas que buscam o aval da China informado pelo governo brasileiro a Pequim.
Além do Frigorífico Silva, outras três plantas que estavam nessa lista ainda não foram habilitadas. A decisão é exclusiva do lado chinês. Empresários que integram a delegação brasileira na China ainda confiam em novos anúncios nesta semana.
Fonte: Valor Econômico.