Escassez de gado força valorização do boi gordo e o mercado tem outra semana de alta

Semana curta devido ao feriado da proclamação da República e o boi gordo continua subindo. Nesta semana, o indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista teve alta de 4,21%, sendo cotado a R$ 71,22/@, na terça-feira. O indicador a prazo acompanhou a alta e já está bem próximo dos R$ 72,00, cotado a R$ 71,97/@. Valorização de 4,12% em relação ao dia 6 de novembro e 27,76% acima do valor registrado no mesmo dia do ano passado.

Na reposição, o mercado continua pouco ofertado na maioria das regiões produtoras e poucos negócios são efetivamente realizados. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista, foi cotado a R$ 473,11/cabeça, alta de 0,64% em relação a semana passada. Em um mês, o indicador de bezerro teve aumento de 1,41%. Com maior valorização dos preços do boi gordo na semana a relação de troca também reagiu, ficando em 1:2,48, na terça-feira da semana passada ela valia 1:2,40.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Os preços cada dia mais altos do boi gordo estão sendo sustentados pelas cotações da carne bovina no atacado. Com volume menor de animais abatidos a oferta de carne também está reduzida, proporcionando firmeza nos preços.

Durante o período analisado (6 de novembro a 13 de novembro), as cotações do traseiro (R$ 5,60) apresentaram valorização de R$ 0,10, enquanto o dianteiro (R$ 3,50) e a ponta de agulha (R$ 3,20) permaneceram estáveis. Assim, o equivalente físico subiu para R$ 67,04/@ e o spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente físico recuou para R$ 4,18/@.

O spread nos permite ter uma noção de como está a margem bruta do frigorífico, sendo que quanto menor o seu valor maior é a margem bruta da indústria. Neste momento, com a carne em alta o spread continua abaixo da média anual que é de R$ 5,43/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico

No mercado físico, a escassez de animais para abate tem causado alta nas cotações. De norte a sul do Brasil, os frigoríficos têm enfrentado dificuldades na aquisição de gado e mesmo aumentado as ordens de compra as escalas de abate não evoluem.

Tabela 2. Cotações do boi gordo com variação relativa a 06/11/2007

O mercado futuro tem acompanhado a firmeza de preços do mercado físico, conseqüência da atual falta de boi gordo. O contratos com vencimento no curto prazo acumularam alta durante a semana, novembro/07 teve variação positiva de R$ 1,84, fechando a R$ 71,22/@ e dezembro/07 fechou a R$ 68,93/@ com alta de R$ 1,11. Já os contratos para janeiro e os com vencimentos mais distantes apresentaram recuo.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 06/11/07 e 13/11/07

Segundo o broker de mercado, Rodrigo Brolo, ” o mercado futuro opera em forte alta, lastreado na falta de boi pronto para abate no mercado físico. Com o contrato novembro/07 colocado no Indicador e perspectivas de mais altas no mercado físico, os preços na bolsa não devem parar de subir”.”São cada vez mais comuns negócio a R$70,00/@ no MS, R$70,00/@ livre em Goiás e R$73,00/@ livre em SP. Mesmo assim as escalas continuam curtas”, comenta.

No exterior, a carne brasileira segue valorizada. Em outubro, as exportações de carne bovina in natura brasileira geraram receita de US$ 325,42 milhões de dólares, com volume de 105.539 toneladas enviadas ao exterior.

Tabela 3. Exportações de carne bovina in natura

No mês passado, o preço médio foi de US$ 3.083/tonelada, alta de 4,26% em relação ao mês de setembro de 2007, que era o maior valor registrado (US$ 2.957/tonelada) e 7,7% superior ao valor de outubro de 2006.

A valorização do boi gordo, observada durante o mês de outubro, causou a redução da relação de troca de arroba por tonelada de carne exportada, mesmo com a elevação do preço médio da carne enviada ao exterior. A relação de troca, indica quantas arrobas de boi gordo é possível comprar com o valor de uma tonelada de carne bovina in natura exportada pelo Brasil. No período analisado a relação de troca ficou em 86,98 @/tonelada. Queda de 4,9% em relação ao mês de setembro, quando a relação de troca foi de 91,46 @/tonelada. Em 2007, a média para este indicador, no ano de 2007, está em 89,55 @/tonelada.

Gráfico 3. Relação de troca arrobas por tonelada de carne in natura exportada