A queda nas margens da JBS-Friboi de 12,2% para 4,9% entre o primeiro e segundo trimestre no Brasil pode ser o prenúncio da piora da crise que as indústrias vivem desde o final de 2007, quando a escassez de animais ficou mais evidente e os preços do boi mais elevados. Para Miguel da Rocha Cavalcanti, a expectativa é de manutenção ou piora das margens, em virtude dos preços e do câmbio.
A queda nas margens da JBS-Friboi de 12,2% para 4,9% entre o primeiro e segundo trimestre no Brasil pode ser o prenúncio da piora da crise que as indústrias vivem desde o final de 2007, quando a escassez de animais ficou mais evidente e os preços do boi mais elevados.
No Rio Grande do Sul, de acordo com o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes daquele estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle, muitos frigoríficos fecharam as portas e estão abatendo em outros estabelecimentos para reduzir os custos. Uma fonte do setor diz que há um verdadeiro leilão por animal. “A disputa pelo boi é grande e há uma carnificina entre as indústrias”. Os sindicatos e associações do setor não têm estimativas nacionais de unidades fechadas e demissões.
“A indústria frigorífica vive uma crise sem precedente com a falta de matéria-prima”, disse Moussalle. Segundo ele, a ociosidade no estado é de 65% e o consumo está represado, por causa do repasse. Na sua avaliação, diante deste quadro terá de haver queda no preço do boi.
O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa, confirma que as indústrias estão com margens apertadas e com dificuldade de formar escala em prazo mais longo. “O preço do boi está incompatível com as exportações por causa do câmbio e no mercado interno, o consumidor não absorve os impactos da elevação dos preços”, diz.
“Se a situação ficar difícil, em 2009 vamos ter oportunidades de compras”, disse o presidente da JBS, Joesley Batista, referindo-se ao fato de acreditar em quebra de indústrias. Na sua avaliação, todo o setor deve ter redução de margem, com maior dificuldade no próximo trimestre. Batista diz que entre 4% e 5% de margem é razoável.
Luciana Leocádio, chefe de análise da Ativa Corretora, diz que o mercado aguarda a divulgação dos próximos resultados para confirmar a tendência de queda nas margens. “O JBS, como player mais representativo, tem uma opinião a ser considerada”, acrescenta.
Para Miguel da Rocha Cavalcanti, sócio-diretor da AgriPoint, a expectativa é de manutenção ou piora das margens, em virtude dos preços e do câmbio. Na sua avaliação, haverá, no segundo semestre, “um embate” entre oferta e demanda, com abates ainda menores que os do primeiro, quando a queda foi de 20% em relação a 2007. Ele lembra que o setor produtivo está passando por um momento de ajuste de oferta, uma vez que o preço alto do bezerro atual desestimula a venda rápida do boi gordo para abate e estimula a retenção de fêmeas para recomposição do rebanho.
As informações são da Gazeta Mercantil.
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Este é o verdadeiro tiro no pé, nós que produzimos a matéria prima só viviamos em baixo do arreio e trabalhando para que a atividade pelo menos mantivesse o patrimonio, com todos esses anos de aperto e o governo bancando frigorificos, com margem de lucro!
Conclusão:
Matéria prima em falta, pois comemos nossas reservas e algum tanto de nosso patrimonio. Industria e governo reclamando, que nós produtores somos culpados de não ter produto para fornecer e agora vão falar que os produtores são responsaveis pela quebra de alguns frigorificos pois eles tem que pagar.
E digo mais: vai ficar pior! E se analisarmos friamente, isso é tragédia anunciada. Desde 1985 os governos vêm desestimulando os investimentos em agropecuária, os produtores foram os mais atingidos durante os planos mirabolantes e ainda foram taxados de caloteiros.
Principalmente em Goiás, os grandes confinamentos estão tomando conta do estoque de boi gordo. Nas duas faces da moeda, estimulam a crise, pois concentram grande parte da produção em suas mãos e não vendem barato, pior, só os grandes frigoríficos conseguem comprar, pois são animais negociados em bolsa ou a termo, em ambos os casos o frigorífico comprador terá de se resguardar em mercado futuro da carne, e não são todos que estão preparados para isso. Por outro lado, está sendo uma alternativa de sobrevivência, o poder de barganha de venda do boi gordo, de compra de insumos, etc.
Por último, vem a cana varrendo tudo. Onde está o gado que estava ocupando o pasto que virou canavial? Segundo o nosso ilustre presidente, a cana (etanol, biodiesel, etc) não atrapalha a produção de alimentos.
Eu respondo: está morto! Tem se tornado via de regra: produtor endividado, com dificuldades em manter sua fazenda, mata o gado (bois, novilhas, vacas, vende o bezero vivo), paga suas contas e arrenda a fazenda para a usina mais próxima (e aí sai até briga, pois uma está encostada na outra), vai para cidade viver em “aposentadoria”. Mal sabe o que o espera.
Então concluímos: uma série de fatores, visíveis a olho nú, estão se acumulando e ninguém faz nada para conter a tragédia. O mundo todo precisando de alimentos, e teremos de dobrar a produção mundial até 2030 para não haver fome em massa. Muita gente vai passar fome. O único país do mundo que tem reais condições de expansão da produção está só no discurso, tentando convencer o mundo que o etanol não dimuniu a produção de alimentos, enquanto isso ocorre por falta de investimentos e de uma política limpa de crédito.
Pergunto, onde está o dinheiro prometido para os produtores? Alguém conseguiu pegar?
Respondo: está nos limites do cheque especial, no empréstimo pessoal, etc. Dinheiro barato que vira caro na mão dos bancos. Nunca faturaram tanto!
Se nada for feito e não vejo nada sendo programado, vai ficar pior!
Qualquer livro básico de Economia ensina, nos primeiros capítulos, que pressão de demanda gera aumento de preços, salvo em caso de intervenção governamental (que gera escassez, mercado negro etc – vide Argentina).
O aumento de preços também incentiva concorrentes produtores de frango e suínos, mas, no momento, o aumento de alojamento, como no caso do confinamento de bois, vem sendo prejudicado pela alta de rações e insumos.
Tudo isso que foi dito pelo Sr Moussalle, portanto, é conversa para boi dormir. As oscilações de preços dos últimos dias nada têm a ver com o mercado, são meramente tubarões comendo sardinhas na BM&F. Lá, um famoso consultor e especulador no mercado de ouro agora se dedica ativamente a depenar pecuaristas incautos que pensaram em ganhar muito dinheiro comprando contratos no mercado futuro de boi. Iriam ganhar, desde que tivessem “cojones” para segurar o tranco. Em média, não tiveram. Agora que eles venderam, já pode subir.
Mais uma vez, este movimento de baixa foi potencializado, como nos anos anteriores nesta mesma época, pela existência, nas mãos dos frigoríficos, de vastos contingentes de boi confinado. O conhecimento das posições dos contratos de boi a termo também facilita, no futuro – talvez em outubro -a realização de movimentações semelhantes. Basta saber a quinzena em que se concentra o maior número de liquidações, para realizar operações de terrorismo semelhantes.
Resumindo: quem confinou sem travar vai viver dias de fortes emoções.