É, portanto, impossível dizer com certeza o que um volume maior de carne bovina brasileira no mercado europeu faria para os preços dos produtores escoceses. Entretanto, é quase certo que levariam a menores preços ao produtor e maior volatilidade nesses preços.
Os chefes da indústria de carnes da Escócia expressaram preocupações sobre o potencial afrouxamento nas restrições comerciais europeias à carne bovina brasileira, que eles temem que possa levar à queda nos preços.
Falando recentemente em um seminário sobre as importações da União Europeia (UE) na Escócia, Stuart Ashworth, chefe de serviços econômicos do Quality Meat Scotland, disse que o Brasil está ansioso para ver a redução nas tarifas, seja através da Organização Mundial de Comércio (OMC), do Mercosul ou de acordos bilaterais.
As restrições anteriores foram impostas ao Brasil após questões referentes à segurança e falta de fazendas de gado aprovadas. “Não supreendendo, as importações do Reino Unido de carne do Brasil caíram em 80% entre 2007 e 2008 e continuaram caindo até 2011. Durante 2012, entretanto, as importações dobraram, mas ainda continuam 85% menores do que em 2007”.
Ele disse que qualquer mudança no regime teria impactos sobre os produtores escoceses. “Claramente, o primeiro ponto de contenção é que a carne bovina brasileira estaria disponível a preços muito reduzidos. Independentemente do quanto está o preço mundial, ao remover as tarifas alfandegárias, o produto se tornaria mais barato. Seria também altamente provável que esse ‘produto mais barato’ estivesse a preços mundiais, que atualmente estão bem abaixo dos preços europeus”.
“Um segundo impacto surgiria das nações exportadoras “selecionando” o que fornecem ao redor do mundo – escolhendo o mercado de maior valor para cada corte diferente. A consequência disso para a nação importadora, com carcaças inteiras para vender, é que o ‘balanço da carcaça’ geral no mercado muda e os valores obtidos por carcaças individuais ficam sob pressão”.
Entretanto, ele disse que mesmo se as barreiras comerciais forem removidas, isso não garante que o Brasil aumentaria suas vendas de carne bovina. “Isso dependeria do estado relativo da demanda global por carne bovina e se a principal demanda ficar fora da UE, então é aí que o comércio ocorrerá. Todavia, é inevitável que os preços aos produtores escoceses fiquem mais próximos aos preços mundiais, apesar de eles provavelmente deverem reter um prêmio, baseado na qualidade do produto e na proveniência”.
Por exemplo, durante 2010 e começo de 2011, a diferença nos preços da carne bovina entre os principais exportadores globais e a Europa caiu significativamente. Entretanto, à medida que 2011 se encaminhou para 2012 e a economia global desacelerou, a diferença foi ampliada novamente. É, portanto, impossível dizer com certeza o que um volume maior de carne bovina brasileira no mercado europeu faria para os preços dos produtores escoceses. Entretanto, é quase certo que levariam a menores preços ao produtor e maior volatilidade nesses preços”.
A reportagem é do Globalmeatnews.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.