Responsável atualmente por exportações da ordem de US$ 1 bilhão por ano ao Reino Unido, o agro brasileiro tem grande potencial para avançar naquele mercado, tendo em vista que os britânicos importam cerca de 40% dos alimentos que
consomem e precisam garantir fontes variadas e confiáveis de suprimento, sobretudo depois de sua saída da União Europeia.
A constatação é de James Morh-Bell, presidente do Comitê de Agronegócios da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), entidade com 105 anos de atuação, sede em São Paulo e filiais no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Paraná – esta última, a mais ativa na busca de oportunidades para intercâmbios no campo.
Segundo ele, é possível para o Brasil tanto ampliar as vendas de produtos que já dominam a pauta exportadora, como carnes, frutas, soja, açúcar e café (cada um deles com embarques anuais de mais de US$ 100 milhões), quanto fortalecer a diversificação com itens como cacau em pó e algodão, entre outros.
Morh-Bell lembra que, após sair da União Europeia, em 2021, o Reino Unidos promoveu reduções ou isenções tarifárias para mais de 500 produtos. Além de derivados de cacau e algodão, a desoneração incluiu frutas como limão, uva e maçã e também couros e óleos essenciais.
“No caso do limão, por exemplo, a taxa foi reduzida em 14 pontos percentuais. Tendo em vista as mudanças tarifárias e a forte demanda do Reino Unidos por alimentos, as exportações do agro para aquele mercado podem crescer para US$ 5 bilhões ou até US$ 8 bilhões por ano”, diz Morh-Bell.
Cooperação
Segundo ele, o Comitê de Agronegócios da Britcham pode colaborar para acelerar esse avanço e para promover mais acordos de cooperação e novos investimentos bilaterais. Morh-Bell destaca que a agricultura de baixo carbono pode ser foco de novos convênios, apoiada inclusive com financiamentos britânicos.
“O Brasil não é um vilão ambiental. Há problemas que têm que ser resolvidos, mas a maior parte do agro do país é sustentável, e, nessa frente, os dois países podem estreitar laços, com o envolvimento da Embrapa”, afirma.
Investimentos
James Morh-Bell realça que os britânicos já investem no Brasil em tecnologias voltadas ao agro, entre as quais as de monitoramento de lavouras por satélite, e em segmentos como genética animal, máquinas e serviços financeiros e seguros, mas que os aportes também podem crescer.
Com seminários, eventos e diálogo com os consulados e as embaixadas dos dois países, a Britcham, que criou seu Comitê de Agronegócios em meados deste ano, pretende colaborar para uma aproximação maior entre os dois mercados.
“Nosso foco está concentrado em alguns setores, e o agro é um deles. Vemos muito apetite entre as partes para incrementar os negócios bilaterais ”, conclui Ana Paula Vitelli, presidente da Britcham. Atualmente, o comércio bilateral entre Brasil e Reino Unido soma cerca de US$ 6 bilhões, com superávit brasileiro.
Fonte: Valor Econômico.