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Especialistas discutem lucratividade da cadeia da carne

Na queda-de-braço entre os elos da cadeia da pecuária de corte, quem sai ganhando são as redes de varejo, segundo o diretor do Instituto FNP, José Vicente Ferraz. Conforme Ferraz, os lucros dependem da conjuntura, do ciclo da pecuária e da estrutura de cada setor. “Há momentos em que um segmento lucra mais do que o outro”, analisou. “O elo mais atrasado é a pecuária, que continua isolada, sem força para negociar”.

Para reverter a situação, ele disse que os pecuaristas precisam se organizar. E cita iniciativas como lançamento de selos com marcas de carne e as tentativas de estratégias como as da Coopavel e da Cooperativa de Rolândia, no Paraná, visando à exportação.

Para ilustrar, Ferraz afirma que há dez anos o varejo era mais fraco, mas ganhou força com o surgimento de grandes redes de supermercados. “Com o poder de barganha, o varejo passou a impor os preços aos frigoríficos, que foram esmagados também pelos produtores, que ainda tinham certa força”.

Há quatro anos, porém, o início das exportações exigiu organização, ganho de escala e profissionalização. Ele disse que os frigoríficos instalaram plantas nas regiões produtoras, podendo comprar onde o preço estava melhor. “Viraram indústrias e, com a verticalização, passaram a produzir couro, sabões, etc., e a aproveitar os miúdos”.

Produtor

“Na situação atual, quem está levando a maior desvantagem é o produtor”, concorda com Ferraz o consultor da Scot Consultoria, Alcides Torres. “Nem indústrias, nem produtores, mas o varejo é quem está levando a vantagem, por causa do poder de concentração e de barganha”, considerou.

Quanto aos frigoríficos, ele apontou duas vertentes: “os que exportam estão indo bem e os que atendem apenas à demanda de carne no País estão em situação tão difícil quanto os pecuaristas”. “Os exportadores têm a vantagem do câmbio. Estamos vivendo um ciclo de baixa, com os piores preços dos últimos 11 anos”, salientou.

“Como há oferta excessiva de animais, os frigoríficos conseguem comprar mais barato”. Torres disse que o produtor trabalha com o custo mais enxuto e não tem como mexer mais. “A solução tem sido abater fêmeas para manter o fluxo de caixa”, revelou.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Beth Melo), adaptado por Equipe BeefPoint

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