Milene Puntel Osmari¹, Antonio Ferriani Branco²
¹ Zootecnista, Msc. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UEM, Maringá, Paraná.
² PhD. Prof. Departamento de Zootecnia – UEM, Maringá, Paraná.
pH ruminal
Os ionóforos atuam no rúmen mudam a população microbiana, selecionando as bactérias gram-negativas produtoras de ácido succínico ou que fermentam ácido láctico e inibindo as gram-positivas produtoras de ácidos acético, butírico, láctico e H2.
Em função da característica de ação dos ionóforos sobre a população microbiana, os benefícios de sua ação biológica podem ser classificados em três áreas:
1) aumento da eficiência do metabolismo da energia das bactérias ruminais, alterando a proporção dos ácidos graxos de cadeia curta produzidos no rúmen e diminuindo a produção de metano;
2) melhoria no metabolismo do N pelas bactérias ruminais, diminuindo a absorção de amônia e aumentando a quantidade de proteína de origem alimentar que chega ao intestino delgado e
3) diminuição das desordens resultantes da fermentação anormal no rúmen, como acidose, timpanismo e coccidiose (Coneglian, 2009).
Em dietas com alto grão, o pH ruminal deve ser monitorado. Altos teores de concentrado podem produzir uma queda do pH e pHs baixos exercem uma pressão seletiva sobre os microrganismos sensíveis. Quando o pH cai, bactérias amilolíticas e resistentes à acidez aumentam, enquanto microrganismos celulolíticos diminuem, assim, a atividade relativa da amilase em relação a celulose aumenta. Tem sido sugerido que o pH ótimo para a amilase ruminal está em torno de 5,6 (Valadares Filho & Pina, 2006).
Utilizando-se o produto Essential, o pH do rúmen consegue ser controlado, sendo que o nível do produto fornecido que apresentou um maior valor de pH ruminal foi de 3,54 g/dia.
Figura 1 – Valores de pH e nitrogênio amoniacal (N-NH3) do líquido ruminal de bovinos alimentados com monensina sódica e níveis crescentes de Essential (ES1: 1g/dia de Essential na dieta; ES2: 2g/dia; ES4: 4g/dia e ES8: 8g/dia). Fonte: Adaptado de Coneglian (2009).
Os animais que consumiram 8g/dia de Essential apresentaram o pH ruminal médio abaixo de 6,0, considerado o mínimo desejado para que ocorra a fermentação da fibra, o que pode ter proporcionado baixos coeficientes de digestibilidade da FDN (Figura 1). No entanto, os tratamentos que forneceram 2 e 4g/dia do aditivo aumentaram em 3,4% o pH ruminal quando comparados ao fornecimento da monensina (Coneglian, 2009).
Nitrogênio amonical no rúmen
Com relação ao nitrogênio amoniacal, para que ocorra uma adequada fermentação e degradação da parece celular, é necessário que o nível mínimo de N-NH3 seja de 5mg/100 ml (Satter & Slyter, 1974), o que pôde ser verificado para todos os tratamentos.
A concentração de amônia recomendada para o máximo desaparecimento de substrato é de 24 mg/dL de líquido ruminal (Mehrez et al., 1977). Porém não é necessário que essas concentrações sejam altas e constantes ao longo do dia. No entanto, se considerarmos esses valores e os 20 mg/dL propostos por Leng (1990) como adequado para um máximo consumo voluntário em condições tropicais, pode-se concluir que todos os tratamentos agiram de forma adequada na fermentação ruminal em dietas alto grão (Coneglian, 2009).
Figura 2 – Concentrações de ácido acético (C2), propiônico (C3), butírico (C4), ácidos graxos de cadeia curta totais e razão C2:C3 do líquido ruminal de bovinos alimentados com monensina sódica e níveis crescentes de Essential (ES1: 1g/dia de Essential na dieta; ES2: 2g/dia; ES4: 4g/dia e ES8: 8g/dia). Fonte: Adaptado de Coneglian (2009).
Houve uma maior produção de ácido acético pelos animais que receberam 1g/dia de óleos funcionais em relação aos animais que receberam 2g/dia de monensina (Figura 2), da mesma forma que a concentração de ácidos graxos totais. No entanto, a produção dos demais ácidos não foi influenciada pelas demais fontes de níveis de aditivos utilizados.
Segundo Coneglian (2009) doses de Essential acima de 2g/dia provavelmente foram suficientes para inibir as bactérias produtoras de ácido acético, diminuindo assim sua concentração e, conseqüentemente, a concentração dos ácidos graxos de cadeia curta totais.
A proporção de acetato:propionato:butirato para o tratamento que recebeu 1g/dia de Essential foi de 57:27:16, enquanto a média dos demais tratamentos foi de 51:33:16, considerados mais próximos ao normal (50:35:15 – Owens & Goetsch, 1986). Desta forma, sugere-se que o menor nível do aditivo não foi suficiente para atingir seu potencial máximo de ação, visto que promoveu maiores produções de ácido acético.
Síntese microbiana no rúmen
A eficiência de síntese microbiana foi similar quando foi fornecido monensina ou óleos funcionais em nível de 2 e 4g/dia, demonstrando a grande eficiência dos óleos na maximização da síntese microbiana (Figura 3), o mesmo observado com experimentos conduzidos in vitro (Branco & Coneglian – Essential: Manual Técnico Ruminantes). Esta resposta pode ser sido devido à inibição dos protozoários, grandes predadores das bactérias.
Figura 3 – Eficiência de síntese microbiana (g PBmic/kg NDT) de bovinos alimentados com monensina sódica e níveis crescentes de Essential (ES1: 1g/dia de Essential na dieta; ES2: 2g/dia; ES4: 4g/dia e ES8: 8g/dia). Fonte: Adaptado de Coneglian (2009)
Os óleos funcionais atuam na inibição do desenvolvimento dos protozoários além de maximizar a eficiência de síntese de proteína microbiana (Lambert et al., 2001). De acordo com Van Der Merwe et al. (2001) a diminuição ruminal na concentração de amônia pode ser um indicativo do aumento da síntese microbiana, além do pH ruminal mais elevado.
Conclusões
O fornecimento de óleos funcionais em dietas alto grão para bovinos em crescimento, utilizando o produto natural Essential (Oligobasics®), conferem efeitos semelhantes a monensina quanto ao controle do pH ruminal, concentrações de amônia e ácidos graxos de cadeia curta e eficiência de síntese microbiana.
Os melhores valores foram encontrados quando se administrou 4g/dia de óleos funcionais.
Por ser um produto natural, é difícil o desenvolvimento de resistências ao Essential pelos animais que o consomem, com a vantagem de, se deixarem resíduos na carcaça, estes serão semelhantes aos encontrados em outros alimentos como centeio, trigo ou cevada.
Referências Bibliográficas
Coneglian, S.M. Uso de óleos essenciais de mamona e caju em dietas de bovinos. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2009. 100p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual de Maringá, 2009.
Lambert, R.J.W.; Skandamis, P.N., Coote, P.J. A study of the minimum inhibitory concentration and mode of action of oregano essential oil, thymol and carvacrol. Journal Applied Microbiology, v.91, p.453-462, 2001.
Leng, R.A. Factors affecting the utilization of “poor-quality” forages by ruminants particularly under tropical conditions. Nutrition Research Review, v.3, p.277-303, 1990.
Mehrez, A.Z.; Orskov, E.R.; McDonald, I. Rates of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. British Journal of Nutrition, v.38, n.3, p.437-443, 1977.
Owens, F.N.; Goetsch, A.L. Ruminal fermentation. In: CHURCH, D.C. (Ed). The ruminant animal digestive physiology and metabolism. New Jersey: Prentice Hall, p.145-171, 1986.
Satter, L.D.; Slyter, L.L. Effect of ammonia concentration on rumen microbial protein production in vitro. British Journal Nutrition, v.32, p.199, 1974.
Valadares Filho, S.C.; Pina, D.S. Fermentação Ruminal. Nutrição de Ruminantes. Ed.(s): Berchielli, T.T.; Pires, A.V.; Oliveira, S.G. Jaboticabal: FUNEP, 2006.
Van Der Merwe, B.J.; Dugmore, T.J.; Walsh, K.P.; The effect of flavophospholipol (Flavomycin) on milk production and milk urea nitrogen concentration of grazing dairy cows. South Africa Journal of Animal Science, v.31, n.2, p.101-105, 2001.
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