Ainda assim, na sexta-feira (01), a Informa Economics reduziu em 3,9 milhões de toneladas a projeção para a colheita de soja na Argentina, ante seu relatório de janeiro, para 54,5 milhões de toneladas. A baixa deve ser compensada pela previsão de aumento de 1,1 milhão de toneladas na safra de soja no Brasil
As incertezas em relação ao clima na América do Sul impulsionaram os preços dos grãos na bolsa de Chicago na última semana (os contratos de soja e milho subiram 7,2% e 8,4%, respectivamente). Os problemas ainda são localizados (em alguns casos, até reversíveis), mas foram suficientes para estimular os especuladores a embutir um “prêmio de risco” nas cotações em um período crítico para o definição da safra.
Agentes de mercado têm manifestado preocupação com a falta de chuvas, em especial na Argentina e no sul do Brasil. “Os mapas climáticos para os próximos dez dias apontam maiores chances de chuvas, mas como os modelos são divergentes, a confiabilidade é baixa”, afirma Stefan Tomkiw, da corretora Jefferies Bache, em Nova York.
Na avaliação de Pedro Dejneka, da PHDerivativos Consultoria, o clima seco ainda não teve grande impacto sobre a produtividade desta safra 2012/13, pois a umidade do solo na região estava em níveis adequados. “Mas a previsão é que a soja aguente o baixo volume de chuvas, ou a ausência delas, somente até o fim da primeira semana de fevereiro”.
No Rio Grande do Sul, onde a tensão é motivada pela estiagem, a condição das lavouras ainda é adequada. “Tivemos temperaturas um pouco altas e chuvas escassas na última semana, mas vemos apenas problemas pontuais, geralmente devido a lavouras mal implantadas ou com baixa tecnologia”, afirma Gianfranco Bratta, da gerência de planejamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS).
Como há chuvas previstas para os primeiros 10 a 15 dias de fevereiro, em volume razoável, a Emater/RS não vê motivos – ao menos por ora – para rever as previsões de produção, e mantém a expectativa de rendimento em 2,6 toneladas por hectare.
No caso da Argentina, a Somar estima que o plantio de soja feito mais tardiamente, a partir de 15 de dezembro (que corresponde a 40% da produção total do país), já sofre com a baixa disponibilidade hídrica. “Mas, assim como no Rio Grande do Sul, a partir do dia 10 de fevereiro deve haver chuvas mais fortes na região”, afirma o climatologista Paulo Etchichury.
Ainda assim, na sexta-feira (01), a Informa Economics reduziu em 3,9 milhões de toneladas a projeção para a colheita de soja na Argentina, ante seu relatório de janeiro, para 54,5 milhões de toneladas. A safra de milho também foi revista para 25 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas a menos do que o previsto no mês passado. A baixa deve ser compensada pela previsão de aumento de 1,1 milhão de toneladas na safra de soja no Brasil, que deve colher 84 milhões de toneladas, e de 4,1 milhões de toneladas na de milho, com um total esperado de 70,3 milhões de toneladas.
Para Dejneka, se as chuvas de agora em diante forem suficientes para confirmar a boa safra esperada para a América do Sul, há a possibilidade de uma queda maior nos preços depois da metade de fevereiro. “Mas, até lá, não vejo chance de baixas sustentáveis”, disse.
No Centro-Oeste do Brasil, é o excesso de chuvas que chama a atenção do especuladores, que apostam em atrasos na chegada da soja aos portos. Em Nova Mutum (MT), choveu 415 milímetros em janeiro, cerca de 25% acima da média. Entretanto, simulações indicam uma redução considerável dos níveis de umidade na região central do país após 5 de fevereiro. A expectativa é que as chuvas voltem a cair em forma de pancadas, com períodos mais longos de sol, melhorando as condições de colheita.
Fonte: jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.