O Brasil continuou a ampliar sua fatia no comércio agropecuário internacional na década encerrada em 2007, enquanto concorrentes como Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Argentina perderam mercados, segundo levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a participação de seus membros no comércio desse setor.
O Brasil continuou a ampliar sua fatia no comércio agropecuário internacional na década encerrada em 2007, enquanto concorrentes como Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Argentina perderam mercados, segundo levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a participação de seus membros no comércio desse setor.
O estudo também mostra que novos países entraram recentemente na lista dos grandes exportadores, como Índia (açúcar e carne bovina), Ucrânia (grãos), Bielorússia (leite em pó desnatado), China (leite em pó integral) e Chile (frutas e legumes). E há exportadores tradicionais em novos nichos, caso do fortalecimento americano no mercado de manteigas.
De modo geral, as exportações agropecuárias globais triplicaram no intervalo de 20 anos até 2007, último ano com todos os dados disponíveis. Entre 1986 e 1990, a média anual atingiu US$ 195 bilhões; há dois anos, quando os preços das commodities estavam em vertiginosa ascensão puxados pela demanda de emergentes como China e Índia, foram US$ 573,5 bilhões.
O levantamento da OMC mostra a predominância do Brasil em diversos segmentos e ajuda a entender por que o país tem dificuldades em amarrar acordos comerciais. Mesmo em períodos de câmbio desfavorável às exportações como o atual, a competitividade brasileira é grande e, em determinados casos, trava potenciais parcerias.
As exportações brasileiras de carne bovina, por exemplo, deram um salto de 413,6% entre 1999 e 2007, e sua fatia no mercado internacional pulou de 6,8% para 28,4%, apesar de tarifas muitas vezes proibitivas como as que vigoram na Europa. A parte da Argentina passou de 5,4% para 6,8%, enquanto a Índia mais do que dobrou sua participação, que chegou a 7%. A fatia da Austrália caiu de 21,3% para 18,6%, e a dos EUA “derreteu” , de 18% para 8,8%.
O domínio do Brasil também se consolidou na exportação de frango, mercado no qual o quinhão do país quase triplicou – de 12,6% em 1999 para 35,5% em 2007. Na carne suína, o salto brasileiro foi enorme, de 3,3%, em 1999, para 14,9% em 2007.
Tampouco há surpresa no mercado de açucar. A participação das exportações brasileiras no total global pulou de 31,2% para 42,1%. No mercado de oleaginosas, que inclui a soja, as exportações brasileiras representaram 27% do total mundial em 2007, ante 16% oito anos antes. Nos grãos, o Brasil saiu do zero para conquistar 6,1% das exportações mundiais em 2007, por causa do milho, enquanto a UE declinou de 12,5% para 4,8% no intervalo (1999-2007). A fatia dos EUA caiu de 56% para 45%. O destaque nesse mercado foi a Ucrânia, que passou de 1% a 10,7% das exportações. A Argentina também avançou.
No comércio de leite desnatado em pó, Nova Zelândia e EUA aumentaram suas fatias nas exportações, enquanto UE e Austrália perderam terreno. A Bielorússia aparece como novo exportador, com sua fatia subindo de 1% para 5,3%. No leite integral em pó, o Brasil saiu de zero para 2,4% das exportações mundiais entre 1999 e 2007. A Nova Zelândia quase duplicou sua parte, para 39%, enquanto a UE viu a sua cair pela metade, para 20,8%. A Argentina também perdeu mercado, mas a China ganhou.
Os EUA entraram na lista dos principais exportadores de manteiga com 5,1% das exportações em 2007, ante 0,5% em 1999. A Argentina cresceu, e a Nova Zelândia controla quase a metade do comércio mundial. No mercado de queijos, a surpresa é o surgimento da Arabia Saudita como grande exportador. O país tinha 0,1% das exportações em 1999, e em 2007 a participação subiu para 7%, mais que EUA (5,4%) e Argentina (2,4%).
A matéria é de Assis Moreira, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.