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26 de fevereiro de 2009
Mercados Futuros – 27/02/09
2 de março de 2009

Eu tive um sonho: preservação e produção

Precisamos não permitir que nossos radicalismos criem feridas incuráveis. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade produtora não deve levar-nos à desconfiança de todos os ambientalistas. Isto porque nossos irmãos ambientalistas devem compreender que seu destino está ligado ao nosso destino. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.

Quando os produtores do nosso país começaram a desenvolver a agropecuária mais competitiva do mundo, estavam assinando uma nota promissória de que o campo brasileiro seria herdeiro. Esta nota foi a promessa de que todos os produtores, sim, homens do sul assim como homens do norte, teriam garantidos a missão de saciar a fome do mundo e tomar conta da biodiversidade do planeta.

Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de atos errados. Não procurem satisfazer a sede da preservação bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina.

Precisamos não permitir que nossos radicalismos criem feridas incuráveis. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade produtora não deve levar-nos à desconfiança de todos os ambientalistas. Isto porque nossos irmãos ambientalistas devem compreender que seu destino está ligado ao nosso destino. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.

Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amanhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho do campo.

Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: “Gigante pela própria natureza”, “Verás que um filho teu não foge à luta”.

Eu tenho um sonho de que, um dia, nos vastos campos do Xingu, os bravos produtores e os dignos protetores do meio ambiente poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado do Mato Grosso, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de produção e preservação ambiental.

Eu tenho um sonho de que meus herdeiros, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pelo ato passado de seus ancestrais e sim pela capacidade de consertar os erros cometidos por uma geração de desbravadores.

Quando deixarmos soar o equilíbrio produtivo e ambiental, quando o deixarmos soar em cada fazenda e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, poderão dar-se as mãos e cantar os seguintes versos: “Produtores, enfim. Preservadores, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos exemplo, enfim”.

Assim a Aliança da Terra se propõe a começar o ano, sempre acreditando nos sonhos.

Adaptado do discurso “I Have a Dream” de Martin Luther King.

0 Comments

  1. Fernando Cardoso Gonçalves disse:

    Mr. Charton!

    Seu sonho parece mais uma prece.
    Quem vive do campo e no campo, sabe naturalmente que não pode destruir o seu modo de vida e sim preservá-lo para que no futuro continue cada vez melhor. É nato do homem rural.
    Só não é assim por ignorância ou má intenção.
    Tudo que é preciso é EDUCAR!
    Tudo que é feito é Multar, cobrar, aplicar o poder sobre quem produz. Tornando-o um escravo da sociedade, com obrigações e deveres que nenhum outro cidadão urbano tem, apenas os cidadãos do campo.
    Já estamos cheios de conversa fiada.
    Os acontecimentos de Minas Gerais, tornando os proprietários rurais criminosos obrigados a se apresentarem ao forum e proibindo-os de sair do pais é um desaforo ao produtor rural. E não importa se esse produtor é gaúcho ou amazonense. É brasileiro. A Agressão sofrida pelos produtores lá é uma irracionalidade da burocracia totalitarista que está sendo implantada nesse país e na América Latina.
    As ongs tem ajudado muito nisso. Criando leis e infectando a cabeça da sociedade com culpas que ela não tem.
    Por tanto essa sua prece não tem fundamento neste momento.
    Nesse momento o que precisamos fazer é corromper esse governo federal para mudar o rumo das coisas. E para corrompê-lo basta sermos honestos e exigir honestidade. E para isso, temos que trabalhar muito.
    Não podemos mais aceitar tudo que acontece como espectador. Temos que agir.

  2. Antonio Francisco dos Passos disse:

    Felicito tanto a equipe do BeefPoint quanto o eng° Charton, pelo maravilhoso texto. Não se trata de nenhum plágio, mas sim de uma brilhantíssima adaptação de um discruso de um dos mais heróicos e vibrantes seres do planeta, adaptado com muita capacidade para o nosso país, e principalmente para nós que estamos nos sentindo encurraladas pelos falsos ecologistas, e pela inércia dos nossos governos, aqui na Amazônia Matogrossense.

    Parabéns.

  3. wilson tarciso giembinsky disse:

    Ola Charton, bom dia!

    Se você quer preservar o meio ambiente, reverter o efeito estufa, quer ar puro e água potável para seus filhos e netos, tem contatos e conhecimentos ambientais economicamente viáveis, você pode nos ajudar.

    Eu, Wilson Tarciso Giembinsky e minha esposa Benedita somos produtores rurais, biólogos, ambientalistas conscientes e preservacionistas.

    Em março de 1978 compramos 597 hectares de terra quase nua, com cerrado ralo degradado pelo fogo anual e a nomeamos de fazenda WB Traíras. Está às margens da vereda das Traíras, coordenadas 17º30´sul, 46º57´oeste, município de Guarda-Mór, MG (vereda é córrego com palmeiras buritis, traíras é peixe)

    Veja fotos da fazenda WB Traíras na nossa página do banco do planeta:
    http://www.bancodoplaneta.com.br/profile/WilsonTarcisoGiembinsky
    Verá em primeiro plano áreas de agricultura e pastagens dos vizinhos, onde deveriam ser matas ciliares e em contraste no segundo plano, as áreas de cerrado que recuperamos e preservamos.

    Ao longo destes 31 anos de muito trabalho e economia, recuperando e preservando a vegetação das margens das veredas numa faixa de mais de 200 metros, quando a obrigação legal aqui é de 80 metros, combatendo erosões, construindo curvas de nível, bacias de contenção, barragens e barraginhas, conservando o solo fazendo a água penetrar nele elevando o lençol freático recuperamos as nascentes e a vereda do Bimba que era intermitente, só corria na época das chuvas. Hoje ela é perene, não para de correr a quase 20 anos!

    É tanta água que vizinhos recentes a estão usando para irrigação via pivô central, em breve serão 3 pivôs nesta vereda que antes de 1984 era intermitente. Eu os avisei, mas ao ver tanta água não acreditam e continuam desmatando.

    O cerrado degradado, ralo, quase inexistente quando compramos a área, se recuperou e agora preservado, ocupa a maior parte da área, com vegetação vigorosa e exuberante.

    Nesta área além da flora há uma fauna rica e diversificada, oncinhas pardas, (que comem tatus, veados, capivaras, emas, nossos bezerros e carneiros também), lobos, raposas, tamanduás, quatis, gambás, macacos, sagüis, lontras, lagartos, teiús, jacarés, sapos, rãs, pererecas, peixes diversos, sucuris, jibóias, cascavéis, corais e diversas cobras não venenosas, seriemas, perdizes, codornas, nambus, carcarás, papagaios, araras, tucanos, beija-flores, pica-paus, garças, quero-queros, curicacas, saracuras, e outras diversas aves, abelhas nativas e outros insetos.

    Usávamos aproximadamente 350 hectares na produção de boi verde em cruzamento industrial, nos pastos cultivados com curvas de nível, microbacias e sombreamento. O cerrado esta se recuperando nestes 350 hectares também. Estamos revertendo o efeito estufa, deixamos de produzir metano e estamos fixando carbono.

    No entanto, para continuarmos a recuperar e preservar como todos querem precisamos tornar esta preservação economicamente viável ou vamos vender a área.

    A mais de 6 anos estamos tentando créditos de carbono, ONGS preservacionistas, SOS cerrado, ambientalistas e nada!

    Até agora não obtivemos sucesso e cansamos.

    Gente que só fala em preservar a área dos outros. Gente que, mobiliza a opinião pública para obter apoio para suas denúncias, mas na hora de agir, de investir, de colocar o discurso em prática, na preservação, no que interessa. Nada.

    Querem ar puro para respirar, reverter o efeito estufa, mas não preservam e nem pagam para quem preserva, só falam, gritam, acusam.

    Todos querem preservar o meio ambiente com o bolso dos outros.

    Querem água limpa para beber mas nunca bloquearam e recuperaram uma erosão, nunca fizeram uma curva de nível, uma bacia de contenção, uma barraginha, nunca recuperaram uma nascente. E nem sabem quanto isto custa. Nós sabemos, saiu do nosso bolso.

    Aceitamos sugestões, parcerias, idéias economicamente viáveis a curto prazo, ou mesmo vender para quem continue a preservar.

    Pode ajudar?
    Conhece alguém que pode?
    Tem contatos?
    Tem idéias?
    Sabe como?
    Tem meios?
    Tem recursos?
    Faz parceria?
    Pode neutralizar sua emissão de carbono na nossa área?
    Pode apagar sua pegada de carbono conosco?
    Pode comprar uma árvore preservada?
    Estamos pensando em criar um condomínio preservacionista, você compraria cotas?
    Sabe de alguém que compra a fazenda para preservar?

    Condomínio preservacionista não é uma área residencial como os “urbanos” conhecem, é um conjunto de áreas rurais preservadas, não habitáveis. É condomínio porque pertencem a diversas pessoas e não a uma só, e estes vários proprietários dividem as despesas desta preservação.

    Chegou sua oportunidade de passar das palavras à ação. Divulgue nosso trabalho e nosso apelo, ajude-nos a preservar a fauna a flora, ar puro e água potável para nossos filhos e netos.

    Temos recebido propostas de pecuaristas, agricultores, madeireiros e usineiros, mas não gostaríamos de ver isto tudo que recuperamos e preservamos ser depredado, destruído como vem acontecendo nos vizinhos.

    Se não conseguirmos nada vamos vender a área e seja o que o novo dono quiser.

    Não consegui colocar aqui as fotos do nosso trabalho.
    Você pode vê-las no endereço:

    http://www.bancodoplaneta.com.br/profile/WilsonTarcisoGiembinsky

    Estes são os comentários sobre cada uma delas:

    DO LADO SUL TEMOS

    Foto 1- Nascente da vereda do Bimba, este local há 20 anos era seco de abril a novembro, era local de transito de animais e veículos, a área de pasto à esquerda, onde deveria ser mata ciliar é do vizinho JP, este cerrado é nosso, foi recuperado, a vereda hoje é perene.

    Foto 2- Nascente da vereda do Bimba, do lado de lá pasto do vizinho JP e cerrado nosso, de cá pasto do vizinho OGC, onde deveria ser área de preservação. Só corria água das chuvas de verão, no inverno era seco. Nós construímos quatro barragens elas armazenam a água que no período de chuvas iria embora, elevaram o lençol freático, recuperamos e preservamos a mata ciliar além do exigido por lei, construímos terraços nos pastos e acabamos por perenizar a vereda.

    Foto 3- Vereda do Bimba onde estão os Buritis (palmeiras) ao fundo cerrado nosso recuperado à frente área de pastagem do vizinho OGC, onde deveria ser mata ciliar.

    Foto 4- Vereda do Bimba, onde estão os Buritis, à esquerda cerrado nosso recuperado, à direita pastagem e cana do vizinho GGC.

    Foto 5- Lavoura e pasto do vizinho LC, onde deveria ser mata ciliar, buritis da vereda do Bimba e ao fundo cerrado nosso recuperado

    Foto 6- Pasto do vizinho EG, onde deveria ser mata ciliar, buritis da vereda do Bimba, cerrado nosso e no alto à esquerda eucalipto com 24 anos, também nosso.

    DO LADO NORTE TEMOS
    Foto 7- ao fundo cerrado nosso, que foi recuperado e preservado, ao centro vereda das Traíras, do lado de lá, a oeste, área de arroz e aqui, ao norte, área de soja, ambas do vizinho CIP.

    Foto 8- Área de soja do vizinho CIP, gado pastando onde deveria ser mata ciliar, vereda das Traíras e cerrado nosso que foi recuperado, aquele pontinho branco, quase imperceptível, no meio do cerrado é nossa casa

    Foto 9- Área de pastagem da fazenda com cerrado em início de recuperação, ao fundo cerrado com 30 anos de recuperação.

    Foto 10- Área de pastagem da fazenda com cerrado com 10 anos de recuperação e uma parte de bacia de contenção de águas da estrada de acesso para infiltração e elevação de lençol freático.

    Obrigado

  4. Carlos Sant´Ana disse:

    Olha, eu tenho o sonho de preservar e produzir ao mesmo tempo, e para isso estou trabalhando.

    Em primeiro lugar, considero que produzir com tecnologia de ponta não é ser escravo das multinacionais no uso de técnicas da “revolução verde”, não usar adubos minerais, ou usar o mínimo possível, evitar o uso de arados e tratores que destroem a estrutura do solo, preservar a vegetação nativa ao máximo possível, não permitir o uso de agrotóxicos, não realizar queimadas, não tentar mudar radicalmente a vocação ambiental da terra, preservar o Bioma dos campos naturais, não praticar monocultura, preservar a mata e a fauna intocadas, como as recebi de meus ancestrais, e para isso tudo, estou disposto a deixar de ganhar dinheiro com a terra.

    Quem não tiver essa disposição não poderá se cosiderar ambientalista, pois quem não impuser limite à sua ganância jamais terá critério para tal. De nada adianta se intitular um sonhador se os seus sonhos forem unicamente para servir a sua ambição pessoal e egoísta.

  5. Charton Jahn Locks disse:

    “Prezado Fernando Cardoso Gonçalves”,

    Tenho plena convicção que grande parte dos produtores rurais tem a vontade de preservar muito maior do que a maioria dos ambientalistas, preservam muito mais do que qualquer outra classe da sociedade, e só não preservam mais por total inviabilidade econômica, falo isso por vir de uma família de produtores rurais e conviver com o campo diariamente.

    Talvez EDUCAR não seja o suficiente para a solução dos problemas ambientais do campo, em minha opinião, eles têm seu fundamento enraizado na questão econômica e vejo a criação de incentivos para conservação, e não a criação de leis que inviabilizam a produção e jogam os produtores na cesta dos bandidos do dia para noite como medida mais eficaz para conciliar a produção com a conservação.

    Trabalhar de forma honesta com transparência, valorizar o produto brasileiro, que sem dúvida é o mais sustentável do mundo, pressionar o governo para que enxergue a realidade e comover a sociedade a participar do processo da preservação metendo a mão no bolso é o futuro que nos aguarda, portanto devemos ser proativos.

    Abraço.