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EUA: além da seca e liquidação do rebanho, a elevada idade média dos criadores é um risco para a recuperação do setor

Esses dados demográficos sugerem que grandeparte destes produtores venderão suas propriedades na próxima década. Em muitos casos, não há herdeiros interessados ou capazes de assumir a operação.

Nos artigos anteriores (Parte 1 e Parte 2), o especialista em comercialização e extensão pecuária da Universidade do Estado de Oklahoma, Derrell S. Peel, discutiu sobre os desafios e oportunidades relacionados à reconstrução do rebanho bovino dos Estados Unidos. Este novo artigo discutirá sobre o responsável por esta reconstrução. São os criadores que fazem isso acontecer e são a chave para a reconstrução e expansão do rebanho.

Os criadores americanos, assim como toda a classe produtora, está envelhecendo há anos. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de 2011 indicam que entre 654 mil fazendas de gado do país, 37% são conduzidas por produtores de 65 anos ou mais e outros 29% por produtores de 55-64 anos. Juntos, esses dois grupos operam 64% da terra usada para a produção pecuária. Isso inclui cerca de 48 hectares por produtores com 65 anos ou mais, 66% dos quais são os únicos proprietários de suas fazendas. Em muitos casos, não há herdeiros interessados ou capazes de assumir a operação.

Esses dados demográficos sugerem que grandeparte destes produtores venderão suas propriedades na próxima década. Entretanto, os pecuaristas mais velhos, como muitos agricultores, frequentemente não se aposentam e saem da indústria, mas, ao invés disso, tendem a se “aposentar no local”, permanecendo na fazenda e gradualmente reduzindo suas operações.

Os produtores mais velhos, que são em média mais seguros financeiramente, podem se dar ao luxo de reduzir os números de gado ou mudar partirem para trabalhos menos intensivo, de acordo com sua situação de saúde e capacidade de trabalho. Os últimos dados do USDA confirmam que os pecuaristas com mais de 65 anos de idade têm um valor por fazenda de produção que é 43% menor (25% menor por hectare) comparado com o valor médio de produção para todas as fazendas de cria.

Nos dados mais recentes, o tamanho médio da fazenda para esses produtores mais velhos caiu para aproximadamente 75% das fazendas médias de criação pecuária. Dados anteriores indicaram que o tamanho da fazenda para os produtores mais velhos era de 8-10% a menos que a média. É possível que as vendas de ativos na indústria pecuária tenha se acelerado recentemente.

A combinação desses dados demográficos e a seca cria uma situação única na indústria pecuária dos Estados Unidos. A seca tem forçado muitos desses produtores mais velhos a liquidar parcialmente ou totalmente seus rebanhos. Alguns desses produtores mais velhos não estão serão capazes de reconstruir suas produção.

Na outra ponta, os mais jovens estão tentando começar. Os desafios para os produtores iniciantes nunca estiveram maiores do que agora. Os valores de terras estão recordes e a necessidade de capital maiores do que nunca. As novas regulamentações estão mais rigorosas e se soma à dificuldade de qualificar os produtores jovens para empréstimos, até mesmo nos casos onde o credor está disposto. Os pecuaristas, e talvez até a uma extensão maior do que os agricultores em geral, julgam a posse de ativos uma marcas de sucesso do negócio pecuário.

Além disso, para os produtores jovens, o controle de ativos é o que é importante, mesmo se a posse de ativos não é possível. O arrendamento e outros acordos podem ser mais viáveis e necessários para uma nova geração de pecuaristas do que comprar ativos. Um dos impactos da seca é que os produtores mais velhos que foram forçados a liquidar seus rebanhos podem não estar mais interessados em arrendar terras para produtores mais jovens e isso pode ser a chave para a reconstrução do rebanho e para a revitalização da produtividade na indústria pecuária.

Entre os produtores mais velhos e os iniciantes estão muitos produtores que simplesmente tentam sobreviver à seca e continuar com suas operações de negócios. A maioria dos produtores que foram forçados a liquidar o rebanho recebeu bons preços e não se prejudicaram pelo preço de venda. Entretanto, o alto custo dos alimentos para animais (grãos) e outros insumos em 2011 e 2012 obrigou-os a usar estes recursos de vendas para obter fluxo de caixa.

Esses produtores provavelmente enfrentarão dificuldades no financiamento para reconstrução do rebanho. Os valores de reposição de vacas e novilhas serão recordes. Os produtores precisam ser cuidadosos durante a seca para preservar capital suficiente para reconstruir o rebanho. Os produtores que ainda não fizeram isso, devem desenvolver um plano de administração durante a seca e um plano de recuperação.

A indústria pecuária dos Estados Unidos hoje está menor e precisa continuar desta forma. Os dois últimos anos de seca anteciparam o início da reconstrução do rebanho e pressionaram a indústria. Ao mesmo tempo, o ambiente econômico da indústria pecuária tem mudado dramaticamente nos últimos anos. Novas demandas na agricultura e maior valor dos grãos colocam um foco maior na forragem para pecuária e tem implicações regionais significantes sobre onde a produção pecuária estará localizada.

Os preços recordes do gado e da carne bovina confirmam que a demanda do mercado, domesticamente e internacionalmente, oferece oportunidades e apoiará a reconstrução do rebanho bovino, apesar de não se saber ao certo em que nível.

O texto é de Derrell Peel, publicado na Drovers, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.

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