Fechamento 12:04 – 26/03/02
26 de março de 2002
Pesquisa estima que ocorrerão no máximo 600 casos da forma humana da EEB no Reino Unido
28 de março de 2002

EUA: aprovado financiamento para pesquisar E.coli

O Conselho de Carne Bovina de Nebraska, Estados Unidos, irá financiar pesquisas sobre a bactéria E.coli, na tentativa de desenvolver medidas capazes de afastar essa bactéria dos rebanhos do país e, consequentemente, da carne bovina norte-americana. Pesquisadores da Universidade de Nebraska-Lincoln (UNL) estão preparados para testar vacinas, introduzir bactérias competidoras nos alimentos dos animais e testar a combinação desses dois métodos para combater a E.coli O157:H7.

O Conselho de Carnes de Nebraska aprovou o fundo requerido pelos pesquisadores, de US$ 50 mil, na semana passada. O estudo será feito nas propriedades da própria universidade, entre os dias 1o de maio e 1o de dezembro deste ano, de acordo com o membro da equipe, David Smith. O fundo arrecadado pelos produtores de carne dos EUA já foi usado anteriormente para financiar pesquisas sobre a E.coli.

Segundo Smith, as pesquisas anteriores feitas com esta bactéria mostraram que o uso de bactérias competitivas no alimento dos animais foi capaz de reduzir a prevalência da E.coli. Sendo assim, a idéia é adicionar produtos no alimento dos animais combinados com uma vacina experimental contra a E.coli, desenvolvida no Canadá, para testar se cada um destes métodos, bem como o uso dos dois métodos combinados, pode reduzir os níveis de E.coli nos rebanhos. Smith informou que os pesquisadores estão aguardando a aprovação do Food and Drug Administration (FDA) para usar a vacina, a qual já foi utilizada em pelo menos um outro programa de pesquisa no país.

Pesquisa mostra que o nível de E.coli na carne moída é maior nos meses mais quentes

Testes do governo dos Estados Unidos, feitos em carne moída crua, sugeriram que os níveis da E.coli O157:H7, um tipo potencialmente patogênico de bactéria, vêm aumentando nos últimos 5 anos. Entretanto, menos de 1% das amostras apresentou resultado positivo para esta bactéria. Este aumento deve estar relacionado a um maior rigor na inspeção sobre este microrganismo feita no país.

Os pesquisadores demonstraram que existe uma variação sazonal nos níveis de E.coli O157:H7, com maiores níveis detectados na carne crua durante os meses mais quentes (junho a setembro) do que nos meses mais frios. Essa variação sazonal está de acordo com os casos documentados de infecções humanas com esta bactéria, apesar destes casos poderem ter sido causadas não somente pela carne, mas por outras fontes de infecção, como frutas e vegetais.

A E.coli O157:H7 é uma bactéria potencialmente fatal que pode causar diarréia com sangue e desidratação. As pessoas mais susceptíveis à ingestão de alimentos contaminados com esta bactéria são as crianças, os idosos e pessoas com o sistema imune afetado por algum motivo.

A bactéria infecta cerca de 73 mil americanos por ano, principalmente devido ao consumo de carne bovina moída mal cozida. A bactéria pode estar presente também em leite não pasteurizado, em sucos, em água contaminada, e em frutas e vegetais que foram expostos a essa bactéria.

Em resposta ao crescente número de casos de infecção envolvendo a E.coli durante a última década, o Serviço de Inspeção e Segurança dos Alimentos do Departamento de Agricultura dos EUA (FSIS/USDA) implementou um programa de inspeção, em 1994, para ajudar na detecção dos níveis desta bactéria nos alimentos.

Os cientistas do USDA testaram amostras de carne moída crua retiradas de fábricas que contam com a inspeção governamental, bem como de estabelecimentos de varejo espalhados pelo país, e apresentaram seus resultados na Conferência Internacional de Doenças Infecciosas Emergentes, ocorrida em Atlanta.

De 1995 a 2000, 47 das 16,366 mil amostras (0,29%) retiradas das fábricas que contam com o serviço de inspeção federal apresentaram resultados positivos para a E.coli O157:H7, enquanto 19 das 7,885 mil amostras (0,24%) retiradas de estabelecimentos de varejo espalhadas pelo país continham a bactéria. O número de amostras infectadas aumentou nos últimos 5 anos. Nos estabelecimentos inspecionados pelo governo, a taxa de infecção das amostras aumentou de 0,08% em 1995 para 0,50% em 2000. Nos estabelecimentos de varejo, o aumento foi de 0,07% em 1995 para 0,86% em 2000.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Kathy Orloski, esse é um dos primeiros trabalhos que estimou a presença de E.coli O157:H7 em carne moída de todo o país, utilizando-se amostras de estabelecimentos de varejo e de fábricas inspecionadas pelo governo. “Como esse é um dos primeiros estudos sobre a presença desta cepa de bactéria na carne moída, não temos muitos parâmetros para comparar nossos resultados, mas percebemos que a prevalência desta bactéria em nossas carnes está baixa”.

Para Orloski, o aumento progressivo dos níveis da bactéria na carne durante os 5 anos de pesquisa foi resultado principalmente do aprimoramento dos testes usados, e não do aumento da presença da bactéria na carne. “Certamente grande parte desse aumento é devido ao aumento da sensibilidade dos testes. Quando consideramos que o tamanho das amostras aumentou, o numero de amostras também e que a metodologia de teste mudou, neste período de 5 anos, não ficamos surpresos com o fato de os resultados terem mostrado um aumento do nível desta bactéria na carne”.

Fonte: MeatPoultry.com (por Lori Potter) e Reuters Health, adaptado por Equipe BeefPoint

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