Texas e Oklahoma apresentaram grande queda de 2011 a 2012 devido à seca, mas tiveram uma redução similar de 3,1% no período de 2007-2011. Isso indica que o rebanho de bovino de corte está caindo mais rapidamente nas regiões onde a competição com a agricultura é maior.
Dando continuidade à discussão sobre a possibilidade de reconstrução do rebanho bovino de corte nos Estados Unidos (primeira parte), o especialista em comercialização e extensão pecuária da Universidade do Estado de Oklahoma, Derrell S. Peel, disse que o forte aumento da demanda por milho desde o final de 2006, resultou em preços bem maiores em todas as safras nos Estados Unidos. Uma média das oito principais colheitas mostram que os preços em 2012 deverão ser 165% maiores do que em 2005.
Os impactos de prazo maior no uso da terra são esperados como resultado desse novo ambiente agrícola. Embora os dados sejam limitados, existem fortes indicações de que essas mudanças de longo prazo já começaram com implicações para a indústria de carne bovina. O Estoque de Recursos Naturais (NRI) de 2007 mostrou que, além dos 123,4 milhões de hectares de colheitas cultivadas, 48,1 milhões a mais foram usados para pastagens junto com 21 milhões de hectares de terra não cultivada (principalmente, feno permanente). Esses 69,2 milhões de hectares de pastagens e feno são agricultáveis, significando que podem ser usadas para produção.
Apesar de a conversão de pastagens perenes e feno em lavouras não ser um processo fácil e rápido, o alto preço das culturas atrairão parte dessa área para sua produção com o tempo. Neste ponto, existem poucos dados para confirmar o quanto de pastagem e de feno está sendo convertido para a produção agrícola. Os dados do NRI de 2012 e do Censo Agrícola (que estarão disponíveis dentro de alguns meses) deverão fornecer a primeira documentação de um processo que deverá continuar por muitos anos mais.
Na ausência de dados de uso da terra, alterações no rebanho bovino já indicam alguns impactos regionais antecipados dos altos valores da produção agrícola. De 2007 a 2012, o rebanho dos Estados Unidos caiu 2,76 milhões de cabeças ou 8,5%. A redução é maior no Meio-Oeste, incluindo Estados de Illinois, Indiana, Iowa, Minnesota, Missouri, Kentucky e Tennessee. Nesses estados, a redução destes cinco anos no rebanho foi de 11,4% a mais de 22%, com uma média de 14,2% de queda.
Texas e Oklahoma apresentaram grande queda de 2011 a 2012 devido à seca, mas tiveram uma redução similar de 3,1% no período de 2007-2011. Isso indica que o rebanho de bovino de corte está caindo mais rapidamente nas regiões onde a competição com a agricultura é maior. Como resultado, uma maior participação do rebanho total de bovinos estará localizada no futuro nas regiões mais secas do país. É interessante notar que esse mesmo fenômeno está ocorrendo em outras importantes regiões produtoras de carne bovina, como Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e pelas mesmas razões.
Dependendo de sua localização, não é de surpreender que alguns produtores vejam menos potencial para reconstrução do rebanho que outros. O rebanho está menos propenso a ser reconstruído em regiões agrícolas importantes, enquanto áreas predominantemente de forragens têm potencial considerável para expansão do rebanho. Existem poucas dúvidas de que parte das pastagens mais produtivas e de terras de feno estão sendo convertidas para a produção agrícola, o que destaca o desafio de construir o rebanho em áreas marginais.
Entretanto, o alto preço das colheitas também aumenta o valor da forragem e isso muda os incentivos sobre como a terra é usada e manejada. A produção de forragem, mesmo em terras não cultiváveis que não competem diretamente com a produção agrícola, está valendo mais agora. Muitos anos de grãos baratos mantiveram os valor das forragens baixos e o resultado é que a produção de forragem e seu uso não tëm sido manejado tão eficientemente como poderia ser.
O aumento do valor das terras de pastagem abre diversas possibilidades de gerenciar a mesma para uma maior produtividade e administrar o uso da forragen de forma mais eficiente. O aumento no uso de resíduos da colheita de milho nos dois últimos anos é um exemplo da resposta a esses incentivos. Dois outros exemplos incluem a redução do desperdício de feno em fardos redondos e, em Oklahoma e áreas similares, mais controle de plantas invasoras para aumentar a produção de forragem. Em muitas regiões do país, existe um potencial considerável para a adoção de novas forragens e novos manejos para aumentar a produção pecuária e/ou estender as estações de pastagens.
O texto é de Derrell Peel, publicado na Drovers, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.
Leia o primeiro artigo de Peel:
EUA: produtor questiona especialista como reconstruir o rebanho do país