A diretora executiva de pesquisas sobre nutrição humana da Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina (NCBA) dos Estados Unidos, Shalene McNeill, argumentou que estudos sobre observação não provam que a carne vermelha é uma vilã da dieta.
Em um artigo para a BEEF Magazine, Amanda Radke discute a validação da pesquisa de Harvard, que diz que a carne bovina é uma opção ruim para a saúde aumentando os riscos de morte. “O consumo de carne bovina aumenta a mortalidade”, essa é uma afirmação da pesquisa e amplamente disseminada pela mídia americana.
Toda a atenção foi resultado de uma publicação online na segunda-feira do Archives of Internal Medicine de um projeto de pesquisa que analisou dados de dieta, saúde e morte de 37.698 homens e 83.644 mulheres. Os participantes completaram questionários sobre suas dietas durante quatro anos.
A pesquisa concluiu que o consumo de uma porção por dia de carne vermelha não processada aumentava o risco de morte prematura em 13%. Ao mesmo tempo, o consumo de uma porção por dia de carne vermelha processada (um cachorro-quente ou duas porções de bacon) estava associado com um aumento de 20% de morte prematura. “A mensagem que queremos comunicar é que seria bom se você pudesse reduzir seu consumo de carnes vermelhas para metade de uma porção por dia ou duas a três porções por semana e limitar bastante o consumo de carne processada”, disse o pesquisador.
A diretora executiva de pesquisas sobre nutrição humana da Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina (NCBA) dos Estados Unidos, Shalene McNeill, argumentou que estudos sobre observação não provam que a carne vermelha é uma vilã da dieta. “A coisa mais notável nesse estudo é que aqueles que consumiram maiores porções de carnes vermelhas também consumiram mais calorias, foram menos fisicamente ativos e tiveram mais chances de fumar e consumir menos frutas, vegetais e grãos integrais”, disse McNeill.
“Temos um estudo recente controlado aleatoriamente que mostrou que o consumo de 4-5 onças (113,3 gramas a 141,74 gramas) de carne bovina magra diariamente como parte de uma dieta saudável para o coração melhorou a saúde do coração, incluindo uma redução nos níveis do colesterol “ruim” (LDL), tão efetivamente quanto outras várias dietas saudáveis para o coração. Existem muitas formas de construir uma dieta saudável com carne bovina magra que também incluem frutas, vegetais, grãos integrais e legumes”, disse ela.
“Pessoalmente, estou confiante de que a carne bovina é uma escolha saudável”, diz Radke no artigo para a BEEF Magazine. Além disso, continua ela, o consumo médio per capita de carne bovina continua declinando; hoje, os americanos raramente suprem as porções recomendadas diárias de proteína do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Além disso, a obesidade e as doenças relacionadas a ela continuam aumentando. Talvez, devamos olhar mais para o cardápio da dieta padrão americana com baixa gordura, baixa proteína, com alimentos altamente processados e alto nível de açúcar. “E nossa vida moderna sedentária? Por que estamos tão assustados com as gorduras e proteínas de origem animal? Quando finalmente reconheceremos, com confiança, de que a carne bovina é um super-alimento?”.
O Lempert Report recentemente informou sobre o papel da carne bovina na redução de incidência de doenças cardíacas. “De acordo com o estudo de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, a inclusão de carne bovina magra (113,3 gramas por dia) ou a substituição parcial de carboidratos por proteínas (incluindo carne bovina magra) em uma dieta com baixo teor de gordura saturada, reduziu de forma significante o colesterol LDL. Apesar das crenças comumente mantidas sobre a carne bovina, os participantes do estudo tiveram uma redução de 10% no colesterol LDL com relação ao começo do estudo, enquanto consumiam dietas que continham menos de 7% de suas calorias vindo de gorduras saturadas”.
“De acordo com uma nova meta-análise de estudos prospectivos de grande escala sobre carnes vermelhas e processadas e câncer, publicados no Nutrition Journal, não existe uma associação positiva independente entre o consumo de carnes vermelhas e o desenvolvimento de câncer de próstata.Durante a última década, várias importantes pesquisas epidemiológicas sobre ingestão de carnes e câncer de próstata foram publicadas. Dessa forma, os pesquisadores, liderados por Dominik Alexander, do Exponent Health Sciences Practice, conduziram uma meta-análise de estudos prospectivos avaliando as associações sumárias entre carnes vermelhas e processadas e câncer de próstata; avaliar associações entre homens com a doença avançada; estimar tendências de dose-resposta; avaliar fontes potenciais de heterogeneidade; e avaliar o potencial para parcialidade”.
“Vinte e seis estudos foram analisados por pesquisadores – 15 sobre carnes vermelhas e 11 estudos investigando carnes processadas e risco de câncer – e eles concluíram que o consumo de carnes vermelhas ou processadas no geral não está associado com o câncer de próstata”. Vários desses estudos sobre consumo de carnes e câncer foram publicados na sessão Carne & Saúde do BeefPoint.
Radke termina o artigo pedindo que as pessoas divulguem informações sobre carnes vermelhas e câncer com amigos, familiares e médicos, dizendo que algumas organizações como Conselho da Indústria de Carne Bovina de Dakota do Sul, junto com o South Dakota Cattlemen’s Auxiliary, desenvolveram um brochura educacional baseado em um estudo que concluiu que não existe ligação causal entre o consumo de carnes vermelhas e câncer.
A reportagem é da BEEF Magazine, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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1 Comment
Seria bom se a Globo publicasse essa mensagem com o mesmo espaço que dedicou à matéria que assustou o Brasil quanto ao consumo de carne. Destaco o depoimento da autora: “Quando finalmente reconheceremos, com confiança, de que a carne bovina é um super-alimento?”.
Carlos Viacava