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EUA: civis americanos não conhecem ninguém passando fome, por isso o conceito de sustentabilidade fica abstrato

Mais acima da cadeia, precisaremos de melhoras no processamento, transporte e comercialização de carne bovina, para reduzir o desperdício alimentar e o consumo de recursos, como água e energia.

O primeiro passo em direção à melhoria na sustentabilidade na produção de carne bovina é definir o que sustentabilidade realmente significa. Uma equipe de especialistas falou sobre seus pensamentos sobre carne bovina sustentável, incluindo uma variedade de definições, durante o Congresso Internacional de Pecuária em Denver, EUA.

John Pollack, PhD que é diretor do Centro de Pesquisa Animal e Carne do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Clay Center, Nebraska, definiu sustentabilidade simplesmente como “capacidade de resistir”.

Cristian Barcan, responsável pela sustentabilidade da BASF, define sustentabilidade como práticas que “cumprem as necessidades de hoje sem comprometer o futuro”. Kim Stackhouse, PhD, dirige pesquisas em sustentabilidade da Associação Nacional de Produtores de Carne dos Estados Unidos (NCBA), enfatizou que a sustentabilidade requer três componentes – viabilidade econômica, gestão ambiental e responsabilidade social. Cameron Bruett, diretor de sustentabilidade do frigorifico JBS, elaborou sobre estes “três pilares”, dizendo que o JBS busca reduzir o impacto ambiental de suas plantas e confinamentos enquanto contribui com as comunidades onde estão localizados. Porém, primeiro, a companhia precisa operar de forma lucrativa para poder investir em funcionários e em comunidades ou fazer melhorias nas instalações para proteção ambiental.

Stackhouse disse também que o aspecto da “responsabilidade social” da sustentabilidade é mais difícil de medir e provavelmente o menos entendido em termos de produção de carne bovina. Podemos objetivamente medir se a prática contribui para lucratividade na produção de carne bovina e se teve um impacto ambiental positivo ou negativo, mas os efeitos nas comunidades ou na sociedade como um todo são menos claros e mais subjetivos.

A questão da sustentabilidade na agricultura gera debates sobre os méritos relativos da produção orgânica ou natural versus práticas de produção convencional. Ou se a produção agrícola é mais sustentável do que a animal ou se os frangos são mais sustentáveis que os bovinos. Bruett disse que a indústria deveria ter uma visão ampla de sustentabilidade. Ele acredita que sistemas orgânicos, naturais ou terminação a pasto têm seu lugar, mas que sistemas de alta produção utilizando tecnologias disponíveis para maior produtividade por unidade de insumos são indispensáveis para a agricultura cumprir as demandas das crescentes populações mundiais. Sistemas que usam tecnologias para produzir mais carne bovina enquanto reduzem o número necessário de animais e a quantidade de terra, água, alimentos animais e tempo podem ser totalmente sustentáveis.

Pollack concorda, dizendo que não podemos nos dar ao luxo de caminhar para uma agricultura de menor rendimento, mas deveríamos trabalhar para tornar todos os sistemas de produção – orgânico e convencional, frangos e bovinos – mais sustentáveis. Ele acredita que contínuas melhoras na eficiência e na produtividade são vitais para melhorar a sustentabilidade na produção de carne bovina. Já fizemos progressos significantes nos Estados Unidos, à medida que os abates de animais mais pesados ajudaram a compensar a redução no rebanho. Estamos agora produzindo tanta carne bovina como nunca produzimos antes, mas com menos bovinos e com os animais indo para o abate com menos idade.

Bruett, falando em nome do JBS, disse que a continuidade dos maiores pesos ao abate para lidar com os menores rebanhos não é sustentável. A biologia e a logística nas plantas frigoríficas limitam o quão grandes podemos tornar os animais. Em algum ponto, precisamos começar a reconstruir os números do rebanho para suprir a futura demanda por carne bovina.

Pollack atribui grande parte do progresso na agricultura dos Estados Unidos à excelente rede de pesquisa, desenvolvimento, educação e transferência de tecnologia lideradas pelas universidades Land Grant e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Ele teme, no entanto, o que a extensão e a transferência de tecnologias poderão sofrer no futuro, à medida que programas de Extensão sentiram a pressão dos orçamentos apertados.

Stackhouse e Pollack destacaram que as eficiências em todos os níveis de produção ajudarão a contribuir com a sustentabilidade. Veremos melhoras na eficiência biológica de animais individuais, por exemplo, através do uso de genômica e seleção para eficiência alimentar. Também precisaremos de melhoras na eficiência do empreendimento, incluindo melhores taxas de reprodução e utilização de recursos. Mais acima da cadeia, precisaremos de melhoras no processamento, transporte e comercialização de carne bovina, para reduzir o desperdício alimentar e o consumo de recursos, como água e energia.

Barcan terminou a discussão falando sobre uma preocupação com assuntos referentes ao conceito de sustentabilidade na produção de alimentos que não são significantes para muitos consumidores americanos. Em um estudo da BASF com mulheres mães dos Estados Unidos, ele disse, pesquisadores descobriram que muitas tinham pouca consciência ou preocupação com relação à fome global ou a necessidade de quase dobrar a produção de alimentos até 2050 para alimentar uma população crescente, enquanto se usa menos terra, menos água e com menos impacto ambiental. Elas não conhecem pessoalmente alguém que esteja passando fome, de forma que o conceito continua abstrato. Ele disse, no entanto, que as companhias de alimentos têm a oportunidade de promover sustentabilidade e se diferenciar destacando suas práticas sustentáveis.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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