União Europeia e Estados Unidos chegam a um acordo sobre a exportação de carne americana para o bloco europeu. Pelo entendimento, a UE dará uma cota de 20 mil toneladas por ano, livre de tarifas, para carne americana de alta qualidade de gado tratado sem hormônio. O porta-voz de Comércio da UE disse ao Valor que a nova cota sem tarifas ficará disponível para todos os outros parceiros.
União Europeia e Estados Unidos chegam a um acordo sobre a exportação de carne americana para o bloco europeu. Pelo entendimento, a UE dará uma cota de 20 mil toneladas por ano, livre de tarifas, para carne americana de alta qualidade de gado tratado sem hormônio. O volume vai vigorar nos três primeiros anos. A partir do quarto ano, serão 45 mil toneladas.
Em contrapartida, Washington concordou em não impor novas sanções contra produtos europeus, que deveriam entrar em vigor esta semana, em reação à proibição de Bruxelas de aceitar a entrada de carne bovina com hormônio. Assim, os Estados Unidos não vão voltar a retaliar produtos como água mineral italiana e queijo francês roquefort. O país também eliminará, em um prazo de quatro anos, outras sanções que estão em vigor.
A grande questão é se esse acordo beneficiará apenas os exportadores americanos, como eles próprios parecem acreditar. Mas, nesse caso, o acordo seria ilegal, por atropelar uma regra básica da Organização Mundial do Comércio (OMC) segundo a qual o que for oferecido a um parceiro deve ser estendido a todos os outros.
O porta-voz de Comércio da UE disse ao Valor que a nova cota sem tarifas ficará disponível para todos os outros parceiros, “desde que eles preencham os requisitos que serão publicados até o fim do ano”. Ou seja, teoricamente não apenas os EUA serão beneficiados.
Suspeita-se, entretanto, que as exigências europeias serão desenhadas para atender basicamente aos exportadores dos EUA, já que, do contrário, eles não ganharão nada.
Mas o embaixador brasileiro junto à OMC, Roberto Azevedo, alertou ontem que o Brasil estará “muito atento sobre a forma como essa cota vai ser definida e implementada”, para evitar qualquer discriminação na prática.
A matéria é de Assis Moreira, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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Bom dia,
Essa “noticia” sobre a quota concedida aos Americanos pela UE é um exemplo dessas noticias internacionais que aparecem de vez em quando na midia brasileira e podem criar falsas expectativas. Sempre vale a pena insistir : mesmo se o Brasil pudesse se beneficiar teoricamente com a nova cota (e aqui faz tudo sentido lembrar que o Brasil ja se beneficia com outras cotas de carne), isso nao faria em nada avançar a questao do crescimento das exportaçoes brasileiras para o bloco europeu. Para aumentar essas exportaçoes, o Brasil precisa aumentar o numero de propriedades cadastradas na lista Trace e atender as exigências das autoridades publicas européias. Ademais, a cadeia produtiva nacional precisa também se reestruturar para poder atender todas as exigências (sanitarias, ambientais, de qualidade, de rastreabilidade) do setor varejista europeu (que de fato representa mais de 80 % das compras de carne bovina na UE). Nesse contexto, os comentarios sobre possiveis beneficios ligados a uma negociaçao entre EUA e UE sao preocupantes : eles podem levar os profissionais daqui a imaginar que a reconquista do mercado europeu é apenas uma questao de negociaçao politica. O caminho para a carne brasileira in natura voltar no mercado europeu é muito mais complexo. Depende fundamentalmente da capacidade de a pecuaria nacional “seduzir” o varejo europeu. Por conhecer as principais empresas varejistas do velho continente, posso garantir que a cadeia produtiva nacional vai ter que se reorganizar radicalmente antes de começar a “paquerar”.