Os produtores dos Estados Unidos deverão registrar exportações recordes de carne bovina pelo segundo ano consecutivo, pois poderão ter um impulso extra com o Japão, que já foi seu maior mercado externo, considerando diminuir os freios impostos após o registro de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no país em 2003.
Os produtores dos Estados Unidos deverão registrar exportações recordes de carne bovina pelo segundo ano consecutivo, pois poderão ter um impulso extra com o Japão, que já foi seu maior mercado externo, considerando diminuir os freios impostos após o registro de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) no país.
As vendas ao Japão podem aumentar 43%, para 202.100 toneladas, o maior volume desde 2003, se as restrições forem retiradas no segundo trimestre, estimou a companhia de pesquisa de Denver, Global AgriTrends. O Governo pode aumentar o limite de idade do boi abatido para produção de carne bovina para 30 meses no meio desse ano, com relação aos 20 meses que é o limite atual do Japão, de acordo com o diretor de pesquisa da Nomura Securities Co., em Tóquio, Keiko Yamaguchi.
O aumento das vendas ao Japão ajudará a sustentar a renda rural em um momento quando o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está prevendo uma queda nas exportações de trigo, milho e soja. Os futuros do boi atingiram recorde cinco vezes nesse mês e os comerciantes anteciparam preços até pelo menos abril de 2013, depois de uma redução do rebanho para o menor nível desde 1973 ter sido registrada em 1 de julho, segundo dados do Chicago Mercantile Exchange (CME). A seca no sul dos Estados Unidos no ano passado e os maiores custos dos alimentos animais impulsionaram os produtores a abater mais gado.
O co-fundador da Global AgriTrends e ex-economista da Federação de Exportação de Carnes dos Estados Unidos (USMEF), disse que com o limite de idade passando para 30 meses “saímos de uma restrição que permitia somente 30, 35% do gado dos Estados Unidos de fornecerem cortes ao Japão e levamos essa porcentagem para quase 90, 95%”.
O boi aumentou 5,8%, para US$ 1,285 por libra (US$ 2,832 por quilo) na bolsa de Chicago (CME) esse ano, batendo o ganho de 2,1% no índice GSCI da Standard & Poor’s para 24 commodities. O índice MSCI All-Country World avançou 5%, à medida que o Tesouro perdeu 0,8%, mostrou o índice do Bank of America Corp.
Os contratos futuros para entrega em abril de 2012 fecharam em US$ 1,323 na segunda-feira (23). Os preços podem alcançar US$ 1,30 em três meses, disse a Goldman Sachs Group Inc. em 13 de janeiro. O boi pode alcançar US$ 1,38 em outubro, disse Rich Nelson, diretor de pesquisa do Allendale Inc., localizado em McHenry, Illinois, que estuda mercados agrícolas desde 1997.
As importações japonesas de carne bovina dos Estados Unidos caíram para quase zero em 2004, de 298.039 toneladas em 2003, depois de o país ter se unido à Coreia do Sul e China na proibição da oferta norte-americana após o registro de EEB no país. A doença foi encontrada em três vacas dos Estados Unidos, sendo a última delas em 2006. O Reino Unido registrou mais de 184.000 casos da doença desde 1987, de acordo com a Organização Mundial para Saúde Animal (OIE).
Os envios ao Japão se recuperaram desde que o país relaxou sua barreira em 2005, permitindo a entrada de carne de animais de 20 meses de idade ou menos. Os freios à carne bovina de animais mais velhos significam cerca de US$ 1 bilhão por ano em vendas perdidas, disse a Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos (NCBA) em janeiro de 2010. A OIE concedeu aos Estados Unidos o status de “risco controlado” para a doença em 2007, significando que a carne de animais de qualquer idade pode ser comercializada.
Os Estados Unidos podem exportar um recorde de 974.000 toneladas de carne bovina em 2012, no valor de cerca de US$ 5,13 bilhões, comparado com um volume estimado de 914.500 toneladas em 2011, previu a USMEF. As exportações combinadas de produtos agrícolas provavelmente cairão em 3,9%, para US$ 132 bilhões nos 12 meses até setembro, recuando com relação a um recorde, disse o USDA em novembro.
Não existe certeza de que o Japão realmente removerá barreiras à carne bovina dos Estados Unidos. O Governo primeiramente propôs aumentar o limite de idade do gado para 30 meses em 2007 e os oficiais japoneses se reuniram com os norte-americanos para discutir o assunto pela primeira vez em três anos em setembro de 2010.
Uma equipe para avaliar a EEB da Comissão de Segurança Alimentar do Japão começou revisando os potenciais riscos para a saúde relacionados às mudanças propostas em 19 de janeiro. Falando após a reunião em Tóquio, o presidente da equipe, Takeo Sakai, não disse quando a decisão será tomada. O Ministério da Saúde somente aumentará o limite de idade para 30 meses se os órgãos de segurança determinarem que isso não representa riscos adicionais aos consumidores.
A Comissão provavelmente levará dois a três meses para completar sua revisão, disse o economista sênior do Norinchukin Research Institute, que estuda as tendências econômicas na agricultura, Nobuyuki Fujino. Se for determinado que as mudanças são seguras, o Governo poderá levar “dois meses” para modificar a regulamentação, disse ele.
Os produtores dos Estados Unidos também podem ganhar com maiores envios à Coreia do Sul, que reabriu seu mercado em 2008 à carne bovina de animais de até 30 meses de idade. Os dois países assinaram um acordo de livre comércio no ano passado, que reduzirá as tarifas de importação em até 40% nos próximos 15 anos.
Os Estados Unidos forneciam 68% das importações de carne bovina da Coreia do Sul em 2003, caindo para zero um ano depois, de acordo com dados da Associação de Comércio de Carnes da Coreia. Os envios se recuperaram para 99.047 toneladas nos primeiros 11 meses de 2011, representando 37% do total das importações.
O Japão já está comprando mais carne bovina dos Estados Unidos, aumentando 32%, para 87.969 toneladas nos primeiros oito meses do ano fiscal, que começou em 1 de abril, mostraram dados do Ministério da Agricultura. Os ganhos foram obtidos à custa da Austrália, cujos envios à nação asiática caíram 5%, para 229.223 toneladas. O dólar norte-americano caiu 8,4% com relação ao iene japonês desde abril, enquanto o dólar australiano se valorizou 7,2%.
Os envios ao Japão, o maior mercado de exportação da carne bovina australiana, poderão cair 4%, para 336.000 nos 12 meses até 30 de junho de 2012, previu a Agência Australiana de Agricultura, Recursos Econômicos e Ciência (Australian Bureau of Agricultural and Resource Economics and Sciences – ABARES) no mês passado. O declínio será direcionado pela maior competição com os Estados Unidos e a estagnação da demanda japonesa. O consumo per capita de carne bovina do país caiu 25% na última década, à medida que o consumo de carne suína aumentou em 23% e o de carne de frango aumentou em 21%.
“O relaxamento aumentará a demanda no setor de serviços alimentícios pela carne norte-americana”, disse Yamauchi, da Nomura Securities. A carne bovina dos Estados Unidos é vista como “superior à australiana no mercado japonês em termos de sabor e conveniência para processamento”.
Lei aqui matéria sobre as exportações recordes de carne bovina dos EUA em 2011.
A reportagem é da Bloomberg, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.