EUA: importações de gado do México e do Canadá cairão, além da baixa oferta interna

A oferta escassa continuará suportando o preço alto do gado: a safra de bezerro dos Estados Unidos têm caído nos últimos anos; a safra de 2012 deverá ser de 800 a 850 mil menor do que em 2011. Em 2013, a safra de bezerros será ainda menor. Além da menor safra, nos próximos anos dois fatores adicionais contribuirão para a redução de abate de bovinos nos EUA:

1) menores importações de gado

2) maior retenção de novilhas e vacas para rebanhos de cria.

Além disso, as importações de animais vivos deverão cair. Nos últimos 20 anos, a importação anual dos Estados Unidos de gado mexicano ficou em média de 1,07 milhão de cabeças. Durante o mesmo período, as importações de gado do Canadá ficaram em média de 1,06 milhão de cabeças por ano. A maioria desses animais mexicanos são gado para engorda e, dependendo do ano, ou vão para pastagens (por exemplo, pastagens de trigo de Oklahoma) ou diretamente para confinamentos (principalmente no Texas).

Em 2011, as importações do México totalizaram 1,43 milhão de cabeças, que foram as maiores desde 1996 e cerca de 200.000 acima das de 2010. A mais forte seca em décadas devastou as pastagens mexicanas em 2011, assim como ocorreu nas Planícies do Sul dos Estados Unidos, forçando os produtores a venderem animais mais cedo reduzindo seus rebanhos.

No período de 10 anos antes da descoberta de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no Canadá (1993-2002), os Estados Unidos compravam em média 1,25 milhão de cabeças de gado canadense por ano. De 2003 a 2005, as importações dos Estados Unidos caíram, mas retornaram a níveis normais. A menor safra de bezerros do Canadá se ecidenciou em 2011, quando as importações dos Estados Unidos caíram para seu menor nível desde a EEB e apresentaram um declínio anual de cerca de 380.000 cabeças.

Neste ano, mais animais para engorda foram importados do México que no ano passado, devido à seca severa em grande parte do México e do alto preço dos bezerros americanos. As importações de gado para engorda do México aumentaram 7% (88.000 cabeças) com relação a 2011, baseado nos dados preliminares semanais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Se essas tendências persistirem, as importações poderiam ser recordes, mas nas últimas semanas houve grande declínio com relação ao ano anterior.

Um importante fator por trás do declínio recente é o rebanho mexicano já estar diminuindo mesmo antes da seca de 2011. O rebanho bovino do Canadá também vem caindo nos últimos anos. Desde o pico em 2005, o rebanho declinou em 1,5 milhão de cabeças (27%), de acordo com o Statistics Canada. Até junho desse ano, o rebanho bovino canadense tinha se estabilizado e um baixo crescimento é esperado para  2012 e 2013 (novilhas mantidas para reposição de vacas de corte aumentaram 22.000 cabeças ou 3% com relação ao ano anterior).

O impacto da menore safra de bezerros do Canadá se tornou mais aparente em 2011, quando as importações dos Estados Unidos caíram para seu menor nível desde a EEB e registraram um declínio anual de 380.000 cabeças. De janeiro a setembro desse ano, as importações de gado aumentaram levemente (cerca de 12.000 cabeças) comparado com o ano anterior.

Além do clima, os fatores que influenciarão as importações incluem: a força do preço dos bezerros dos Estados Unidos; a taxa de câmbio; a força dos preços mexicanos que serão em parte em função de sua taxa de crescimento econômico.

Nos Estados Unidos, os impactos dessas mudanças serão mais aparentes na oferta de gado para engorda disponível aos confinamentos e atividade de cria. Nos últimos anos, o menor número de importação foi 703.000 cabeças em 2008. A possibilidade de 2013 estar perto desse número é bastante alta. As previsões colocam um declínio em 2013 de no mínimo 400.000 cabeças.

Com relação às importações de gado do Canadá, continuarão historicamente baixas. Qualquer aumento será ofuscado pelo declínio do rebanho do México. No geral, com clima quase normal em 2013, as importações totais de gado dos Estados Unidos seriam as menores desde 2004, quando os animais canadenses foram proibidos pelos Estados Unidos devido a seu status de EEB.

A reportagem é do James Robb, diretor do Centro de Informação de Comercialização de Gado (LMIC), para a Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.