Avaliando o censo do país, a população dos Estados Unidos em 1950 era de 151.325.798 pessoas. Sessenta anos depois, a população no país é de 308.745.538 pessoas. Sendo assim, o número de pessoas dos Estados Unidos mais que dobrou, enquanto o número de bovinos regrediu.
O que isso significa ao pecuarista? Os preços da carne bovina nos supermercados aumentaram 11,5% no ano passado, de acordo com o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, um número incrível em qualquer economia, mas possivelmente fatal quando muitos americanos estão lutando para conseguir colocar comida na mesa. A carne moída aumentou 23% no ano passado, direcionada por uma demanda gerada pelo fato de os consumidores estarem comprando menos cortes de músculos. Essa tendência ajudou os cortes selecionados mais caros a ter um aumento menor nos preços.
Na terça-feira, , disse que a história se expandiu de publicações que normalmente trazem notícias agrícolas para a imprensa popular. “Agora, até a mídia nacional voltada ao consumidor levou a notícia à medida que o USA Today lançou um artigo na semana passada documentando o declínio no rebanho bovino dos Estados Unidos e a inflação dos preços da carne bovina resultante”.
O editor gerente da Drovers/CattleNetwork, John Maday tem algumas preocupações sobre as pressões inflacionárias. “A contínua inflação nos preços da carne bovina no varejo eventualmente poderia ameaçar a demanda doméstica e internacional da carne bovina dos Estados Unidos, resultando em perda de participação de mercado para outras proteínas e outros exportadores de carne”.
Já o editor do Cattle Buyer’s Weekly, Steve Kay, disse que “A Wendy’s International introduziu seu famoso slogan “Where’s the beef?” (onde está a carne?) em 1984. A frase poderá se tornar o slogan do complexo de carnes vermelhas dos Estados Unidos em 2012 porque as ofertas de carne deverão cair nesse ano para 24,53 quilos por pessoa, 1,49 quilos a menos que a oferta esperada de 2011, de 26,03 quilos e a oferta de 2010, de 27,03 quilos. Esse seria o menor dado per capita dos últimos 61 anos”.
Para ajudar a responder algumas questões preocupantes sobre o futuro do negócio pecuário dos Estados Unidos, Chuck Jolley (Drovers) formulou algumas questões a John Nalikva, que é presidente e dono da Sterling Marketing, Inc., uma firma de Pesquisa e Aconselhamento Econômico Agrícola localizada em Vale, Oregon, bacharel em Ciências Animais pela Universidade de Idaho e mestre em Agricultura e Recursos Econômicos pela Universidade de Nevada, em Reno.
Ele se uniu à Sterling Marketing em 1991 para desenvolver um serviço conselheiro econômico para as indústrias pecuária e de carnes vermelhas e comprou a firma em 1994. Além de fornecer serviços de informações de mercado, a firma de Nalivka tem feito projetos de pesquisa para as indústrias pecuária e de carnes vermelhas, bem como pesquisas referentes às economias de recursos agrícolas nos últimos 27 anos. Ele é um sócio importante na Land and Livestock Advisory Service LLC, firma de administração de recursos rurais e aconselhamento e da Sterling Solutions, LLC, uma filial da Sterling Marketing, Inc., formada para fornecer fontes de verificação e rastreabilidade para a indústria de carne bovina.
Jolley: o USA Today reportou que “as baixas ofertas de gado em 2012 deverão direcionar os preços da carne bovina pelo segundo ano consecutivo, pressionando os consumidores que ainda estão lutando com o alto desemprego e aumentos modestos nos salários”. Primeiro, vamos falar sobre as razões por trás dessa redução do rebanho. A grande seca no sudoeste? Aumento nos custos dos alimentos animais? O que está acontecendo aqui?
Nalivka: a liquidação dos rebanhos bovinos dos Estados Unidos estava desacelerando e o rebanho bovino provavelmente começou a estabilizar no começo de 2011. Entretanto, a seca severa no sul dos Estados Unidos no ano passado levou a maior redução do rebanho e, consequentemente, os números de bovinos caíram mais 2% para o atual rebanho que é o menor em 60 anos que o USDA reportou na semana passada. Os maiores preços dos grãos, junto com as incertezas sobre as economias dos Estados Unidos e globais, eu acho, frustraram mais a situação.
Jolley: A Federação de Exportação de Carnes dos Estados Unidos (USMEF, sigla em inglês) tem feito um grande trabalho na recuperação de mercados perdidos após o medo relacionado à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) há pouco mais de 8 anos. O que isso fez para a oferta doméstica de carne bovina?
Nalivka: As exportações de carne bovina aumentarão cerca de 21% com relação ao ano anterior e foram responsáveis por cerca de 11% da produção comercial de carne bovina dos Estados Unidos. Assim, obviamente elas removem 11% do potencial de oferta doméstica do país. Se não tivéssemos esse mercado de exportação, eu acredito que os preços não estariam tão fortes como estiveram em 2011. A demanda compreende o consumo doméstico e as exportações e os dois influenciam nos preços da carne e, no final das contas, nos preços do gado.
Jolley: A baixa oferta pressionou os preços da carne no varejo para níveis quase recordes. Os preços estão previstos em aumentar de 4% a 5% nesse ano, após o aumento de 10% no ao passado. Você foi citado no artigo do jornal dizendo que os preços poderão aumentar até outros 10% – mais que o dobro da taxa de inflação de todos os alimentos. Considerando a atual economia, o que poderia fazer com a demanda um aumento de preços dessa magnitude?
Nalivka: Realmente, Chuck, eu fui citado indevidamente nesse artigo e eu estava me referindo aos preços da carne bovina no atacado aumentando em 10%. Eu acho que os preços da carne no varejo aumentarão de 5% a 10% e me baseio nas perdas dos frigoríficos. Os avanços nos preços em toda a cadeia de fornecimento não foram iguais no ano passado ou pelo menos na segunda metade do ano. Os preços do gado vivo e os preços no varejo aumentaram bem mais do que os preços atacadistas. Consequentemente, os produtores e os varejistas se mantiveram bem, enquanto as margens dos frigoríficos se mantiveram negativas a partir de setembro, uma vez que os créditos perderam o valor e os cortes não foram altos o suficiente para suportar os preços dos bovinos para abate.
Alguma coisa tem que mudar. Os frigoríficos estão em uma situação muito difícil e os pontos de equilíbrio dos confinamentos estão nos pontos mais altos. Então, ou os preços dos novilhos caem ou os cortes aumentam, e eu não acho que os varejistas estarão inclinados a aumentar as ofertas da carne no atacado sem aumentar o preço da carne bovina ao consumidor. E, isso provavelmente levaria a um aumento de 10%! Com relação à carne bovina Choice de 2011, isso colocaria o preço médio de 2012 em US$ 5,30. Eu não acho que isso é pedir muito.
Jolley: Os aumentos rápidos de preços geralmente significam uma luta para aumentar a oferta. As condições estão boas para isso acontecer?
Nalivka: Eu acho que estamos agora estabilizando o rebanho bovino como indicado pela retenção de novilhas. Porém, eu não acho que a expansão será muito rápida e, mais uma vez, as eficiências de produção serão notáveis. Nós temos o mesmo tamanho de rebanho de 1952, mas produzimos três vezes mais carne bovina hoje do que fazíamos na época. Nessa margem, simplesmente não precisa aumentar muito os números de bovinos para substancialmente aumentar a produção de carne. O mesmo é verdadeiro para toda a agropecuária dos Estados Unidos, seja indústria de carne suína, de frangos, de lácteos ou grãos.
Os produtores enfrentam maiores custos de produção e estão muito cautelosos. Se tivermos outra seca ou os preços caírem substancialmente, todo o quadro econômico muda. Estou bastante otimista nesse ano, mas acho que a situação é muito tênue e não acho que ninguém deveria deixar a cautela de lado.
Jolley: Como a manutenção dos altos preços afetará a demanda? Os consumidores continuarão comprando menos ou mudarão para outras fontes de proteínas?
Nalivka: Eu acho que os consumidores estão de forma geral comendo porções menores de qualquer forma e eles também têm altas expectativas de qualidade, consistência, segurança alimentar e conveniência. Eu não acho que eles necessariamente deixarão a carne bovina somente por causa do preço, mas se a qualidade não estiver lá ou a segurança alimentar se tornar uma preocupação junto com os altos preços, a indústria estará com problemas. A indústria não pode ignorar os consumidores. É um trabalho constante de vendas e marketing.
Minha maior preocupação em 2012 e mais do que em 2011 é que os mercados em toda a cadeia de fornecimento precisam estar justamente bem alinhados e isso não é o caso agora nesse ambiente de ofertas escassas, que se tornarão ainda mais escassas à medida que os produtores retêm mais novilhas para a expansão dos rebanhos. Os frigoríficos precisarão equilibrar a capacidade com a oferta. Temos muita capacidade nos frigoríficos e capacidade de confinamento e isso precisa ser racionalizado.
O artigo é de Chuck Jolley (para a Drovers), traduzido a adaptado pela Equipe BeefPoint.