Inspetores federais de segurança alimentar dos Estados Unidos descobriram mais de mil casos, desde 2004, em que matadouros do país violaram regras destinadas à prevenção da doença da “vaca louca”, segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O USDA diz ter divulgado documentos, para representantes da indústria e dos consumidores, que mostram que os inspetores emitiram 1.036 autos de infração de janeiro de 2004 a maio de 2005 relacionados à remoção de cérebro, crânio e espinha dorsal de gado com 30 meses de idade ou mais.
Essas partes foram banidas depois da descoberta, em dezembro de 2003, do primeiro caso da doença, em Washington. O segundo caso confirmado nos Estados Unidos ocorreu neste ano, no estado do Texas.
O grupo Public Citizen, que defende os direitos do consumidor, afirmou que os documentos mostram casos em que os matadouros não fazem a distinção entre animais novos e velhos, em que as partes proibidas não são removidas e em que ferramentas não são devidamente limpas.
“Acho que ainda tem de haver uma preocupação com a possibilidade de a carne infectada ser disponibilizada para o consumo humano”, afirmou Tony Corbo, do Public Citizen. “O sistema não é à prova de falhas”.
A indústria da carne discorda. “Sem dúvida, alguns grupos vão tentar usar essa informação como evidência de possíveis problemas operacionais e até mesmo de problemas de segurança alimentar, quando nada poderia estar mais longe da verdade”, disse o presidente da Fundação do Instituto da Carne Americana, Jim Hodges.
A divulgação desses documentos mostra que os frigoríficos norte-americanos também não cumprem as exigências de controle sanitário que apontaram como graves em estabelecimentos brasileiros em inspeção feita no primeiro semestre no Brasil. Na ocasião, o governo brasileiro suspendeu as exportações de carne bovina para os EUA.
Fonte: Folha de S.Paulo, adaptado por Equipe BeefPoint