EUA: pecuaristas sentem efeitos da falta de crédito

O crédito escasso e os altos preços do trigo estão evitando que os pecuaristas dos Estados Unidos coloquem seu gado em estabelecimentos de engorda e também para pastar em pastagem de trigo.

Como resultado disso, os produtores estão encontrando menor demanda por animais para serem engordados em confinamento, o que está pesando nos preços à medida que aumenta a oferta. Também há um interesse reduzido por parte dos confinamentos, que também precisam de empréstimos bancários para rodar suas operações.

“Os banqueiros estão mostrando relutância em financiar a pecuária. Com a escassez dos créditos, eles têm desistido”, disse o analista de mercado pecuário da KIS/OKC Trading, um centro de leilões de gado em Oklahoma, Lane Broadbent.

No leilão de Oklahoma City, na segunda-feira, os novilhos e novilhas de menos de 800 libras (362,8 quilos) foram vendidos a US$ 2 a US$ 3 por 100 libras a menos do que na semana anterior e aqueles com mais de 800 libras foram vendidos a US$ 4 a US$ 5 por 100 libras a menos.

Os futuros de boi gordo da Bolsa Mercantil de Chicago (Chicago Mercantile Exchange – CME) para entrega de outubro a janeiro caíram com baixas nos contratos no comércio eletrônico na segunda-feira antes de subir de novo na terça-feira. Os preços futuros caíram de novo na quarta-feira.

“Temos que ficar preocupados e cautelosos de agora em diante por alguns meses por causa dos custos dos insumos que todos os nossos clientes têm visto aumentar dramaticamente”, disse o presidente da National Livestock Credit Corporation, Robert York. “Os engordadores de gado têm perdido dinheiro há vários meses”.

A National Livestock Credit Corporation, localizada em Oklahoma City, financia a indústria pecuária, desde as operações de cria até os estabelecimentos de engorda.

“Mas com a atual situação nos mercados financeiros, todos estão definitivamente assumindo a postura de que eles (estabelecimentos que emprestam dinheiro) estão sendo bem mais cautelosos”, disse York.

York notou que apesar de os financiamentos de longo prazo terem sido interrompidos, os de curto prazo continuam ocorrendo. “Nós somos uma instituição pequena e eu acho que em algumas instituições maiores, deve haver mais emoção em algumas dessas decisões de crédito por causa das outras coisas que os bancos precisam enfrentar além de seus clientes do setor agrícola”, disse ele.

Além da crise de crédito, os pecuaristas norte-americanos estão encontrando dificuldades para engordar seus animais em pastagem de trigo. Os futuros do trigo no Chicago Board of Trade (CBOT) atingiram recordes em 27 de fevereiro e, embora tenham sido comercializados a menos de US$ 7 na quarta-feira, os preços mais que dobraram com relação ao final de 2005.

Os futuros do milho no CBOT aumentaram para um recorde de US$ 7,65 em 27 de junho, mas caíram para menos de US$ 5, o que ainda é mais que o dobro do que o negociado no final de 2005.

Assim, com os altos preços do trigo, os pecuaristas estão hesitando em colocar seus animais em áreas de trigo, porque com isso ocorrem danos em parte deste trigo, o que não tem valido a pena por causa dos altos preços.

No entanto, com a queda nos preços do gado os comerciantes esperam um aumento na demanda. Deverá levar algum tempo para que a economia e o financiamento nos EUA melhorem o suficiente para aumentar a demanda por todas as categorias animais. A demanda por carne bovina com preços relativamente altos tende a diminuir em momentos de crise econômica, à medida que os consumidores cortam os gastos.

A reportagem é da Reuters, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.