Arroba bovina a R$ 350? O que ainda esperar em 2025
2 de setembro de 2025

EUA: Preços da carne bovina atingem recordes em meio à oferta restrita de gado

A mídia dos EUA tem destacado as altas nos preços da carne bovina neste verão, e os consumidores só agora começam a perceber a situação da indústria que vem se desenvolvendo há vários anos.

Os preços da carne estão sendo impulsionados pela oferta restrita de gado e pela valorização dos animais.

Em julho, o preço médio do varejo da carne bovina fresca foi de US$ 8,90 por libra (R$ 108,00 por quilo), um recorde. No fim de agosto, o preço da carne bovina Choice boxed beef atingiu cerca de US$ 412 por cwt (R$ 50,00 por quilo), o maior nível já registrado, exceto por duas semanas de interrupção na cadeia de suprimentos durante a pandemia.

Os preços no atacado e no varejo têm sido sustentados pela forte demanda dos consumidores e pela queda na produção de carne bovina, projetada para cair 3% ou mais em relação ao ano anterior.

Não há solução rápida, e a produção deve cair ainda mais em 2026 e possivelmente além disso. Os consumidores enfrentarão preços altos — e até mais altos — por pelo menos mais dois a três anos.

Oferta de carne cada vez mais apertada

Os estoques de confinamento caíram em agosto pelo oitavo mês consecutivo. O inventário de 10,92 milhões de cabeças foi o menor para o mês desde outubro de 2017.

As entradas em confinamento caíram mais de 6% em relação ao ano anterior nos últimos seis meses, sugerindo que os estoques continuarão em declínio. As saídas de confinamento também caíram mais de 5% no mesmo período, reduzindo o abate de animais terminados e a produção de carne bovina.

A produção caiu 2,7% nos primeiros sete meses do ano em comparação com o mesmo período de 2024.

A partir do segundo trimestre, a queda foi mais acentuada, chegando a 5,2% nos últimos 20 semanas. A produção de animais terminados recuou 1,5% neste ano em relação ao anterior, somando-se às quedas contínuas na produção de gado não confinado, que caiu 9,5% em relação ao ano passado, o que puxou a produção total para baixo depois de se manter estável em 2024.

Decisões difíceis para o setor

Produtores responderam aos preços inéditos vendendo animais, muitas vezes ainda não desmamados, no início do verão.

Os preços do gado de reposição subiram mais de 30% entre janeiro e agosto, enquanto os preços do gado terminado aumentaram mais de 21% no mesmo período. Esse tipo de venda reduz a oferta normal de outono e manterá os estoques de reposição limitados até o fim do ano.

Com o valor dos bezerros variando entre US$ 2.000 e US$ 3.000 por cabeça, os criadores continuam divididos entre vender todos os animais ou reter parte das fêmeas para reprodução.

Além disso, com vacas de descarte avaliadas entre US$ 2.000 e US$ 2.500 por cabeça, há incentivo individual para descartar seletivamente. No entanto, a taxa geral de descarte vem sendo reduzida, possivelmente em antecipação a esforços futuros de reconstrução do rebanho.

Um longo caminho pela frente

Os estoques de gado podem se estabilizar neste ano, e o rebanho de vacas de corte pode permanecer estável ou ligeiramente maior em 2026. Porém, as perspectivas de crescimento em 2027 são limitadas pelo pequeno número de novilhas de reposição disponíveis. Sem sinais de retenção significativa de fêmeas, as chances de crescimento do rebanho nesse período diminuem rapidamente.

Se a retenção começar nos últimos meses de 2025, essas novilhas poderão ser cobertas em 2026 e parir em 2027, com aumento da produção de carne somente em 2028, no melhor cenário. Caso a retenção não comece logo, esse cronograma será adiado em pelo menos mais um ano.

Enquanto isso, a oferta de gado fica ainda mais restrita, já que novilhas retidas deixam de ir para a engorda. Os preços do gado só devem atingir o pico entre alguns meses e até um ano e meio após o início da retenção.

Essa lenta reconstrução do rebanho sugere preços elevados por vários anos, com um pico suave em algum ponto do caminho. Para os consumidores, os custos continuarão altos por pelo menos mais dois a três anos.

Fonte: Farm Progress, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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