Peel previu que a carne bovina Choice passará de US$ 200 por libra nessa primavera, e caso não ocorra, “as questões da demanda são muito mais críticas do que eu percebo agora que elas são”.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de carne bovina do país declinará até 2016. O consumo está em redução e a oferta de boi gordo também está diminuindo. Em seu recente relatório sobre “Projeções Agrícolas do USDA para 2022”, a agência também previu que o consumo per capita de carne bovina não se recuperará pelos próximos 10 anos.
O relatório estimou que o consumo per capita de carne bovina em 2011 nos Estados Unidos foi de 57,3 libras (25,9 quilos), declinando para 56,8 libras (25,7 quilos) em 2012. A previsão é de que o consumo per capita se manterá no mesmo nível em 2013 e em 2022 estará em 54,8 libras (24,8 quilos).
O USDA projetou uma redução de 4,2% na produção de carne bovina comercial em 2013, seguida por um declínio de 2,1% em 2014 e 0,9% em 2015. Até 2016, espera-se que a produção de carne bovina aumente 2%, e continue aumentando lentamente até 2022.
Quanto ao preço do gado, não há sinal de queda. O USDA estimou que o preço pago ao produtor pelo boi gordo foi de US$ 113,25 por 100 libras (US$ 249,67/100 kg) em 2011, aumentando para US$ 121,16/100 libras (US$ 267,11/100 quilos) em 2012. A previsão é que o preço do gado fique em média a US$ 126,60/100 libras (US$ 279,10/100 kg) em 2013 e possa alcançar US$ 130/100 libras (US$ 286,6/100 quilos) em 2021.
Analistas consultados pelo MeatingPlace concordaram que mesmo com o recente fechamento da planta de Plainview, no Texas, da Cargill, que reduziu a capacidade de abate de 3% a 4%, o excesso de capacidade continuará afetando a indústria e as margens dos processadores diante da menor demanda.
“Eu acho que ambos, confinamentos e frigoríficos, ficarão sob pressão em 2013 e 2014 para aumentar a eficiência onde for viável e fechar as seções comparativamente menos eficientes em termos de custos”, disse o professor associado da Universidade do Estado do Kansas, Glynn Tonsor. “Estritamente, a situação de excesso de capacidade para ambos os segmentos piorou antes de melhorar – considerando o impacto temporal da retenção de novilhas – que podem bem levar a uma pressão nas margens”.
O especialista da Universidade do Estado de Oklahoma, Derrell Peel, concordou. “Eu acredito que exista um excesso de capacidade e que os frigoríficos ainda lutarão pela oferta limitada e pagarão mais do que podem realmente pelo boi gordo. O excesso de capacidade será ainda mais crítico nos próximos 2-3 anos, à medida que a oferta de gado continuará contraindo”. Peel disse que se a demanda melhorar, haverá menos necessidade de reduzir a capacidade, mas sem melhora na demanda, a indústria continuará a se estreitar até que um balanço seja reestabelecido.
Os analistas concordam que grande parte do futuro da carne bovina depende da demanda. “A maior questão se refere à demanda de carne bovina e do quanto e em que velocidade os preços da carne aumentarão”, disse Peel. “Se a carne bovina Choice subir para mais de US$ 200 por 100 libras (US$ 440,92/100 kg), que tem sido uma barreira significante até agora, isso ajudará nas margens dos frigoríficos e confinamentos”. Peel previu que a carne bovina Choice passará de US$ 200 por libra nessa primavera, e caso não ocorra, “as questões da demanda são muito mais críticas do que eu percebo agora que elas são”.
“A melhora na demanda por carne bovina tem sido e continua sendo chave”, disse o economista do Steiner Consulting Group, Altin Kalo. “Caso contrário, a indústria continuará encolhendo”. Com relação à queda no consumo per capita nos Estados Unidos, Kalo disse: “Para a indústria, não importa se os compradores de produtos com maior preço são dos Estados Unidos, ou japoneses, coreanos, chineses, europeus ou asiáticos”.
A reportagem é do MeatingPlace.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.