Hoje, dia 29 de maio, exatamente quando se cumprem 34 dias do fechamento do período de comentários no Registro Federal, o Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal (Animal and Plant Health Inspection Service – APHIS) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) publicou habilitação para que a carne bovina do Uruguai volte a entrar no mercado dos Estados Unidos.
A boa novidade foi confirmada na manhã de ontem pelo Embaixador dos EUA no Uruguai, Martin Silverstein, que junto ao presidente da República uruguaio, Jorge Batlle, ao secretário da presidência, Raúl Lago e ao ministro e vice-secertário de Pecuária, Agricultura e Pesca do país, Gonzalo González e Martín Aguirrezabala, foram à imprensa para informar os procedimentos e o resultado das gestões, tanto técnicas como diplomáticas, que concluíram com a re-habilitação do mercado norte-americano.
Silverstein, em nome do governo de seu país, tinha adiantado a informação ao presidente uruguaio que, pessoalmente, tinha feito gestões, há pouco mais de um mês, com seu par George Bush, em Washington, para que a decisão se concretizasse o quanto antes, uma vez superadas as exigências técnicas.
A autorização norte-americana permite a entrada de carne fresca, resfriada ou congelada, desossada e maturada, sempre e quando “se cumpra um número de condições e se estas condições forem certificadas por um veterinário oficial autorizado do Uruguai”, segundo estabeleceu o comunicado distribuído ontem pela secretária do embaixador Silverstein.
O documento recorda que, após o episódio de febre aftosa de abril de 2001, quando as exportações foram interrompidas, o Uruguai “adotou medidas efetivas e imediatas para controlar e erradicar a febre aftosa após o foco iniciai”. Desde então, “continua empregando medidas de controle, inclusive um programa de vacinação, controle de movimento de animais, de processos de maturação, de carnes desossadas e inspeções prévias e posteriores ao sacrifício dos animais, provas de pH e controles de fronteiras nacionais e internacionais, e não teve casos confirmados de febre aftosa a mais de um ano”, pelo que o governo “solicitou que o APHIS considerasse permitir a exportação de carne fresca (resfriada ou congelada) aos EUA”.
A notícia, que foi previamente divulgada na terça-feira pelo serviço Conexão Agropecuária da consultora Blasina & Tardáguila entre seus assinantes, informa que “a partir da publicação se inicia um breve período de ajuste no formato dos certificados sanitários dos respectivos países. Poderá começar a produzir para este mercado a partir de domingo, dia 17 de junho”.
O relatório desta consultora diz também que o APHIS confirmou que aceita a recomendação uruguaia de reduzir para 24 horas o tempo necessário de maturação da carne, o que é considerado muito importante por parte da indústria frigorífica local.
O processo de reabertura do mercado dos EUA para a carne bovina uruguaia, fechado após o surgimento da epidemia de febre aftosa no país sul-americano em abril de 2001, teve início desde então, com a informação que os Serviços Pecuários do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) permanentemente enviando a seus pares do APHIS. Em julho de 2002, chegou ao Uruguai uma missão sanitária do Nafta (Canadá, EUA e México), que realizou uma inspeção em diferentes áreas (estabelecimentos pecuários, frigoríficos, fronteiras, documentação), fazendo uma análise de risco cujos resultados foram conhecidos em dezembro, quando o Canadá habilitou a entrada de carne uruguaia.
Os EUA têm regras diferentes de seu país vizinho, de forma que o processo de reabertura às carnes do Uruguai demorou mais tempo, incluindo a abertura do Registro Federal para receber comentários por 60 dias, que depois, a pedido da Associação Nacional de Produtores de Carne do país, estendeu-se por mais 15 dias.
Os 28 comentários recebidos – mais um da federação Nacional de Produtores de Leite, que foi recebido mais tarde – foram respondidos nestes 34 dias pelas autoridades do APHIS, entendendo-se finalmente que a carne uruguaia não implica nenhum risco de contágio de aftosa para a pecuária dos EUA, de forma que este país reabilitaria o acesso do Uruguai a este mercado.
Nas carnes uruguaias que serão processadas a partir do próximo domingo nas 13 plantas frigoríficas habilitadas pelos EUA, o Uruguai deverá cumprir com sua cota anual de 20 mil toneladas de produto dessossado em sete meses. Além das 20 mil toneladas da cota, o Uruguai pode exportar o volume que desejar, sempre, pagando uma tarifa de 26,4%.
Desde outubro de 1995, quando os EUA autorizaram pela primeira vez a entrada de carne uruguaia, o total da cota foi cumprido em 1996, 1997 e 1999. Em 1995, não se fez por razões de tempo, em 1998 porque a região pagava mais pelo produto e em 2000, porque o foco de aftosa que apareceu em Artigas não permitiu, e em 2001, porque se desencadeou a epidemia que acometeu todo o país.
Apesar de no início os principais cortes enviados eram dianteiros e cortes para industrialização – utilizados para a elaboração de hambúrgueres -, nos últimos anos estava crescendo o envio de cortes de maior valor, incluindo os traseiros.
Quando em 1995 o Uruguai conseguiu entrar no mercado dos EUA, este país estava passando por um momento de piores preços da história de comercialização da carne. Agora, o país norte-americano se encontra frente ao pico mais alto da história, com relação ao valor do produto.
Diante do fechamento das importações do Canadá devido ao caso de vaca louca registrado na semana passada, os EUA, que são o segundo maior exportador mundial de carnes e o principal importador do mundo, só pode importar carne da Austrália, Nova Zelândia, México e alguns países da América Central.
Atualmente, o Uruguai está vendendo a tonelada de carne ao Canadá por US$ 1200. A expectativa que existe com relação aos negócios com os EUA vai de US$ 1800 a US$ 2000.
No entanto, isso ocorreria de forma gradual segundo os operadores uruguaios, porque há mais de dois anos que não se concretizam negócios e isso requer um período de “reconhecimento” entre ambas as partes, até que as compras adquiram fluidez.
Fonte: El Pais, adaptado por Equipe BeefPoint