Brasil tem boi gordo mais valorizado da América do Sul
27 de janeiro de 2012
Frigoríficos podem ser obrigados a informar dados de abate ao MAPA
27 de janeiro de 2012

EUA: rebanho bovino pode ser o menor em 60 anos

Uma seca devastadora, custos recordes com ração e competição intensa por áreas com lavouras de maior retorno estão acelerando o declínio do rebanho bovino dos Estados Unidos, que é previsto para ser o menor em seis décadas este ano.

O relatório bianual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que sai na sexta-feira (27), deve mostrar uma queda de 1,4% no número de animais no país, ante um ano atrás, o que deve impulsionar os preços futuros (já em níveis recordes), puxar os preços da carne a novas máximas e corroer o resultados de frigoríficos, como Tyson Foods Inc. Analistas consultados esperam que os dados do USDA mostrem um rebanho bovino de 91,26 milhões de cabeças, o menor desde 1952 e abaixo dos 92,58 milhões de um ano atrás.

Enquanto dados mensais mostrando o forte declínio do número de animais que seguem para confinamento já colocaram o foco na diminuição da oferta no curto prazo, o número a ser divulgado deve destacar a diminuição dos estoques de vacas e bois por meses, talvez anos – mesmo diante do boom das exportações.

“Este relatório (sexta-feira) é esperado para confirmar o que as pessoas já estão pensando sobre isso”, disse Jim Robb, um economista do Centro de Informação Comercial do Rebanho, em Denver. Ele disse que os preços da carne bovina no atacado deverão atingir máximas recordes em 2012 e 2013.

A seca no sul das Planícies, que se estendeu durante quase todo o ano passado, foi principal fator que levou criadores a liquidar seus rebanhos. Eles também venderam bezerros para levantar recursos. “Falta forragem no Texas e ela é alimento básico aqui. Nós basicamente tivemos de importar forragem”, disse James Gray, gerente geral da Graham Land and Cattle Co., uma propriedade na área centro-sul do Texas que pode abrigar até 30 mil cabeças de gado.

Gray disse que a falta de gado é tão grande nesta área que ele tem recebido pedidos de compradores da Tyson Foods e da subsidiária norte-americana do frigorífico brasileiro JBS distante cerca de 500 milhas ao norte. “Os grandes frigoríficos como a Tyson e JBS estão lutando para conseguir linhas de oferta e estão buscando novos parceiros”, disse ele sobre as companhias que estão chegando a ele para abrir nova fonte de oferta de gado para suas operações de processamento.

Alguns criadores estão transferindo seus rebanhos para o norte, aumentando a competição com produtores agrícolas pelas áreas escassas. Os altos preços do milho, soja, trigo e algodão vêm estimulando o plantio em cada acre disponível deixando menos áreas para pastagens. Robb disse que a seca no sul das Planícies e o alto custo do milho estão mudando o cenário para indústria bovina, acrescentando que os pequenos confinamentos (menos 1 mil cabeças) podem ser forçados a fechar enquanto as processadoras de carne poderão fechar algumas unidades face à escalada dos custos.

Comentário BeefPoint: assim que o relatório do USDA for publicado vamos analisar e montar uma matéria com mais detalhes sobre a situação atual da pecuária nos EUA e sua influência no mercado internacional.

Fonte: Reuters, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

6 Comments

  1. Lucas Moreira da Silva disse:

    Até que ponto será que essa crise de declínio no rebanho dos EUA poderá favorecer as exportações de carne brasileira? Já que no Brasil as ofertas de boi gordo para 2012 parecem não estarem tão significativas também para atender as demandas…

  2. Daniel Ferreira de Assis disse:

    Foi transmitida uma matéria dizendo que os EUA poderão bater o recorde de exportação de carne bovina em 2012 . Mas aí vem uma notícia dessa. Alguém poderia me ajudar a entender a real situação?

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Sim Daniel, a exportação está crescendo ao mesmo tempo que o rebanho diminui. A conclusão é que esse cenário não é sustentável no longo prazo. Os EUA estão muito preocupados com isso. O rebanho é o menor desde 1970, apesar da exportação ter crescido por um maior abate, consumo interno estável/menor e dólar fraco.
      Abs, Miguel

  3. Jose Brigido Pereira Pedras Junior disse:

    Há outras regiões que podem contribuir para com maior produção de bovinos minimisar os efeitos negativos dos EEUU?
    Como ficara o Brasil nesse contexto? Nossa carne bovina terá melhor preço? Eis as questões que, estou certo, terão respostas, dentre outros, pelo Beefpoint. Grato. Jose Brigido Pereira Pedras Junior.

    • Miguel da Rocha Cavalcanti disse:

      Olá José, obrigado pelo comentário.
      O Brasil e Índia estão se destacando pelo aumento da produção nos últimos anos.
      Em 2011, EUA e Austrália exportaram muito. Os Eua exportaram muito devido a um grande abate de animais por conta de intensa seca.
      A expectativa é de que o Brasil cresça em importância, mas a demanda vai continuar crescendo mais rápido que a oferta, o que é bom para preços firmes.

  4. max hammerschmidt disse:

    Caros amigos, o sudeste brasileiro, em especial o Estado de SP; e agora o MS passa por fenômeno parecido com o que ocorre nos EUA – a redução das áreas destinadas à pecuária. O eucalipto, a cana de açúcar e outras culturas estão surgindo como alternativas para os produtores do MS. O MS já teve rebanho superior ao que tem hoje e a tendência é de diminuição. Max Hammerschmidt – Brasília-DF.