Panorama semanal: com leve alta em relação à semana anterior, indicador boi gordo à vista segue em alta
11 de abril de 2013
Luciana Casanova: lentidão do mercado de carne bovina é responsável por três elementos do setor
11 de abril de 2013

EUA renomeia 350 cortes de carnes: direcionador de vendas ou receita para confusão?

A medida foi tomada após uma extensiva pesquisa junto aos consumidores feita pelo Beef Checkoff e Associação Nacional de Carne Suína que mostrou que os consumidores achavam os nomes existentes dos cortes de carne muito longos e confusos e, em alguns casos, até mesmo desagradáveis.

A indústria de carnes dos Estados Unidos está renomeando 350 cortes de carne bovina e suína para fornecer um sistema de rotulagem mais uniforme e que agrade mais aos consumidores. A medida foi tomada após uma extensiva pesquisa junto aos consumidores feita pelo Beef Checkoff e Associação Nacional de Carne Suína que mostrou que os consumidores achavam os nomes existentes dos cortes de carne muito longos e confusos e, em alguns casos, até mesmo desagradáveis. A pesquisa sugeriu que melhores rotulagens da carne poderia resultar em melhores vendas, com 63% dos consumidores pesquisados indicando que experimentariam um novo corte de carne após serem introduzidos os novos nomes e rótulos e 77% dizendo que procurariam uma loja que usasse a nova nomenclatura.

Os Padrões de Identidade Uniforme de Carnes no Varejo (URMIS) foi estabelecido em 1973 para fornecer uma nomenclatura padronizada para cada item de carne vermelha do varejo. Entretanto, isso foi designado para as necessidades dos varejistas e açougueiros e o fato de ser bastante baseado nas referências anatômicas foi citado como motivo de criar confusão a nível de varejo.

A confusão apresentou um obstáculo aos compradores, com a pesquisa indicando que os atuais rótulos deixam os consumidores sem saber o que está sendo oferecido, como preparar esse corte ou até mesmo de qual animal vem. Isso, por sua vez, leva os consumidores a recorrer à opção padrão de comprar poucos cortes com os quais estão familiarizados.

O diretor de inteligência de mercado do Beef Checkoff, Trevor Amen, explicou que o sistema antigo não comunica efetivamente com o consumidor. Segundo ele, “se você é um açougueiro, você realmente sabe de qual parte do animal vem o corte. Mas se você é um consumidor, você só quer saber o que é isso e o que fazer com isso”.

O novo sistema de rotulagem inclui um nome favorável ao consumidor para cada corte, como ponta de lombo assado, lombo assado ou espetinhos; descrições relevantes de suas características, como “carne bovina, com osso”; e um método de preparo ou outra informação útil, como “grelhe para obter melhores resultados”.

Um exemplo de como nomes anatomicamente baseados receberam uma revisão mais favorável ao consumidor é o corte anteriormente conhecido como “beef bottom round heel side boneless” que será agora chamado de “merlot steak”. Em alguns casos, os novos rótulos também cruzarão espécies. Um corte de lombo com osso será chamado de T-bone, seja suíno ou bovino.

A medida é a primeira importante revisão da nomenclatura da indústria em 40 anos e será estendida para incluir cortes de carne de cordeiro e de vitelo. O URMIS sempre foi um sistema voluntário na indústria varejista dos Estados Unidos, mas é usado em 85% das lojas. Os varejistas que não o empregam precisam usar rótulos alternativos, aprovados pelo Governo Federal, ou enviar sua própria rotulagem para inspeção. Os novos rótulos deverão ser introduzidos nos departamentos de carnes no verão do país, bem no momento de pico da estação de churrasco.

Porém, algumas preocupações surgiram se essas novas mudanças não levarão a mais confusão ainda. O site de notícias sobre alimentos da CNN “eatocracy”, por exemplo, questionou se os consumidores entenderão o que comprar quando os livros de receitas publicados anteriormente ainda se referem aos nomes antigos dos cortes.

As pessoas saberão comprar uma “costeleta New York” se a receita de carne suína pedir por uma “costeleta de lombo”? E sobre os cozinheiros mais velhos que cresceram com os nomes antigos, como “alcatra suína”, agora chamada de “lombo de perna”?

De acordo com o especialista em marketing federal agrícola, Bucky Gwartney, a intenção não foi confundir os consumidores, mas existem algumas situações onde isso certamente poderá acontecer. Bucky trabalhou com a indústria de carnes para formular as mudanças. Ele afirma: “tentamos nos certificar de que embora algumas dessas mudanças tenham sido bastante dramáticas, que ainda fossem baseadas no corte original (da carne)”.

Não há dúvidas de que nomes diferentes frequentemente são usados para rotular alguns cortes de carnes em outros países, como na Austrália, com variações particularmente evidentes entre os estados. O AusMeat Domestic Retail Beef Register fornece um ampla lista de diferentes nomes que são considerados aceitáveis para usar a nível de varejo para cada corte de carne bovina. Por exemplo, Striploin pode também ser chamado na Austrália como Sirloin, Porterhouse, New York ou Entrecote. Cube roll também pode ser chamado de rib-eye, rib-fillet e scotch fillet.

O açougueiro de Brisbane, Rat Kelso, que é presidente do conselho nacional de varejo do Conselho Australiano da Indústria de Carnes, disse que não estava sabendo de planos do país de seguir os Estados Unidos na renomeação dos cortes de carnes. Ele disse que as variações entre os nomes dos cortes de carne somente tendem a causar confusão quando os clientes compram fora de sua região. Um comprador de Victoria, por exemplo, pediria por um scotch fillet, que em Queensland é conhecido como rib-fillet. Kelso também disse que qualquer medida para mudar o nome dos cortes de carne somente garantiria confusão.

Ele acredita que os esforços seriam mais bem focados na educação dos fornecedores de alimentos e nos consumidores sobre como preparar a carne. O público não se importa realmente sobre do que é chamado.

O gerente geral da rede de supermercados Coles, Allister Watson, disse que o processo de nomear cortes deveria realmente ser direcionado pelos consumidores e pelo que eles reconhecem mais facilmente. Embora a Coles use termos diferentes de cortes em diferentes estados em alguns itens, baseado em termos locais populares, predominantemente eles são os mesmos em toda a Austrália.

Watson disse que na visão da Coles, o termo “corte New York” mais tipicamente se refere ao filé porterhouse com corte grosso, trazendo um elemento adicional à equação de descrição dos cortes. Tendo dito isso, não é difícil encontrar “New York Cut” no varejo de Melbourne, Sydney e Brisbane que são cortados bem finos.

Watson disse que uma das atuais falhas no sistema de classificação do Meat Standard Australia (MSA) relacionada à proposta de três, quatro e cinco estrelas em um sistema de descrição, foi que os consumidores claramente entendem rump, sirloin e porterhouse, mas não entendem como são classificados através de estrelas. Essencialmente, eles veem a descrição do corte como um determinante de qualidade ao invés de qualquer distinção baseada em estrela.

Prevendo resultados da reunião do comitê diretor do MSA no modelo de otimização, Watson disse que a Coles tem preocupações sobre a atual direção do programa MSA. A Coles continuará ficando por trás de sua qualidade, usando muito dos princípios MSA, mas chamar o produto de MSA no varejo não mais garante qualidade.

A reportagem é do Beefcentral.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.