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EUA: seca e alta dos grãos podem diminuir oferta de animais confinados, diz associação de confinadores

O presidente e diretor executivo da Associação de confinadores do Texas, nos Estados Unidos, Ross Wilson, disse que o ano de 2011 foi difícil e que 2012 também será para os confinamentos que sua organização representa no Texas, Oklahoma e Novo México.

Ele falou com Ron Hays na Conferência de Verão da Indústria Pecuária em Denver e disse que a atual seca é grande responsável por estas dificuldades. “Esta seca continua sendo maior, ao que parece, dia após dia. Ela está afetando as primeiras colheitas de milho de forma mais dramática do que provavelmente ocorreu nos anos anteriores. E todos estamos vendo os preços do milho. A salvação vinda de um 2011 muito difícil em Texas e Oklahoma (parte mais sudoeste dos Estados Unidos) com o rebanho declinando, foi que nossos preços de ração parecem estar Ok”.

“Os animais que estão deixando os confinamentos estão perdendo pelo menos US$ 200 por cabeça e, em alguns casos, mais. Então, isso está realmente testando a força de vários confinadores e de muitos produtores. Eles têm essa força, mas é lastimável que depois do que ocorreu em 2011 tenhamos que enfrentar uma situação similar em 2012”. Wilson disse que muitos produtores esperavam reconstruir seus rebanhos em 2012, que caíram por causa da seca de 2011, mas a esperança até agora não se concretizou. “A situação das pastagens não está permitindo isso”.

Uma coisa boa em meio à crise do ano passado foi que os preços do gado se mantiveram razoavelmente bem. Isso até junho e julho desse ano, quando quedas dramáticas aconteceram para boi gordo e bezerros. “Vemos um tremendo impacto na cadeia de produção pecuária, principalmente por causa da seca, mas como se sabe, com mais de 5 bilhões de bushels, o maior consumidor de milho agora nesse país é o etanol. E ainda estamos trabalhando duro para ver se não podemos reduzir o decreto do padrão de combustíveis renováveis (RFS, sigla em inglês)”. A RFS regula a mistura de etanol à gasolina nos EUA.

“Já existem algumas companhias que estão importando milho do Brasil. Esses números não são significantes e não fizeram diferença no que se refere às ofertas, mas psicologicamente eu espero que pelo menos mande a mensagem de que esse mercado de milho não está bem”.

“A seca fez uma parte disso e o etanol já tinha entrado em questão. As ofertas ficariam escassas de qualquer forma e agora temos uma seca prejudicando a nova colheita de milho. Então, espero que nossos legisladores em Washington parem, recuem e vejam: temos milho importado vindo do Brasil. Temos exportações recordes de etanol. Temos exportações recordes de grãos secos de destiladores (DDGs). E estamos gastando o dinheiro dos cidadãos que pagam impostos para subsidiar a produção de etanol – uma produção obrigatória”.

Os menor rebanho americano deixou alguns dos confinamentos de Wilson procurando por animais de reposição, com muitos recorrendo ao México para preencher a lacuna. Agora, à medida que a seca piora no sul da fronteira, esses números estão caindo, disse Wilson. Ele disse que acha que essa compra de animais do México não parará totalmente, mas que haverá uma queda significativa se não chover.

“O México tem sido nosso cliente número um ou número dois de carne bovina há anos e existe um bom relacionamento com esse país. O nível recorde de um milhão e meio de cabeças que importamos no ano passado deverá cair pelas razões que citamos. E, de fato, esse nível é exagerado, porque a seca estava empurrando o gado para o norte em busca de pastagens mais verdes. E eles vieram, de fato, alguns com os pesos mais leves que alguns de nossos membros já viram”.

“Nossos associados estão buscando gado em áreas do país que não buscavam. Como dissemos, o nível de ocupação está baixo. Temos alguns membros com confinamentos completamente cheios, mas há outros que costumavam somente terminar seus animais em 100% de sua capacidade e que agora passaram a recriar e terminar. E temos alguns outros que mudaram totalmente seu modelo de negócios e estão agora criando os animais do desmame até estarem prontos para engorda. “Essas são mudanças estruturais e a questão é se eles voltarão com a capacidade total de terminação do gado. Só o tempo nos dirá”.

A reportagem é do Oklahoma Farm Report, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

2 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Que me perdoem os usineiros de cana brasileiros e de milho americanos, mas nunca entendi a lógica macro da defesa do biocombustível. A análise de impacto precisa ser mais ampla. Trocar comida por combustível pode fazer certo sentido em momentos de fartura, mas em momentos de escassez é loucura completa.

  2. Massilon J. Araújo disse:

    A lógica da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar está correta, enquanto a partir do milho….Incorretos são os preços baixos históricos do milho e os preços baixos atuais do peso vivo de animais, como está acontecendo com suínos. Incorreta é a política externa do país em relação a Rússia, África do Sul e outros mercados com restrições às importações de produtos procedentes do Brasil.
    Estados Unidos historicamente subsidiaram a produção e realizaram reserva de mercado, com elevadas tarifas … que comprem o milho caro do Brasil!….E que os preços elevados cheguem aos agricultores brasileiros: eternos sustentáculos da economia do país.
    Massilon J. Araújo – Engº. Agrônomo