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EUA: setor discute plano de rastreabilidade e propõe alterações

O editor da revista Drovers, John Maday, fez um comentário sobre o plano de rastreabilidade dos Estados Unidos. Segundo ele, a maioria dos membros da indústria de carne bovina do país concorda que há necessidade de algum tipo de sistema nacional para rastrear o movimento dos animais para auxiliar nas intervenções relacionadas a doenças. No entanto, a forma como o sistema deve ser feito e qual o papel dos produtores nele ainda é um pouco mais controverso, segundo ele.

O editor da revista Drovers, John Maday, fez um comentário sobre o plano de rastreabilidade dos Estados Unidos. Segundo ele, a maioria dos membros da indústria de carne bovina do país concorda que há necessidade de algum tipo de sistema nacional para rastrear o movimento dos animais para auxiliar nas intervenções relacionadas a doenças. No entanto, a forma como o sistema deve ser feito e qual o papel dos produtores nele ainda é um pouco mais controverso, segundo ele.

Maday disse que o programa proposto está tomando forma, com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgando uma atualização de seu plano de rastreabilidade em janeiro e uma lista de dispositivos de identificação aprovados, bem como os fornecedores, em fevereiro desse ano. Em setembro de 2010, a agência divulgou seu plano completo e, desde então, recebeu comentários públicos e recomendações de seu grupo de trabalho da regulamentação de rastreabilidade, resultando nas últimas revisões. O USDA projeta que a norma proposta de rastreabilidade será publicada em abril de 2011, com a norma final publicada 12 a 15 meses depois.

No final de agosto do ano passado, o Instituto Nacional para Agricultura Animal (NIAA) e a Associação de Saúde Animal dos Estados Unidos (USAHA) fizeram um fórum conjunto sobre rastreabilidade em Denver, com a participação de produtores, veterinários, oficiais de saúde animal do Governo federal e estadual e organizações da indústria.

O fórum foi designado a promover discussões abertas sobre o plano, resolver desafios e construir consensos sobre os próximos passos. Durante o fórum, os participantes chegaram a um consenso sobre uma série de assuntos, incluindo:

– Existe uma necessidade significante de um sistema mais efetivo e eficiente de rastreabilidade de doenças animais nos Estados Unidos;

– Um sistema de identificação de animais para engorda deveria ser requerido assim que os critérios e parâmetros de referência estabelecidos indicarem que a identificação de animais adultos foi obtida;

– Identificadores baratos são aceitáveis como forma oficial de identificação como base, mas a opção de usar identificação eletrônica deve continuar sendo permitida;

– Marcas devem ser permitidas como identificação oficial; desde que os dois estados (origem e destino) tenham concordância com relação ao movimento e que as informações da marca fornecem o ponto original da origem.

Após o fórum, a NIAA e a USAHA divulgaram um documento chamado “Reações, Soluções e Consenso no Fórum Conjunto de Estratégias sobre Rastreabilidade de Doenças Animais”, que pode ser lido online (http://www.animalagriculture.org/Solutions/Proceedings/Joint%20Forum/2010/White%20Paper.pdf). Em seu plano revisado divulgado em janeiro, o USDA incorporou muitas das recomendações apresentadas nesse documento. Porém, nem todos concordam com essas recomendações ou com o plano do USDA. A organização R-CALF USA na semana passada distribuiu um texto chamado “Deal breakers in USDA’s new Animal Disease Traceability Framework”, que ataca a decisão de eventualmente requerer rastreabilidade para animais de engorda movimentados entre os estados, bem como para animais mais velhos.

Durante o fórum de agosto, a questão dos animais colocados para engorda gerou discussões consideráveis. Vários participantes expressaram preocupação que a identificação requerida e os registros de envios interestaduais de gado para colocação em engorda iria sobrecarregar o sistema e a capacidade dos produtores de cumprirem com ele. O grupo de forma geral concordou, entretanto, que um sistema viável de rastreabilidade eventualmente precisaria inclui-los, já que são responsáveis pelo maior volume de movimentações e grande parte do risco de disseminar doenças infecciosas. Por essas razões, o grupo recomendou uma abordagem por fases, dando tempo para trabalhar as questões do sistema antes de incorporar os requerimentos para esses animais colocados para engorda.

O USDA adotou essa recomendação e o plano atualizado afirma que “para ganhar suporte da indústria para incluir o setor de bovinos mais jovens no requerimento oficial de identificação quando há movimento interestadual, o APHIS estabeleceu uma abordagem em fases”. O plano propõe começar com os bovinos de cria em 2012, avaliando o progresso durante 2013 e 2014 e fazendo a identificação de todos os movimentos entre estados a partir de 2015, se os vários padrões de desempenho forem cumpridos.

Para métodos de identificação, o plano especifica que os identificadores de orelha oficiais do USDA são os padrões “mínimos” para identificação. Esses podem ser identificadores visuais ou eletrônicos usando números de identificação animal de 15 dígitos.

O plano, entretanto, não retirou completamente a licença do uso de marcas como um método de identificação. O relatório afirma que “a regulamentação especificará formas autorizadas de identificação oficial para cada espécie que precisa ser aceita por todos os Estados. Entretanto, também permitiremos que os animais se movimentem entre dois Estados com outra forma de identificação (como marcas, por exemplo) como concordado por oficiais de saúde animal em duas jurisdições”. A lista de dispositivos oficiais de identificação animal do USDA está disponível online (http://www.aphis.usda.gov/traceability/downloads/AIN_device_list.pdf).

De forma geral, o USDA trabalhou com a participação da indústria para construir um plano que é relativamente simples, flexível e permite tempo para implementação e cumprimento. Embora o plano tenha mudado para aumentar as responsabilidades de implementação pelos Estados, também pede um financiamento federal – de US$ 14 milhões em 2011.

As informações são da Drovers, traduzidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Os americanos não têm nada parecido com a GTA. Basta implementar algo semelhante e os problemas deles estarão resolvidos.

    A Lei Ordinária 12097/2009, DOU 25/11/09 PÁG 02 COL 02, produzida no Congresso Nacional Brasileiro, seria um bom ponto de partida para eles, que em boa hora perceberam que o uso de brincos em todo o rebanho seria um tremendo tiro no pé.

  2. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    O Uruguai tem um sistema de GTAs muito melhor que o nosso. Sua maior vantagem sempe foi a identificação única e nacional de todas as propriedades em uma mesma base. Certamente as dimensões do pais facilitaram atingir esta condição. Ainda estamos longe mas chegaremos lá. E mesmo assim eles tiveram necessidade de implantar um sistema de rastreabilidade individual de todo o rebanho, com identificadores eletrônicos.

    Também já profeciaram antes o término do sistema de rastreabilidade bovina americano, celebrando sua morte, mas pelo visto ele se recusa a morrer pelo simples fato que há necessidade real de melhorias nas ferramentas de auxílio a defesa animal existentes.

    Mas concordo que não é possível num pais com as dimensões do Brasil e com ínumeras realidades regionias e mesmo inúmeras realidades dentro dentro de cada região propor um sistema único e rígido de rastreabilidade.

    Acredito em sistemas adequados para cada uma destas realidades. Deste melhorias no sistema de emissão de GTAs a identificação indivudual dos animais com brincos eletrônicos. E creio que o mesmo se aplique aos USA.