A Smithfield Foods Inc. está adquirindo os débitos dos credores da companhia Farmland Industries Inc., em uma estratégia que visa a aquisição dos ativos do setor de carnes da cooperativa agrícola, de acordo com documentos do processo de falência da Farmland.
A Smithfield, maior processadora de carne suína do mundo, não está fazendo nenhum segredo de seu interesse nas unidades de carne bovina e suína da Farmland, que estão entre as maiores dos Estados Unidos. Porém, a Farmland vem recusando repetidamente estas propostas, na esperança de sair do processo judicial de falência mantendo suas unidades de carnes intactas.
“As propostas da Smithfield para a Farmland para entrar com negociações de venda em benefício de todos os credores estão sendo repetidamente negadas pelo devedor, deixando a Smtihfield sem alternativas senão comprar as obrigações de pagamento para ter voz ativa”, informou recentemente a companhia.
A companhia está comprando as ações através da subsidiária chamada Debt Acquisition Co. of America. A Smithfield não revelou o valor da dívida adquirido até agora, mas os advogados da Farmland disseram que acreditam ser uma quantidade muito pequena.
No entanto, um impasse despertou uma batalha junto à Corte de Falência dos EUA, em Kansas City, na semana passada, quando a Farmland tentou limitar a quantidade de dívida que possa ser comprada. A cooperativa pediu à corte que limitasse o comércio de ações para US$ 5 milhões, citando as possíveis conseqüências negativas referentes aos impostos que isto poderia gerar aos produtores rurais que são proprietários da cooperativa.
“Este número foi conduzido baseado nas conseqüências referentes aos impostos em nossas perdas operacionais líquidas que derivarão do comércio das dívidas”, disse o advogado da Farmland, Laurence Frazen.
Frazen disse que na semana passada os advogados da Farmland e da Smithfield negociaram um compromisso que resolveria este problema, mas não forneceu detalhes. Ele disse que a posição da Farmland não é de um adversário e não está direcionada especificamente à Smithfield. Além disso, ele disse que se a cooperativa resolver colocar seus ativos do setor de carnes à venda, a Smithfield provavelmente será uma das empresas com quem a Farmland falará.
A Farmland, que foi colocada formalmente sob proteção de falência em 31 de maio devido à grande carga de dívidas, atualmente está se concentrando em vender suas unidades de fertilizantes. O primeiro interessado deverá se apresentar à corte neste mês.
Porém, antecipando as coisas, a Farmland selecionou o banco de investimentos Goldsmith Agio para começar o processo de avaliação de seus ativos do setor de carnes no caso da cooperativa decidir vender as ações do setor de carne bovina ou for forçada a vender suas operações de carne suína. A cooperativa pretende obter aprovação da corte até o final deste mês para começar o processo.
A Farmland tem a sexta maior unidade de produção de carne suína dos EUA e a Farmland National Beef, uma parceria na qual a cooperativa é proprietária da maioria das ações, é a quarta maior processadora de carne bovina dos EUA.
Os negócios de carnes estão sendo vistos como a “jóia” da Farmland, e representantes da companhia determinaram que esta é a melhor chance de sair da falência, enquanto a preocupação atual é manter o foco nas operações de carne suína, que está apresentando um crescimento saudável.
Se a Smithfield conseguir comprar as operações de carne suína da Farmland, apenas adicionará dominância à companhia, que no ano passado produziu cerca de 2,31 bilhões de quilos de carne suína.
A Smithfield tinha demonstrado seu interesse nas unidades da Farmland um pouco antes da companhia entrar em processo de proteção por falência, em maio. O porta-voz da Smithfield, Jerry Hostetter, reafirmou este interesse, dizendo que a companhia está interessada em comprar tanto os negócios de carne suína, como os de carne bovina. “Nós estamos interessados nos dois”, disse ele.
A Smithfield é dona e opera propriedades de criação de suínos com cerca de 700 mil animais em Carolina do Norte, Carolina do Sul, Virginia, Utah, Colorado, Texas, Oklahoma, Dakota do Sul, Missouri, Illinois, México, Brasil e Polônia.
Fonte: Reuters (por Carey Gillam), adaptado por Equipe BeefPoint