A Tyson Foods Inc., segunda maior processadora de carne bovina dos Estados Unidos, anunciou que suspenderá as compras de bovinos que foram submetidos a tratamento com o beta-agonista zilpaterol, comercializado pela Merck com a marca Zilmax.
Em uma carta enviada aos criadores de gado, Tyson indicou que pararia de aceitar animais que recebessem o promotor de crescimento a partir de 6 de setembro de 2013, como uma medida provisória, enquanto a companhia revisa as preocupações de bem-estar animal relacionadas ao produto.
De acordo com a Reuters, os rumores dessa medida da Tyson provocaram uma alta acentuada nos futuros do gado na Chicago Mercantile Exchange (CME) na quarta-feira. A remoção do Zilmax das rações levaria a uma queda no peso do gado, resultando em menos carne disponível e provavelmente aumentando seu preço.
Os futuros do gado para outubro na CME foram limitados a aumentar em 3 centavos por libra, o limite da bolsa para mudanças de preços em um dia, para US$ 1,27674 a libra. Os futuros de outubro e dezembro alcançaram os maiores valores em quatro meses. Outros contratos de animais vivos aumentaram bastante, com agosto aumentando em 2,25 centavos, ou 1,9%, para US$ 1,234775 por libra. O boi gordo para agosto na CME recentemente aumentou em 1,635 centavos, para US$ 1,542 por libra.
Alguns comerciantes consideram que essa notícia será negativa para o setor de engorda de gado. Sem o Zilmax, os confinamentos terão que fornecer mais milho ou vender seus animais a pesos menores, pressionando suas margens de lucros e reduzindo o preço que podem pagar pelo gado para engorda, segundo eles argumentam.
A carta da Tyson aos criadores afirma que há casos frequentes de bovinos sendo enviados para processamento que estão com dificuldade para andar ou incapazes de se mover. Não se sabe a causa específica desses problemas, mas alguns especialistas em saúde animal sugeriram que o uso do suplemento alimentar Zilmax pode ser uma possibilidade.
A Merck Animal Heatlh emitiu uma nota reiterando que os benefícios do Zilmax estão bem documentados e a companhia disse que o produto passou por testes rigorosos por 30 anos. Afirma que a empresa ofereceu assistência técnica, tanto de especialistas internos como externos, para ajudar a Tyson a entender o que está por trás dos casos em suas instalações. A Merck Animal Health está confiante nas extensivas pesquisas e dados por trás do produto e no fato de que sua segurança está bem demonstrada.
O site da Tyson mostra que a companhia tem 26% do mercado de carne bovina dos Estados Unidos e processa 132.000 cabeças de gado por semana. As ações da Tyson aumentaram nessa semana após a companhia ter reportado na segunda-feira que a forte demanda por carnes direcionou um aumento maior do que o esperado nos lucros trimestrais.
Grandes importadores como a Rússia e a China adotaram recentemente embargo à substância similar usada na alimentação suína, a ractopamina.
Cargill e JBS
A Cargill , a terceira maior produtora de carnes do país, disse que não planeja alterar a forma atual de compra de gado. O porta-voz da National Beef, a quarta em carne bovina nos EUA, não comentou sobre o assunto. E a JBS USA não retornou e-mails e ligações para comentar o assunto.
Se tirar o Zilmax da equação combinado com o rebanho em seu menor nível em 61 anos devido à seca do ano passado, isso significaria menos carne bovina e preços mais altos para os consumidores.
Zilmax, fabricado pela Merck & Co Inc, é o produto mais recente de uma linha popular de betagonistas, sendo usado para ajudar no ganho de peso e na qualidade da carne.
O aditivo, que é aprovado pelo órgão de segurança alimentar do país (FDA), é misturado à ração e dado aos animais na etapa final do confinamento (engorda de animais em sistema fechado).
Dennis Smith, um corretor da Archer Financial Services, em Chicago, considerou que a Tyson pode ter sido motivada por um mercado externo mais lucrativo. Afinal, não há coincidência de que isso veio justamente após o relatório de resultados deles com comunicados sobre abertura maior de comércio com a China.
A China pode não embargar especificamente a carne produzida nos EUA com resíduos do Zilmax, mas não ter o aditivo na produção, tornaria mais fácil exportar a carne, afirma Smith. O mesmo aconteceria com a Rússia.
Tabela 1: Diferenças entre os beta-agonistas e evolução do peso de carcaça dos bovinos nos EUA ano a ano (em inglês, fonte: UW Extension)
Leia carta da Tyson Foods aos criadores na íntegra:
Carta da Tyson Fresh Meats aos criadores de gado
Como vocês sabem, o bem-estar animal é extremamente importante para nosso negócio. É por isso que queremos expressar nossas contínuas preocupações com o fato de estarmos recebendo gados que estavam incapazes de andar ou mancos em algumas de nossas plantas frigoríficas.
Houve casos recentes de bovinos enviados para processamento que tinham dificuldade para andar ou eram incapazes de se mover. Não sabemos a causa específica desses problemas, mas alguns especialistas em saúde animal sugeriram que o uso do suplemento alimentar Zilmax, também conhecido como zilpaterol, é uma causa possível. Estamos avaliando esses problemas, mas, como uma medida provisória, planejamos suspender nossas compras de animais que tenham recebido Zilmax.
O objetivo dessa carta é informar que dentro de 30 dias – a partir de 6 de setembro – não compraremos mais gados que tenham recebido Zilmax. Essa suspensão permanecerá em efeito até nova ordem.
Não se trata de uma questão de segurança alimentar. É sobre bem-estar animal e garantir o tratamento adequado dos gados dos quais dependemos para operar. Se você tem alguma dúvida, por favor, entre em contado com seu comprador de gado da Tyson Fresh Meats.
John Gerber
Tyson Fresh Meats, Inc.
Comentário BeefPoint: essa mudança, se não for acompanhada pelas outras empresas frigoríficas, irá causar uma perda de competitividade da Tyson, a não ser que continuem a utilizar outros beta-agonistas. Os EUA têm investido pesadamente em tecnologias que aumentam o peso de abate e aumentam eficiência produtiva, devido a redução do rebanho, que encolhe desde a década de 70, altos preços de reposição e de alimentos. Vamos acompanhar o desenrolar desse processo nos EUA, pois o uso de beta-agonistas está próximo de ser liberado no Brasil. Produtores liderados pela Assocon e CNA são favoráveis a liberação do produto, mas frigoríficos não vêem com bons olhos a tecnologia, pois teriam que segregar e rastrear toda a produção exportada a UE (inclusive carne enlatada) e também a carne exportada a Rússia. Ou seja, criaria a necessidade de negociações especiais com produtores que não usam o produto (como acontece nos EUA).
Fonte: Revista Drovers, Jornal Dow Jones Newswires, Comunicado Tyson, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
1 Comment
É preciso esperar mais um pouco para ver se realmente estes produtos estão de verdade ocasionando efeitos colaterais nos animais tendo en vista que até o momento na nossa propriedade realizamos este tipo de aplicação , vamos ver o que o fabricante fala para tomar medidas mais esclarecedoras .