Europeus distorcem estudos de cientista brasileiro

Na ânsia de provar que o Brasil produz carne fora das exigências européias, os produtores do bloco chegaram a distorcer pesquisas do cientista brasileiro Aramis Augusto Pinto, livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP) e professor aposentado da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Jaboticabal., considerado um dos maiores especialistas do mundo em febre aftosa.

“Soube há seis meses que os produtores europeus iam valer-se de um e-mail que enviei ao Congresso Nacional e ao Ministério da Agricultura como argumento a seu pedido de barreiras às carnes bovinas do Brasil”, contou Augusto Pinto, esclarecendo que na correspondência, defende que o Brasil tem controles. “Se erra, é para mais”.

Mas os produtores europeus incluíram na papelada um suposto alerta que os surtos de aftosa que surgem em Mato Grosso do Sul não são divulgados pelo governo. No texto, o professor Aramis teria advertido que o Brasil não aprendera as lições do surto de 2005 e ainda hoje adotaria a política de ´não querer saber´ o que ocorre com o rebanho. À reportagem, o professor negou ter feito tais afirmações.

Além disso, eles apontaram advertências contestadas pelo próprio professor da Unesp – as de que o país corre o risco de sofrer mais um surto de aftosa, uma vez que o governo não consegue controlar a doença e os fazendeiros compram as vacinas para obter o registro, mas não as aplicam. Para eles, o cientista brasileiro duvidaria da capacidade de rastreamento do gado no norte de Mato Grosso do Sul e da criação de um sistema de monitoramento na região. As informações são de Jamil Chade e Denise Chrispim Marin, do jornal O Estado de S.Paulo.