Fechamento 11:45 – 29/05/02
29 de maio de 2002
Atraso na rastreabilidade bovina compromete vendas externas
4 de junho de 2002

Europeus exigem atestado de rastreamento em junho

A partir do dia 30 de junho, o rastreamento dos bovinos será uma exigência do mercado europeu importador de carne. Para cumprir as exigências feitas pelos importadores, a Delegacia Federal de Agricultura no Rio Grande do Sul pretende iniciar, a partir da segunda quinzena deste mês, uma peregrinação por, pelo menos, 50 dos principais municípios do estado. O objetivo é incentivar os pecuaristas gaúchos a aderirem ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov).

Conforme a instrução normativa publicada pelo Mapa no dia 9 de janeiro passado, os criatórios com produção voltada a outros mercados importadores terão de aderir ao Sisbov até dezembro de 2003. As propriedades localizadas em estados livres de febre aftosa ou em processo de declaração devem se integrar ao sistema até o fim de 2005. Nos demais estados, o prazo é dezembro de 2007.

Apesar do prazo exíguo para a exigência entrar em vigor, a reduzida difusão da rastreabilidade não preocupa o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs). Segundo o diretor executivo da entidade, Zilmar Moussalle, os baixos preços pagos hoje pelo mercado europeu estão levando o Estado a manter um volume de exportações considerado baixo, de aproximadamente 600 toneladas por mês, avaliadas em cerca de US$ 2,5 milhões.

“Os nossos dois frigoríficos que exportam para a Europa estão em contato com os fornecedores para o abastecimento de animais rastreados e não vai haver problema de oferta”, garante. O dirigente, entretanto, acredita que, enquanto os preços do mercado europeu não reagirem, os frigoríficos terão de arcar com alguns prejuízos. Moussalle lembra que os animais rastreados são mais caros e o valor adicional não poderá, por enquanto, ser repassado ao preço do produto, o que tornaria inviável os negócios com compradores europeus.

Algumas empresas se adiantaram e já estão implantando a rastreabilidade em propriedades que aderiram de forma espontânea ao sistema, mas ainda aguardam o credenciamento oficial como certificadoras no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A paralisação dos negócios poderia trazer risco de perda de contato com os importadores. Os frigoríficos gaúchos habilitados a vender carne desossada para a Europa são o Mercosul, de Bagé, e o Extremo Sul, de Capão do Leão.

O delegado federal de agricultura no estado, Flávio Vaz Netto, enumera outros benefícios trazidos pela adoção da rastreabilidade, além de atender as exigências européias. “Teremos condições de acesso a outros mercados com maior rapidez e o controle das autoridades quanto à sanidade animal e à segurança alimentar no próprio mercado interno também será facilitado”, entende.

“O Rio Grande do Sul já tem algumas adesões espontâneas devido à conscientização dos produtores, mas está faltando uma postura indutora aos órgãos governamentais”, diz. “É isso que vamos fazer”. Como as empresas que se candidataram a ser certificadoras ainda não têm um caráter oficial perante o Mapa, não existe um levantamento indicando o número de animais que já estão sendo rastreados no Rio Grande do Sul. Vaz Netto afirma que o Mapa realizará um estudo para quantificar este rebanho nos próximos dias.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Caio Cigana), adaptado por Equipe BeefPoint

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