A BM&F e o Mapa realizaram na quinta-feira passada (04/05) o seminário Perpectivas para o Agribusiness em 2006 e 2007, no qual a economista da Tendências Consultoria, Amaryllis Romano apresentou o cenário para a pecuária de corte.
O painel contou com a presença do diretor comercial de carnes da Coimex, Jeremiah O´Callaghan e o consultor da BM&F e presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto, para os debates.
Exportações para fortalecer o setor
Amaryllis procurou reforçar a importância das exportações para o crescimento da demanda por carne bovina. Segundo ela, o consumo per capita de carne bovina no mercado interno estável (sendo considerado bastante elevado), o barateamento e crescimento de outras carnes, renda interna disponível estável e queda da elasticidade-renda (resposta da demanda de determinado produto à uma variação na renda) são fatores que indicam que um aumento da demanda no mercado interno é muito pouco provável.
Além disso, mostrou que existe uma pressão da agricultura sobre as áreas de pastagens para a pecuária de corte, empurrando a produção para o norte do país, e que deve aumentar, principalmente devido às perspectivas de crescimento da agroenergia. O conseqüente aumento da distância em relação aos mercados consumidores justifica mais uma vez a importância das exportações, segundo a palestrante.
Taxa de câmbio
Um fator que tem gerado a crise de rentabilidade foi consenso entre diversos palestrantes durante todo o encontro: a baixa na taxa de câmbio. Segundo Amaryllis, o preço da @ em US$ está em um patamar consistente com a média histórica. O setor não estaria em uma situação tão ruim se não fosse pela atual valorização da moeda brasileira.
Aftosa: Brasil persiste no erro
Durante os debates, Pedro de Camargo criticou enfaticamente as falhas que vêm ocorrendo na vigilância sanitária e perda de credibilidade que o país sofreu no mercado internacional devido ao episódio da febre aftosa este ano e 2005.
Camargo lembrou que as regiões onde surgiram os focos de aftosa no MS ano passado devem ter atenção especial do governo e do setor privado. Segundo ele, a presença de assentamentos, índios e a proximidade da fronteira com o Paraguai reforçam a importância de haver um controle intenso da aftosa. “A região exige política pública”, afirmou.
Perspectivas para exportação
Jeremiah, da Coimex, apresentou nos debates as perspectivas do mercado internacional para a carne bovina. Ressaltou os três principais mercados até agora em 2006: Rússia, UE e Egito.
Para o Egito, existe um otimismo relativo às exportações devido à troca da carne de frango pela carne bovina dos consumidores daquele país, afirmou Jeremiah. No caso da Rússia, a oportunidade está em aproveitar um espaço deixado pela Argentina, que exportou 190 mil toneladas para a Rússia em 2005. Com as restrições impostas pelo governo argentino, neste ano a quantidade deve cair pela metade.
Para a UE, a partir de abril existe um aumento na demanda por cortes nobres, o que, segundo ele, já se refletiu em aumento nas exportações para este mercado em abril. Explicou que existem fortes evidências de uma redução no rebanho bovino do bloco, levado, entre outros fatores pelas recentes alterações na PAC. Diante disso, o debatedor defendeu que o Brasil deve ser paciente nas negociações para melhorar o acesso do produto neste mercado. Isso porque, com o tempo a necessidade da carne sul-americana deve ficar mais patente.
Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint
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Perspectivas em meio a incerteza.
O evento deste ano da BM&F/Mapa parece ter sido o menos animado e claro a respeito do que se esperar do Agribusiness na próxima safra.
Vivemos em meio a uma grande crise, segundo o Ministro da Agricultura, a maior dos últimos 40 anos. Neste momento, essas estatísticas são supérfluas, pois vivemos de mudanças contínuas, e a maioria dos indicadores são extremamente desfavoráveis.
As razões principais, com unanimidade, ficaram entre taxa de câmbio: moeda sobrevalorizada; infra-estrutura: limitada e caduca; e a insegurança no campo: movimentos sociais que geram instabilidade. Enfim, segundo o próprio ministro declarou “fatores incontroláveis e externos ao poder do Ministério”, ou seja, é surfar na onda.
Dentre os painéis setoriais, talvez o único que tenha passado longe do desânimo foi o da cana de açúcar. Em bom momento, tem perspectivas positivas de mais longo prazo, com muitos investimentos em andamento.
No caso da pecuária de corte, voltamos a ouvir as mesmas coisas que já conhecemos de anos passados. Aftosa, aftosa, aftosa. Pode? A exposição do Pedro de Camargo é a mesma que ele já falou tantas vezes, me pergunto, como podemos voltar a ouvir a mesma coisa? A experiência dele no programa de combate a aftosa em SP com o Fundepec demonstrou que o risco pode ser controlado, mas é preciso vacinar 90% do rebanho por alguns anos. Só isso, mas com uma abrangência continental.
As apresentações em geral ofereceram indicações claras que a saída é o mercado externo, pois a demanda mundial está aumentando, e vários países estão reduzindo sua produção ou enfrentando problemas sanitários ou políticos (Argentina por exemplo). É uma tremenda oportunidade, mas temos algumas tarefas inacabadas, o Sisbov, o controle de fronteiras, de novo aftosa, coisas que estamos e vamos ser cada vez mais cobrados. Está nas nossas mãos.
Então, melhor nos prepararmos, pois as projeções de 2006 não parecem mudar muito o cenário atual, a própria bolsa sinaliza neste sentido. Para mudar isso vamos ter de trabalhar.
Donário Lopes de Almeida
Pecuarista RS
Parabéns pela matéria ,Só gostaria de saber um pequeno detalhe que é com relação à Normativa do Sisbov. Será que vamos deixar vencer todos os prazos, só para depois o tão incompetente Ministério da Agricultura brasileiro lembrar que não se pode exportar sem que os animais estejam rastreados com pelo menos 6 meses antes de serem abatidos (será que deu aftosa no comando do Ministério, que ainda não atentou para isso).
Lembrando que não sou pecuarista, mais sim mais um brasileiro que sofre com tamanha incompetência do senhor Roberto Rodrigues. um cara que quando sai para essas festas no interior do Brasil, manda dizer para imprensa que ele dá entrevista mais se ninguém perguntar sobre sem-terras, será que ele não pode falar a verdade com medo de perder o emprego? Ele deveria se espelhar no Pedro Malan, que esta aí, cheio de propostas de grandes bancos do mundo inteiro para trabalhar. Ate quando vai a competência de Rodrigues que não toma nenhuma providencia?
Até quando iremos depender só dos russos para importar o que nos temos. Isso se chama política pobre ou melhor…incompetente.
Eu acho que chega por hoje, afinal o Brasil precisa é de pessoas que trabalhe por ele e não de pessoas que vive dele.