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Excesso de oferta pressiona cotações do milho

Apesar de leve recuperação nos preços, os produtores de milho continuaram tendo prejuízos na lavoura em maio, diante da superioridade dos custos de produção em relação aos preços comercializados da saca de 60 quilos. Segundo a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Santos, mesmo com a pequena alta em relação a abril, os preços continuam muito baixos, em razão do excesso de oferta do produto no mercado.

Apesar de leve recuperação nos preços, os produtores de milho continuaram tendo prejuízos na lavoura em maio, diante da superioridade dos custos de produção em relação aos preços comercializados da saca de 60 quilos. A situação mais crítica foi registrada em Primavera do Leste/MT, onde o valor pago ao agricultor foi de R$ 11, enquanto o Custo Operacional Total (COT), que mede o desembolso da atividade, foi de R$ 17,13 por saca. Os dados estão no boletim Custos e Preços, divulgado mensalmente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O levantamento mensal também apontou que o quadro também é grave em outras regiões produtoras do País. Em Rio Verde/GO, por exemplo, o agricultor teve prejuízo de R$ 3,22 por saca, diferença entre R$ 17,72/saca do COT e R$ 14,50 do valor da saca. A única região pesquisada no boletim com o preço de venda da saca acima do custo foi Passo Fundo/RS. Porém, o lucro foi de apenas R$ 0,49/saca.

Segundo a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Santos, mesmo com a pequena alta em relação a abril, os preços continuam muito baixos, em razão do excesso de oferta do produto no mercado. “A expectativa é de que os leilões do governo que começam nesta semana para escoar a produção ajudem a retirar o estoque armazenado para comercializar um volume maior e ajudar a conter as sucessivas quedas dos preços”, explica Rosemeire. A expectativa é de que sejam retiradas do mercado 15 milhões de toneladas de milho com os leilões.

Em relação à soja, constatou-se lucro em quatro das cinco regiões pesquisadas. Em Rio Verde/GO, por exemplo, o produtor obteve em maio ganho de R$ 8,22/saca, diferença entre R$ 32,62 do preço comercializado e R$ 24,40 do COT. Apesar do ganho na maioria dos municípios, Rosemeire ressalta que o cenário ainda é de alerta, diante do comportamento do dólar e da evolução da safra norte-americana. “Esses fatores podem sinalizar uma possível queda de preço”, explica.

Quanto ao leite, observou-se alta de 12% em relação a março no preço do litro do leite na média de cinco estados (Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná). O custo total ficou estável, mas há tendência de alta com a entressafra.

Rabobank prevê pressão sobre cotações de milho e soja

Em estudo concluído recentemente pelo Rabobank confirma a tendência de boas ofertas globais de ambos os produtos e de relações entre produção e estoques mundiais confortáveis, combinação que normalmente tira sustentação dos preços.

No caso da soja, o Rabobank projeta que a produção global deverá alcançar 253 milhões de toneladas na safra 2010/11 – em fase de plantio no Hemisfério Norte -, apenas 4 milhões abaixo do recorde de 2009/10 (257 milhões). No cenário traçado pela instituição, a demanda deverá crescer 4,1% na comparação, para 245,3 milhões de toneladas, mas ainda abaixo da produção. Assim sendo, os estoques mundiais tendem a recuar.

“Para muitos, os preços da soja até poderiam ter caído mais com as turbulências financeiras e a valorização do dólar, e isso não aconteceu. A demanda da China permaneceu firme e os Estados Unidos exportaram mais, o que ajudou a “segurar” as cotações”, diz Luciano van den Broek, analista do Rabobank no Brasil.

A equação composta pelos fatores “fundamentos” e “dólar” produz resultados semelhantes no mercado de milho em Chicago. O Rabobank prevê que oferta e demanda mundiais deverão continuar “balanceadas” em 2010/11 em torno de 825 milhões de toneladas. Mas, como na soja, a projeção não tem como precisar o fator clima, e é para ele que as atenções estão voltadas no momento no Hemisfério Norte e estarão concentradas no fim do ano no Hemisfério Sul, onde o plantio terá início no terceiro trimestre.

As informações são da CNA e do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.

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