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Exigências nutricionais de bezerros em amamentação

O desenvolvimento de bezerros de corte durante o período de amamentação tem grande importância para a continuidade do crescimento animal após a desmama. O aumento do peso a desmama acima de valores considerados normais sem suplementação é mais importante quando: 1. o objetivo é a venda de bezerros ao desmame e a comercialização é feita na base de peso; 2. nos sistemas em que os animais entram em confinamento logo após a desmama. Poucos estudos foram realizados em relação à exigência nutricional de bezerros em amamentação, tendo sido o foco principal a quantidade de leite ingerido e o desempenho. A determinação de qual nutriente é mais limitante ao ganho de peso nesse período auxiliaria na formulação de suplementos para o manejo de “creep-feeding”.

Loy et al. (2002) avaliaram os efeitos da suplementação energética e protéica sobre a ingestão de leite, ingestão de forragem e o desempenho de bezerros em amamentação sob pasto nativo. O trabalho foi realizado com objetivo de avaliar qual seria o nutriente limitante ao ganho de peso, e as alterações em relação a ingestão de forragem e leite. O experimento foi realizado na Dakota do Norte – EUA, por dois anos consecutivos (1998/1999) durante os meses de julho, agosto e setembro (verão). No primeiro ano foram utilizados 32 animais cruzados Angus, sendo 20 machos e 12 fêmeas com peso médio de 169 kg. As variáveis, sexo e peso dos bezerros, e peso e idade das mães, foram consideradas para avaliação estatística dos resultados. Os tratamentos foram: controle (CO) – sem suplementação; (EN) suplementação energética – 385 g; (PDR) suplementação protéica – 375 g e (PNDR) suplementação protéica “by-pass”” – 375 g. Foram utilizadas rações peletizadas e formuladas para fornecer as mesmas quantidades de energia líquida. Nos suplementos protéicos havia a mesma disponibilidade de proteína degradável no rúmen (PDR). Em relação ao fornecimento de proteína “by-pass”, as quantidades foram de 14, 30 e 143 g para EN, PDR e PNDR, respectivamente. A composição química dos suplementos é apresentada na tabela 1.

Tabela 1. Composição química dos suplementos.

No segundo ano experimental foram utilizados 31 bezerros com peso médio de 214 kg, divididos nos mesmos tratamentos que no ano anterior, mas com fornecimento de 500 gramas por animal por dia.

Avaliação da digesta de forragem ingerida coletada via cânula ruminal, apresentaram valores de 9,8 e 10,5% de proteína bruta (PB) para o primeiro e segundo anos, respectivamente (tabela 2).

Tabela 2. Análise química das digestas coletadas no diferentes períodos experimentais

Os autores observaram que as dietas selecionadas pelos bezerros eram semelhantes a dos animais adultos. A ingestão total foi maior no experimento 2 em relação ao experimento 1, sendo 1,4% PV no primeiro ano, e 1,58% no segundo. Animais suplementados tiveram maiores ingestões totais (P=0,04) comparados com bezerros controle. O consumo de forragem também foi maior para o segundo ano experimental, não havendo diferença entre os tratamentos (tabela 3). Com o fornecimento do suplemento se esperava um menor consumo de forragem para os animais suplementados, o que não foi observado nesse experimento. Em relação à ingestão de leite, também foram maiores os valores (P=0,004) para os animais do segundo ano experimental. A ingestão de leite apresentou declínio linear durante o período experimental, diminuindo as ingestões com o aumento do peso vivo (PV) (tabela 3). Não houve interações tempo x tratamento, nem período x tratamento.

Tabela 3. Ingestão de leite e de forragem nos diferentes períodos experimentais.

Animais suplementados ganharam mais peso que os animais não suplementados, não sendo observadas diferenças entre os tratamentos (tabela 4). O fato de não haver diferença entre os suplementos sugere que a energia foi o nutriente limitante nesse caso. A eficiência de ganho do suplemento (ganho superior relacionado ao suplemento) também não variou entre os tratamentos (tabela 4).

Tabela 4. Desempenho e eficiência de ganho nos diferentes tratamentos.

Por não ter ocorrido diferenças em relação as ingestões de leite e forragens, é provável que a diferença em desempenho observada tenha ocorrido devido à suplementação. A estimativa do balanço de proteína metabolizável, segundo equação de Burroughs et al. (1974), mostra que houve deficiência em todos os tratamentos, sendo menor para PNDRFigura 1. Estimativa do balanço de proteína metabolizável de bezerros suplementados durante amamentação.

Pelas pequenas quantidades de suplementos ingeridos, e a não variação da ingestão de foragem, é pouco provável que tenha ocorrido melhora na eficiência de produção ou no fluxo de proteína microbiana. De acordo com os valores estimados os suplementos diminuíram a deficiência protéica, porém não promoveram aumentos no desempenho, o que reforça a idéia de que a energia foi o nutriente limitante. Outra possibilidade seria a falta de acurácia dessa equação para bezerros.

A suplementação de bezerros durante a amamentação é uma boa ferramenta para aumentar o peso da desmama, porém não promove aumento na ingestão de forragens. De acordo com os autores, a energia é o principal limitante para o ganho de peso de bezerros amamentados sob pastejo, devendo ser o principal nutriente no suplemento desses animais. Essa conclusão é válida para qualidade de forragens similares ao do trabalho relatado.

Referências Bibliográficas:

LOY, T.W.; LARDY, G.P.; BAUER, L.M.; SLANGER, W.D.; CATON, J.S. Effects of supplementation on intake and growth of nursing calves grazing native range in southeastern North Dakota. J. Anim. Sci., v. 80, p. 2717-2725, 2002.

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