Os parceiros da Associação de Criadores de Novilho Precoce de Mato Grosso do Sul precisam de 50 mil bovinos/mês (cerca de cinco milhões de quilos de carne/mês) para atender a demanda de carne das redes de supermercados e restaurantes de São Paulo. A entidade, no entanto, só está tendo condições de atender 10%, ou seja, um volume de cinco mil novilhos por mês.
Como, pelos acordos firmados nas parcerias, é assegurado um preço diferenciado para esses animais na hora do abate (que varia entre 2% e 4%, dependendo do grau de terminação dos animais), trata-se de um excelente mercado, que está sendo desprezado pelos produtores, que não têm sido competentes ou não estão efetivamente atentos para aproveitá-lo.
O presidente da Associação dos Produtores de Novilho Precoce de Mato Grosso do Sul, Antônio José de Oliveira, o Totonho, confirma que a maioria dos pecuaristas sul-matogrossenses ainda não se profissionalizou o suficiente para criar novilhos precoces que tenham condições de ser aproveitados por esse grande mercado.
Ele mostra-se satisfeito, visto que diz que o número de pecuaristas que se associaram à entidade aumentou. “Hoje somos 90 associados, só que, desses, somente 60 estão fornecendo produtos que se enquadram nas exigências de nossos parceiros”, explica.
Conforme ficou estabelecido nas parcerias com o Carrefour, o Grupo Pão de Açúcar (Extra), o Frigorífico Marfrig e a Associação das Churrascarias do Estado de São Paulo, os novilhos precoces a serem fornecidos devem obedecer a metas na conformação e acabamento das carcaças, na idade e no peso. Um número até significativo de produtores, no entanto, não tem se preocupado em adotar providências e cuidados para que essas exigências sejam atendidas. Isso resulta na não-aprovação dos animais no momento do abate.
Conforme explica o presidente da associação, a idade para os animais da raça Nelore é de até 36 meses e, para os animais de cruzamento, até 30 meses. Isso porque o gado europeu troca os dentes antes do que o Nelore. O peso tem que ser de 225 quilos, no mínimo, e o animal precisa ter acabamento de gordura de, no mínimo, três milímetros, além de ser castrado, o que é item obrigatório. “O produtor precisa entender que só vai conseguir uma remuneração melhor pelo seu gado quando tiver animais que atendam as especificações e em número suficiente para cada lote solicitado pelos parceiros”, explica Totonho.
Maior rebanho
Mato Grosso do Sul ainda tem o maior rebanho de corte do Brasil e, por conta dessa realidade, segundo o presidente da entidade, se não está tendo condições de abastecer este amplo mercado colocado à sua disposição, é por que faltam organização e empenho dos produtores.
Um exemplo desse descuido e desorganização é o fato de, atualmente, os frigoríficos trabalharem com aproximadamente 20% de animais que atendem a muitas das exigências desse mercado especial. Mas como o produtor não acompanha a classificação no frigorífico, essa carne acaba indo para o mercado tradicional e o produtor não recebe um tostão a mais pela carne.
Totonho lembra que de cada animal é aproveitado até 40% para cortes especiais. Levando-se em conta o peso de 250 quilos de cada um, seriam 100 quilos por animal. Multiplicado por 50 mil animais, daria um total de cinco milhões de quilos/mês a demanda efetiva de carne para MS.
Fonte: Correio do Estado (por Ronaldo Regis), adaptado por Equipe BeefPoint