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Existe necessidade de inoculantes para silagem de milho?

Tanto no Brasil como na maior parte do mundo a planta de milho é tida como "forrageira padrão" para ensilagem. Isto quer dizer, que o milho é a planta que alia a maioria das características desejáveis para ensilagem, ou seja, quando colhida no estágio de maturidade correto (planta por volta de 30-35% MS), a planta terá açúcares fermentáveis suficientes para que ocorra o processo fermentativo, com o consequente abaixamento do pH da silagem.

Tanto no Brasil como na maior parte do mundo a planta de milho é tida como “forrageira padrão” para ensilagem. Isto quer dizer, que o milho é a planta que alia a maioria das características desejáveis para ensilagem, ou seja, quando colhida no estágio de maturidade correto (planta por volta de 30-35% MS), a planta terá açúcares fermentáveis suficientes para que ocorra o processo fermentativo, com o consequente abaixamento do pH da silagem.

Porém, sempre existe a pergunta: Qual é o melhor aditivo para a ensilagem do milho? E a resposta correta para essa pergunta é: NENHUM. A planta de milho, como já dito anteriormente, alia todos os fatores desejáveis para uma fermentação adequada.

Por outro lado, muitos trabalhos estão sendo desenvolvidos com intuito de se utilizar um aditivo que atue durante o período de pós-abertura de silagens de milho.

Trabalhos publicados em jornais científicos durante os últimos 15 anos avaliaram inoculantes microbianos em silagem de milho. Os inoculantes foram adicionados em taxas entre 1×104 e 1×105 unidades formadoras de colônia (ufc) por grama de forragem úmida. Em todos os estudos, os tratamentos controle ou tratados apresentaram boa fermentação.

A composição de nutrientes (FDN, PB, etc) foi normalmente equivalente entre controle e forragem inoculada. Em apenas um dos 12 experimentos o pH da silagem inoculada foi menor do que o controle. A média de pH dos 12 estudos para silagem controle foi de 3,83 e para silagem inoculada de 3,85.

A concentração de ácido lático foi mensurada em nove experimentos, sendo que em silagens controle foi encontrada média de 4,76% da MS e nas silagens inoculadas a média foi de 4,78% da MS. O ácido lático foi estatisticamente maior nas silagens inoculadas em apenas um experimento. Melhor recuperação de MS foi reportada em cinco estudos, sendo que a média de recuperação de MS foi de 91% para silagens controle ou tratadas.

A estabilidade aeróbica da silagem de milho inoculada (a temperatura em que a silagem começa a demonstrar sinais de deterioração aeróbia) apresenta valores inferiores à da silagem controle. Isto é devido principalmente ao tipo de microrganismo utilizado como inoculante. Inoculantes heteroláticos são utilizados para este propósito, os quais produzem durante a fermentação ácidos fracos, como é o caso do ácido acético. Dessa forma, durante o período de pós abertura esses ácidos impedem o crescimento de fungos filamentosos e leveduras, os principais deterioradores de silagem.

Na Figura 1 pode-se observar que em silagens de milho tratadas com aditivos microbianos o tempo para alcançar a temperatura máxima foi maior para os aditivos T3 e T4, sendo que os mesmo apresentaram menor temperatura máxima.

Figura 1. Tempo para máxima temperatura e temperatura máxima alcançada durante os dez dias de estabilidade aeróbia. (Zoppollato et al., 2009).
(T1: tratamento controle; T2: tratamento com Lactobacillus buchneri, T3: tratamento com Propionibacterium acidipropionici e T4: tratamento com associação de L. buchneri e P. acidipropionici)

O desempenho de animais alimentados com silagem inoculada é muito pequeno. Em um deles não foram encontradas diferenças em produção de leite, composição do leite ou consumo de MS entre vacas tratadas com silagem inoculada ou não (a silagem compreendia 55% da MS alimentar e nenhuma outra forragem foi fornecida).

Três estudos examinaram o efeito de inoculantes em animais em crescimento, sendo que em estudo a silagem de milho inoculada promoveu maior consumo de MS, ganho de peso similar, e menor eficiência de alimentação do que o uso da silagem controle. Nos outros dois estudos não foi encontrada diferença entre silagem de milho inoculada ou não.

A maioria dos trabalhos publicados mostra que a inoculação da silagem de milho tem pouco efeito na fermentação, perdas de MS e no desempenho animal. A inoculação com bactérias heteroláticas pode auxiliar na melhoria da estabilidade aeróbia das silagens, porém este caso, na maioria das vezes, é solucionado com dimensionamento correto de silo e adequado manejo de retirada.

5 Comments

  1. Dalmar Tadeu Pires Rolim disse:

    Prezados Senhores, tenho um coninamento na região de Campo Novo do Parecis, MT, e este ano mudarei o volumoso do mesmo, era cana e usarei silagem de milho, e a dúvida que eu estou é justamente em ralação ao uso do inoculante para silagem, pelo artigo que vi, não é necessário, gostaria de confirmar com voces esta recomendação. Obrigado.

  2. Ronaldo Mendonça dos Santos disse:

    Parabéns pela divulgação! No caso de utilização de volumosos de baixo teor de carboidrato, por exemplo, capim napier há melhora na qualidade quando adicionamos aditivos ou inoculantes?

    Atenciosamente,
    Ronaldo.

  3. Rafael Camargo do Amaral disse:

    Prezado Dalmar Tadeu Pires Rolim,

    Se a condução da cultura, as práticas de ensilagens e o dimensionamento do silo estiverem corretos não é necessário o uso de aditivos para ensilagem do milho.

    Atenciosamente

    Rafael Amaral

  4. Rafael Camargo do Amaral disse:

    Prezado Ronaldo Mendoça dos Santos,

    Na ensilagem de capins tropicais, como você mesmo disse, existe pequena quantidade de carboidratos solúveis, os quais são o substrato para fermentação. Dessa forma, para esse material a funcionalidade de aditivo microbiano é muito baixa.

    Para forragens tropicais, a recomendação é de aditivos que elevem o teor de matéria seca da planta, como por exemplo, a polpa cítrica peletizada, casquinha de soja, etc.

    Atenciosamente

    Rafael Amaral

  5. Erika Amaral disse:

    Porque não é recomendado o uso de inoculantes homofermentativos em detrimento ao uso de inoculante heterofermentativo na silagem de milho e sorgo?