As exportações brasileiras de carne bovina continuarão a crescer neste ano. A previsão é de embarques de 1,1 milhão de toneladas e receita de US$ 1,2 bilhão, o que corresponde a um crescimento de 10%. A estimativa foi feita ontem pelo presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira.
Segundo a CNA, o aumento das exportações ou a manutenção dos volumes atuais depende do câmbio e da imprevisível conjuntura internacional. “No caso de guerra, é impossível prever os danos ao comércio externo e as oscilações do câmbio”, diz a entidade.
Em janeiro deste ano, lembra Nogueira, as exportações já cresceram em relação a igual período de 2002. As exportações de carne bovina in natura cresceram 31,1% e o volume embarcado somou 49,2 mil toneladas em janeiro, o que representa aumento de 63,3%. Ao todo, as exportações de carne bovina cresceram 23,3% acima do resultado obtido no mesmo mês de 2002.
O crescimento de 10% das exportações brasileiras depende, basicamente, do aumento da cota Hilton a que o Brasil tem direito nas vendas para a União Européia (UE). “O governo brasileiro solicitou aumento de sua cota e a UE já deu uma sinalização positiva, mas ainda esperamos uma resposta oficial”, ressaltou Nogueira. Segundo ele, o Brasil solicitou cota adicional de 20 mil toneladas, ante as atuais 5 mil toneladas.
A Argentina tem cota Hilton de 28 mil toneladas e para o biênio 2002/03 (de julho a junho) recebeu da UE cota adicional de 10 mil toneladas. “Acredito que o Brasil deve conseguir, no mínimo, aumento de 10 mil toneladas em sua cota Hilton”, afirmou Nogueira.
As exportações podem crescer para o Chile, que fechou recentemente contratos para venda ao Japão, o que fará os chilenos comprarem da América do Sul.
Apesar da ameaça russa de fixar cotas para importação de carnes por quatro anos a partir de abril, Nogueira aposta em vendas do Brasil para esse mercado.
O resultado das exportações brasileiras de carne bovina em 2003 também depende da abertura do mercado americano para o produto in natura. A CNA estima que os americanos têm uma cota de 60 mil toneladas para a carne in natura destinada a outros países, que não está sendo utilizada. O Brasil pode beneficiar-se dessa cota. Em março, uma missão do Nafta virá ao Brasil para fazer a última vistoria antes da audiência pública que definirá a abertura dos mercados dos países que compõem o bloco ao produto brasileiro.
Fonte: O Estado de São Paulo (por Fabíola Salvador)