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Exportação de boi em pé cresce 30% no 1º semestre

A exportação de gado vivo manteve no primeiro semestre deste ano um ritmo firme de embarques. Em relação ao período de janeiro a junho de 2008, houve crescimento de 30,1% no total de bovinos vendidos ao exterior. A receita alcançou US$ 183,037 milhões, aumento de 26,7%.

A exportação de gado vivo manteve no primeiro semestre deste ano um ritmo firme de embarques. Em relação ao período de janeiro a junho de 2008, houve crescimento de 30,1% no total de bovinos vendidos ao exterior. A receita alcançou US$ 183,037 milhões, aumento de 26,7%.

O Pará concentra as exportações de gado vivo do país. Contribui para isso a proximidade com a Venezuela, o principal comprador, que adquiriu dois terços dos bovinos exportados pelo Brasil na primeira metade do ano. O Líbano apareceu em seguida, com 32% dos negócios. Agora em 2009 também foram fechadas vendas para o Egito.

Principal exportador mundial de carne bovina em volume, o Brasil aparece como o quarto maior vendedor de gado vivo a outros países, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. É superado pelos países que fornecem bovinos para engorda para os Estados Unidos – Canadá e México (primeiro e terceiro do ranking) – e pela Austrália (a segunda), que atende o Sudeste Asiático.

Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira da Indústria Frigorífica), qualifica a exportação de gado vivo como retrocesso, por “não agregar valor” à cadeia produtiva. Salazar diz temer que a prática se espalhe, “num momento em que o rebanho nacional diminui, pela preferência do produtor por outras atividades”.

Segundo Salazar, para se contrapor ao crescimento do embarque de “boi em pé”, a indústria precisa de “novos nichos”, levando ao consumidor produtos cada vez mais elaborados, e não peças inteiras, com pouco processamento.

José Vicente Ferraz, diretor da consultoria AgraFNP, concorda que a exportação do gado vivo pareça um “contrassenso do ponto de vista econômico”, pelo custo mais alto do transporte. “Mas esse mercado existe, e o Brasil o atende”, afirma.

Na disputa pela matéria-prima, Salazar considera crucial a edição da medida provisória que prevê a desoneração de 4,5% da cobrança do PIS/ Cofins para os frigoríficos que atuam no mercado interno. Prometida pelo Ministério da Fazenda, a MP ainda não foi publicada.

O presidente do Fórum da Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Antenor Nogueira, descarta esse risco no momento. “O rebanho se concentrou no Centro-Oeste, longe dos portos. O custo para exportar de lá é muito alto.”

Nogueira atribui a adesão dos paraenses ao embarque de bovinos vivos a um “movimento de mercado”. Segundo a consultoria AgraFNP, os importadores costumam pagar prêmio na faixa de 20% a 30% em relação ao preço local.

A matéria é de Gitânio Fortes, publicada na Folha de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Jorge Humberto Toldo disse:

    Caros colegas,

    Isso é verdadeiramente um grande retrocesso, um absurdo que acontce nesse país, a venda de boi em pé.

    Porém, não culpo os pecuaristas, eles já sacrificados com todos os acontecimentos, custos, baixa remuneração, embargos, Carlos Minc, etc, precisam de outras alternativas para recuperar os prejuízos.

    O problema é a roda viva que isso cria. Enfraquece ainda mais o setor interno, causa desemprego, freia o desenvolvimento da região pela diminuição da oferta de matéria prima, fortalece os concorrentes da carne no cenário internacinal, diminui a arrecadação do país, etc, etc.

    O pior é que ninguém está tomando atitude nenhuma para parar isso, nem pecuaristas, nem frigoríficos, muito menos governo.

    Isso é um retrato fiel do custos Brasil. Chegar ao ponto de alguém atravessar o oceano, carregar um boi vivo que precisa comer e beber por semanas, e ainda se viabilizar o negócio, é realmente o fim do mundo!! Vejam a que ponto chega a oneração do custo Brasil!! Não tem setor produtivo nenhum que resista a isso.

    É preciso fazer alguma coisa para proteger os brasileiros deles mesmos…

  2. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    Caro Jorge Humberto Toldo,

    Veja o senhor o que provoca o desconhecimento do assunto, a pessoa acaba concordando com todos que querem fazer do boi uma reserva de mercado, limitando as opções de venda dos pecuaristas.
    O senhor entendeu tudo errado, aqui no Pará o setor se fortaleceu com a exportação do boi vivo.
    A atividade valorizou o boi, gerou novos empregos(mais de 5.000 nos últimos 3 anos) , fortaleceu a pecuária possibilitando novos investimentos, aprimorou as boas práticas, implantou (pela primeira vez) na região confinamentos cobertos e descobertos.
    Até porque o boi precisa se alimentar durante a viagem, houve incremento na agricultura com a produção de feno e silagens, a indústria de rações cresceu e está se modernizando.
    A internalização de vários milhões de dólares oriundos da exportação fortaleceu o PIB do Estado e enriqueceu a economia dos municípios produtores.
    O estado do Pará apesar de ter dado ao Brasil o honroso título de 4° exportador do mundo ainda sofre com o abate clandestino, a despeito da atividade ser a grande defesa contra o abate ilegal, o que exportamos ainda é menos de 60% dessa atividade criminosa.
    Via de regra não concordo com o sr. Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira da Indústria Frigorífica), que ainda acha que agregar valor é matar o boi e manter o pecuarista escravo de uma única opção de venda para o seu produto, hoje, quando declara “a indústria precisa de “novos nichos”, levando ao consumidor produtos cada vez mais elaborados, e não peças inteiras, com pouco processamento”, sou obrigado a concordar não para fazer frente à exportação de animais vivos e sim para tornar a indústria da carne melhor ofertando ao consumidor um produto melhor.
    Outro engano seu é achar que o boi vivo concorre com a carne, assim como o frango vivo não concorre com o congelado ou o resfriado ou, ainda, com a venda fracionada, o bovino vivo não concorre com a carne congelada ou com outras forma de carne, cada segmento é um nicho de mercado com consumidores próprios.
    Concordo que o brasileiro precisa ser protegido de outros brasileiros que tentam dar opiniões totalmente alienadas sobre assuntos que desconhecem.
    O senhor na sua qualificação diz “Consultoria/extensão – Autônomo – Administrador de Empresas”, espero, sinceramente que a “extensão” não seja rural.
    Por favor, não quero entrar em debate com o senhor por causa de um deslize seu, peço apenas que ao tentar dar opinião sobre assunto que desconhece estude um pouco mais.
    Lembre sempre que o sr. Péricles Salazar é Presidente da ABRAFRIGO (cargo que exerce com muita competência e deve ser respeitado por isso) e prefere que o boi seja vendido para os frigoríficos e, também, entenda que a posição dele “não tem nada de pessoal, são apenas negócios”.
    Quem defende o pecuarista é outro grande nome da área rural brasileira – o Dr. Antenor Nogueira, presidente do Fórum da Pecuária de Corte da CNA.Graças a Deus o setor produtivo brasileiro tem clientes no mundo todo.