Fechamento 12:04 – 04/03/02
4 de março de 2002
Fischler propõe elevar cota Hilton da Argentina
6 de março de 2002

Exportação de carnes dispara no bimestre

As carnes (bovina, suína e de frango) foram os principais destaques da pauta de exportação de produtos agropecuários de fevereiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os embarques de carne bovina in natura cresceram 82% no mês passado, para US$ 60 milhões, enquanto as vendas ao exterior de frango somaram US$ 101 milhões, um acréscimo de 3% sobre mesmo período de 2001.

No bimestre, as exportações de carne bovina in natura atingiram US$ 118 milhões, aumento de 71% sobre o valor de janeiro/fevereiro de 2001, de US$ 69 milhões.

O setor exportador de carnes manteve, nos primeiros dois meses do ano, a mesma agressividade observada ao longo de 2001, quando os frigoríficos brasileiros se beneficiaram dos problemas sanitários (doença da “vaca louca” e febre aftosa) registrados nos rebanhos de concorrentes, como Argentina e países da União Européia (UE). No ano passado, as exportações de carnes (bovina, suína, de peru e frango) cresceram 50% ou US$ 1 bilhão, para US$ 2,87 bilhões.

Mas as previsões para o desempenho da pecuária neste ano não são otimistas. Há pelo menos três impactos negativos esperados na comercialização da carne bovina: a retomada das exportações pela Argentina, a recuperação dos rebanhos europeus, afetados pela doença da vaca louca e as barreiras econômicas impostas, principalmente pelos EUA, à produção nacional.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Edivar Vilela de Queiroz, a Argentina voltará, a partir deste mês, com força no mercado internacional de carnes e deixará o Brasil para trás, “nossas exportações cairão nos próximos três meses, a contar deste mês, em razão da maior competitividade das carnes argentina e uruguaia”. A Argentina está de volta ao mercado de carne depois de quase um ano ausente por causa da proliferação da febre aftosa.

Segundo Queiroz, devido ao excesso de oferta e a queda da demanda interna, a arroba do boi argentino despencou, vale hoje apenas US$ 12, quase U$ 8 abaixo do produto brasileiro, vendida a US$ 19,5. “O preço baixo estimula a exportação”, diz o presidente da Abiec. A desvalorização da moeda argentina também traz maior competitividade para a carne do país vizinho. “No Brasil, além da alta no preço da arroba, o real subiu em relação ao dólar”.

Cota Hilton

O comissário europeu de Agricultura, Franz Fischler, propôs, ontem, aumentar em 10 mil toneladas a quantidade de carne bovina que a Argentina exporta para a União Européia. Segundo a comissão, seria a abertura de uma taxa independente de exportação de 10 mil toneladas de carne de qualidade (cota Hilton), que se somará ao contingente anual de carne argentina de 28 mil toneladas para o período compreendido entre julho de 2002 a 2003.

No entanto, para o diretor da FNP Consultoria e Comércio, José Vicente Ferraz, mesmo com o mercado a favor, os argentinos continuam com dificuldades para exportar. “Os exportadores ainda sofrem com os problemas econômicos vividos pelo País. Está difícil conseguir linhas de crédito para exportação”, diz.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Denis Cardoso), Valor On Line (por Rodrigo Bittar) e Correio do Povo, adaptado por Equipe BeefPoint

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