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Exportação de gado em pé

"Fica a pergunta, importar gado em pé sem taxa é possível, exportar só com taxa? Voltando ao valor agregado, tão badalado pelos frigoríficos, fica outra pergunta no ar, soja, minério de ferro, café e tantos produtos primários que exportamos também serão taxados? É claro que não, o País precisa destes dólares para manter as contas em dia." Artigo de Ronaldo Zechlinski de Oliveira.

Repercutiram no meio rural, de forma bombástica, as pretensões de alguns setores ligados aos frigoríficos de taxar em 30% o gado que é exportado em pé.

Como era de se esperar, os pecuaristas reprovam este contra censo. Alegam os frigoríficos interessados, que falta boi para abate, e seria mais proveitoso exportar a carne manufaturada ao invés de gado vivo que tem menor valor agregado.

Vamos por partes. Na realidade só falta boi para abate nos frigoríficos de São Paulo, porque a cana de açúcar, sendo mais rentável, expulsou a boiada para regiões distantes, como Mato Grosso, Mato Grosso do sul, Goiás e Tocantins.

Como é mais barato transportar o boi morto do que vivo alguns empresários construíram frigoríficos nestas regiões, por consequência falta boi em São Paulo.

Só dois portos exportam gado em pé, Belém no Pará com 95% do volume e Rio Grande como o restante. Basta conhecer o mínimo de geografia para perceber que estas duas praças em nada afetam o mercado do boi de abate em São Paulo.

No nosso caso, entendemos que cada navio boiadeiro que deixa o Porto do Rio Grande com destino aos países do mediterrâneo, em muito, contribui para a geração de emprego e renda na nossa comunidade.

Pecuaristas, caminhoneiros, peões, veterinários, fabricantes de rações, portuários, despachantes, escritórios rurais, todos ganham com esta atividade.

Os frigoríficos alegam que são prejudicados com a exportação de gado vivo, porém no passado importaram gado em pé do Uruguai em volume considerável e derrubaram o preço do mercado interno, levando os produtores ao impasse de ter boi gordo nas invernadas e não ter compradores.

Fica a pergunta, importar gado em pé sem taxa é possível, exportar só com taxa?

Voltando ao valor agregado, tão badalado pelos frigoríficos, fica outra pergunta no ar, soja, minério de ferro, café e tantos produtos primários que exportamos também serão taxados?

É claro que não, o País precisa destes dólares para manter as contas em dia.

A venda de animais jovens faz girar o estoque dentro da propriedade rural com maior rapidez, antecipa receita e aumenta o uso de tecnologia, hoje é comum a suplementação de terneiros destinados a exportação com uso de rações comerciais e subprodutos como casca de soja e farelo de arroz, como consequência temos o aumento da taxa de fertilidade, pois a vaca é liberada mais cedo para uma próxima gestação.

Outra consequência foi melhora do padrão de gado do município, pois o mercado de exportação prefere animais machos e de raças europeias, nos últimos oito remates na Expo Feira do Rio Grande 100% da oferta foi de touros da raça Angus, já é visível quanto esta simples decisão foi benéfica para a qualidade do nosso rebanho.

Também deve ser destacado que em alguns países existe a tradição de importar gado vivo e fazer a engorda e abate segundo costumes locais, caso o Brasil não atenda este mercado, com certeza outro fornecedor vai abocanhar este filão, e a regra é clara “o cliente é o nosso patrão” devemos fornecer o que ele quer comprar, ou seja, gado em pé.

Artigo de Artigo de Ronaldo Zechlinski de Oliveira, pecuarista (Campos da Barra Pecuária) e Admnistrador no RS.

 

3 Comments

  1. Ulrich Kielmann disse:

    É um absurdo taxar um atividade tida como um nicho de mercado, que se não for feita aqui através do nosso país, onde está gerando emprego e renda em uma região do Brasil menos favorecida de investimentos tanto por parte do governo como pela a iniciativa privada, será feita por outro país como por exemplo o Uruguai. Deveriamos sim dar é apoio, pois esta ajudando o Brasil na balança comercial.
    O Brasil tem que parar com este pensamento de favorecer as grandes empresas esquecendo assim as pequenas. Temos que unir forças para que este país possa se tornar uma grande potencia agropecuária.

  2. Murillo R. Fontoura disse:

    Bem explanado Ronaldo, é óbvio que os frigorícos desejam estes animais que estão sendo exportados vivos já que a diminuição de animais em seus currais é sinal de pagamento de funcionários sem trabalho. Mas os frígoríficos já vem “explorando” os pecuaristas a muitos anos, sendo este ultimo esforço para impor a criação de um imposto para a exportação de gado em pé. É absurdo que o governo concorde com uma situação destas já que o pecuarista se encotra preso a apenas um preço, não podendo escolher se vende o gado em pé (isto se mais lucrativo), ou se vendo o gado para os frigoríficos! Oque eles querem fazer é manipular ainda mais o mercado da carne, forçando sempre o pecuarista a cair nas mãos dos frigoríficos.

  3. Antonio Teixeira disse:

    A lei do mercado é soberana: oferta e procura! Se os frigorificos precisam deste gado nada mais justo que pague por ele valor igual ou maior, para atender as suas necessidades de abate!