BNDES tem projeto para facilitar exportações no varejo
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a possibilidade de financiar empresas brasileiras que queiram associar-se a distribuidoras no exterior, de modo a criar canais de distribuição próprios para o produto nacional. Foi o que informou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral. Essa é, na sua avaliação, um novo front para a ampliação das exportações.
É um instrumento que falta, por exemplo, para aumentar as vendas de carne brasileira para a Rússia, um mercado atualmente em expansão. “Os empresários querem vender no varejo porque hoje só podem exportar para o atacado”, disse o ministro. “Foram informados de que precisariam se associar com as empresas distribuidoras de lá”. O mesmo deve acontecer com as vendas de café para a China. Há interesse dos empresários chineses numa associação com empresas brasileiras para distribuir café naquele país.
Na avaliação de Amaral, nos últimos meses as empresas brasileiras mudaram de postura com relação às exportações. “Hoje, as vendas ao exterior não são mais vistas como algo residual”, disse. “As exportações vieram para ficar”. Segundo o ministro, o setor privado vê na exportação uma forma de garantir receita em dólares e, dessa forma, pode se proteger contra as oscilações da moeda. “É uma forma de hedge cambial”, comentou.
Couro acabado
O Brasil quer aumentar em mais de 40% a exportação de couro acabado até 2005. Se a meta for alcançada, a receita vai subir de US$ 2,5 bilhões para US$ 6 bilhões, o que possibilitará a geração de 200 mil postos de trabalho no país. A previsão foi feita no final da semana passada, em Goiânia, pela gerente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), ex-ministra Dorothea Werneck, ao participar de um encontro com pecuaristas, donos de frigoríficos e representantes da indústria de curtume sobre a melhoria da qualidade do couro brasileiro.
Desde 1996, segundo ela, diversas medidas estão sendo tomadas para que a meta de exportação do couro brasileiro seja alcançada. No caso, governo e iniciativa privada estão atuando conjuntamente em duas frentes específicas: mercados interno e externo. “Internamente, estamos adotando um conjunto de ações para melhorar a qualidade do couro brasileiro. Por exemplo, realizando treinamentos das pessoas que lidam com o produto para evitar desperdícios e que o couro apresente furos e estragos. Por causa desses defeitos, o Brasil perde cerca de US$ 500 milhões/ano em exportação. É fundamental, portanto, a melhoria na qualidade do produto. Isso pode ser feito com treinamento e cuidados simples, seja no transporte e manejo do gado até a esfola do couro no frigorífico”, observou.
Segundo ela, essa preocupação é importante porque a concorrência no mercado externo é grande por causa da oferta. Se o Brasil não oferecer um produto de qualidade, não vai conquistar mercado. “Então, é imprescindível a melhoria do couro acabado que será exportado. Esse é o nosso desafio”.
Novos mercados
Abrir novos mercados para o couro acabado brasileiro faz parte da estratégia de ação da frente externa, lembra a ex-ministra. Para tanto, análise desse mercado, participação em feiras e intercâmbio comercial estão sendo adotados. Ela acredita que, com a melhoria da qualidade do couro acabado, a receptividade do produto está garantida. “Com um produto nessas condições vamos aumentar o preço por peça exportada. Mas não será apenas o couro acabado, mas também o couro usado em móveis, calçados, roupas, revestimentos. Ou seja, é uma política que visa agregar valor ao produto e aumentar nossas divisas”, salientou.
A gerente da Apex aposta que a conjugação das duas medidas, ações conjuntas interna e externa, vai possibilitar ao Brasil incrementar suas exportações de couro em mais de 40% nos próximos três anos. Aos produtores e empresas ligados ao setor, em Goiás, ela recomenda troca de informações sobre a exportação do couro. “Essa etapa de conscientização é importante. Não é complicado nem difícil exportar. Mas é fundamental que se ofereça produto com qualidade”, frisou, ao lembrar ainda as ações que a Apex vem tomando conjuntamente com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Associação Brasileira da Indústria da Carne para qualificar mais ainda o produto brasileiro. “Os produtores goianos devem se inteirar dessas ações e partir para a luta”, aconselhou.
Fonte: O Popular/GO (por Antonio Ribeiro dos Santos), adaptado por Equipe BeefPoint