As exportações brasileiras de carnes estão registrando uma importante recuperação no valor agregado e já permitem uma projeção de US$ 1,5 bilhão para este ano. Dados divulgados ontem (08) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que as vendas de carne (bovina, suína e de frango) no mês somaram US$ 418,02 milhões, um valor 14,85% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado. De janeiro a setembro, as exportações de carne bovina totalizam 581,584 mil toneladas, no valor de US$ 1,016 bilhão.
A quantidade comercializada caiu 12,09% na comparação, para 331,27 mil toneladas. No acumulado entre janeiro e setembro de 2003, tanto o valor quanto a quantidade aumentaram pouco mais de 27% sobre a mesma base de 2002.
O resultado, segundo o presidente da Abiec, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, é fruto da busca por novos mercados e do maior beneficiamento da carne, especialmente bovina, “que já sai desossada e maturada do Brasil, pronta para entrar na panela nos outros países”, comentou o executivo, que foi o último ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso.
Ele lembrou que em 1999, quando assumiu o ministério, o País exportava carnes variadas para 44 países. Agora vende para 104 destinos.
Pratini também atribuiu o bom desempenho das exportações de carne bovina em setembro à recuperação dos preços no mercado internacional.
Apesar do bom desempenho, poderia ser ainda melhor se os subsídios dos países desenvolvidos fossem menor, acredita o presidente da Abiec, que acusou especificamente a União Européia, que aumentou os subsídios às exportações de carne para o Egito em outubro por conta do Ramada, período em que os muçulmanos consomem mais carnes.
“Antes, os produtores europeus recebiam ? 1.720 por tonelada em subsídios pela venda do traseiro do boi e ? 945 pela tonelada de dianteiro. A partir do último dia 6, os valores aumentaram significativamente. A União Européia vai dar ? 2.050 por tonelada de traseiro (aumento de 19%) e ? 1.230 pela venda do dianteiro (mais 30%)”, afirmou. Ele quer que o Brasil questione esses subsídios na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O presidente da Abiec lembrou que o Brasil exporta, em média, entre cinco e sete mil toneladas de carne bovina por mês para o Egito, vendas que geram uma receita entre US$ 7 e 10 milhões mensais. Os subsídios concedidos pela União Européia aos fazendeiros europeus devem provocar uma queda substancial nos preços de mercado e o Brasil, certamente, perderá receita.
“Esse artificialismo é provocado pelos subsídios. O subsídio concedido é maior que o preço de exportação do Brasil”, destacou.
Fonte: Valor On Line (por Rodrigo Bittar) e Gazeta Mercantil (por Riomar Trindade), adaptado por Equipe BeefPoint