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Exportações da América do Sul terão queda de 6,7%neste ano, prevê Cepal

O fluxo comercial de bens no mundo fechará o ano no menor nível desde a crise financeira de 2008, pressionado pela desaceleração da atividade global em meio à escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, aponta a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) em seu informe anual.

A entidade ainda destaca a repercussão do impasse comercial sobre os preços das commodities, que recuaram diante do menor dinamismo global.

Nesse contexto, a América do Sul deverá apresentar um desempenho bem pior do que as demais regiões analisadas, com queda de 6,7% nos embarques. América Central, Caribe e México deverão ter altas de 2,6%, 3,7% e 2,8%, respectivamente. No agregado, haverá queda de 2,0% nas exportações da América Latina e Caribe, prevê a Cepal.

As importações da América do Sul, por sua vez, deverão cair 6,9% neste ano, quanto as da América Latina cederiam 3%, afirma o relatório.

O desempenho enfraquecido das exportações sul-americanas, diz a Cepal, é um dos motivos pelos quais a região tem projeção modesta de expansão de Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 0,2%.

Para o encarregado de assuntos econômicos na divisão de comércio internacional e integração da Cepal, Sebastián Herreros, o que explica essa queda mais acentuada na América do Sul é o fato de esses países dependerem mais de exportações de matéria primas, que têm como principal destino a China.

A demanda chinesa vem diminuindo frente às tensões comerciais com os EUA, que estão desacelerando sua economia.

“Além disso, o preço da maior parte desses produtos primários – como açúcar, soja, banana, carvão, petróleo, cacau – tiveram queda. Os únicos que escapam a esse padrão são ouro, carne de vaca e minério de ferro, que beneficia o Brasil. São os únicos 3 produtos que tiveram aumento neste ano”, diz Herreros.

A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, também lembra que “a região é muito dependente das exportações de produtos básicos e tem infraestrutura deficiente” e propõe uma maior integração comercial entre os países sul-americanos como alternativa à desaceleração global.

“A região tem que repensar seu papel no comércio mundial de bens. Temos um padrão exportador obsoleto, que deve se adequar aos desafios tecnológicos, logísticos e de sustentabilidade. É uma região que não aumenta sua inovação”, ressalta.

“Temos que repensar o comércio intrarregional. Sei que há muitas disputas na América do Sul, mas também há grandes oportunidades”, diz Bárcena.

Ainda segundo a secretária-geral da Cepal, “a demanda global de bens primários e intermediários está pressionada, não só pela disputa comercial entre as potências econômicas – que influencia as cadeias produtivas em nível global –, mas também por um processo de substituição cada vez maior das importações pela China”.

“A China está transformando sua estrutura industrial de tal forma a substituir importações e, assim, passa a produzir bens intermediários”, explica Bárcena. “Verificamos uma desaceleração do investimento estrangeiro direto, que ocorre em linha com queda nos volumes de produção.”

Herreros ainda destaca outro problema: “As exportações da América Latina para o mundo devem cair 2,1%, mas as que têm como destino países da região cairão 10%. E isso é terrível porque trata-se do comércio de bens de maior valor agregado, como manufaturas, importante para as pequenas e médias empresas”.

No ano que vem, afirma Herreros, o crescimento das economias regionais não deverá ser muito maior do que em 2019, o que exige acordos para frear a escalada da guerra comercial.

O cenário de queda da corrente comercial também conta com influência de novas tecnologias, constata a Cepal.

Fonte: Valor Econômico.

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