As exportações de carne bovina da Argentina atingiram em junho passado seu nível mais alto desde 1995 e, desta forma, na primeira metade do ano, as vendas ao exterior mostraram um aumento de 34% em volume e 32% em valor, em comparação com o primeiro semestre de 2003, de acordo com o Argentine Beef Consortium (ABC).
No entanto, o consórcio que engloba os grandes frigoríficos exportadores da Argentina, advertiu que para consolidar esta tendência é necessário melhorar a situação sanitária e aumentar a produção pecuária.
“No primeiro semestre de 2004 as exportações de carne bovina foram equivalentes a 260 mil toneladas peso rês por US$ 412 milhões que, com os miúdos de origem bovina, somam US$ 451,9 milhões”, informou a entidade. Este valor se aproxima do exportado em 1995, “recorde para a década de 90, quando se faturou um valor superior a US$ 1 bilhão”.
O crescimento nos embarques foi acompanhado por um aumento de 20% na produção total de carnes, que alcançou 1,41 milhão de toneladas de equivalente carcaça, com relação ao primeiro semestre de 2003, e uma recuperação do consumo interno que ficou em 63 quilos por habitante por ano.
O ABC explica o crescimento das exportações pelo aumento da demanda da União Européia (UE) que “esgotou seus estoques de intervenção”, pela revalorização do euro frente ao dólar, que barateou as importações, e pela abertura de novas oportunidades ante “as barreiras impostas por vários mercados contra o Canadá e os Estados Unidos” por causa de seus casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Além disso, houve a necessidade da Rússia de “optar por fornecedores não tradicionais, de forma que, em junho passado, as vendas a esse país se duplicaram em valor, ficando abaixo das destinadas ao mercado comunitário, mas ultrapassaram as de Israel”. Outro motivo foi a firmeza do mercado dos EUA, comprador de carnes cozidas da Argentina, segundo indicou o presidente do ABC, Carlos Oliva Funes.
Quanto à melhora do mercado doméstico, justifica-se pelo bom ritmo da atividade, pela melhora da situação econômica e pela estabilidade de preços da carne bovina após a queda registrada em 2002.
No entanto, a associação adverte que a existência de restrições sanitárias como conseqüência do status da Argentina com relação à febre aftosa reduz significantemente a potencialidade de receita que este item poderia significar para as exportações argentinas. Com relação a isso, o ABC cita o caso das exportações de miúdos, “única categoria com tendência descendente desde março passado, como conseqüência das restrições de Hong Kong”. Isso porque a vigência da febre aftosa mantém as vendas de miúdos limitadas a um escasso número de mercados de baixo poder aquisitivo e refletem claramente um dos aspectos que mais poderia melhorar se a situação sanitária da Argentina se revertesse.
O ABC informou que, em junho de 2004, o abate de bovinos superou o recorde registrado há três meses e que, no primeiro semestre, foram abatidos 6,8 milhões de bovinos, 18% a mais do que no mesmo período de 2003. “No entanto, um aspecto preocupante dessa evolução é a progressiva redução da oferta de novilhos dentro da produção total, enquanto cresce a participação de fêmeas e animais jovens, o que deve ser interpretado como um processo de liquidação dos estoques de gado. Essa evolução conspirará contra as possibilidades de expansão futura de nossa pecuária, podendo impor restrições ao aumento potencial que se perfila na atividade”.
Fonte: La Capital, adaptado por Equipe BeefPoint